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segunda-feira, 7 de março de 2011

Aconteceu...Há afogados que não descobrem bóias que estão perto, só olham para longe.

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Francisca parou, demorou uns largos segundos a reagir, e depois sorriu-nos.
Estava lenta, faltavam-lhe as palavras no discurso, tanto o tempo de silêncio. Depois foi acordando e horas mais tarde falava como sempre a conhecemos.
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Estar sozinha custa mas foi a sua opção. Quase por obrigação. Ficar com quem?
Tem muita gente próxima, mas são todos distantes uns dos outros. Cada um na sua, uns zangados, outros oportunistas seguem o lema do aproveita o que pode e segue.
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Sobra a Maria que está mais presente e é a que se preocupa mais. Mas juntas fazem faísca.
O que faz com que ela não conte com essa, vê-a até só com um olho, quero dizer, só vê as partes negativas. E porque é um bocado instável, di-lo a quem aparece. Cria um péssimo clima.
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Há um que nunca telefona nem aparece. Esse é o óptimo!
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Quem dizia "Plus je connais les hommes, plus j'aime les chiens"?

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Aconteceu...Quanto vale uma pessoa? E até quando?

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O avanço científico e tecnológico é uma coisa espantosa!
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Os avanços da medicina conseguiram que a mortalidade infantil seja cada vez menor e a esperança média de vida aumente em todos os países ditos desenvolvidos.
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E as relações humanas, como estarão a progredir?
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Impressionamo-nos todos muito com a senhora que esteve nove anos morta dentro de casa com o seu amigo cão, que morreu junto dela? Há razões para isso!
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E que pensarmos daquele homem que, num open space com outros 23 funcionários, morreu no posto de trabalho e esteve cinco (5!) dias ali parado...porque morto?
"...Ninguém notou até ao sábado seguinte pela manhã, quando um funcionário da limpeza o questionou, porque ainda estava a trabalhar no fim de semana".
Veja-se o que a chefia disse: "O George era sempre o primeiro a chegar todos os dias e o último a sair no final do expediente, ninguém achou estranho que ele estivesse na mesma posição o tempo todo e não dissesse nada. Ele estava sempre envolvido no seu trabalho e fazia-o muito sozinho". (N.Y. - EUA)
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Será mesmo este o mundo que queremos?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Aconteceu...que às vezes não olhamos à nossa roda

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Nem sempre podemos estar atentos ao que se passa à nossa roda. Por vezes estamos tão centrados em nós que não nos damos conta dos outros.
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Aqui há uns anos, mais precisamente em 2004, um colega meu estava a preparar-se para o exame final. Fechou-se dentro de casa e ali esteve a escrever e a estudar durante o curto período que para isso dispôs. Quando voltou ao serviço, e aqui faço abro um parêntesis só para dizer que, no nosso trabalho e por via das conversas com as crianças precisamos de conhecer o mundo que lhes interessa e fecho parêntesis, todas as crianças que ele atendeu nesse dia lhe falaram em morte e futebol. Se bem se recordam, morreu em campo durante um jogo que estava a ser transmitido pela televisão, Miki Feher. Como é óbvio, muitas crianças ficaram impressionadas. O médico, saído da redoma em que tinha estado, é que não sabia.
Lembro-me dele bater à minha porta para ver se eu percebia o que se estava a passar com tanta criança a falar em morte no mesmo dia. Ainda nos rimos os dois deste período de isolamento completo que ele tinha vivido.
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Vem isto a propósito dos movimentos de revolta com tumultos que estão a acontecer em Moçambique.
Ouvi na rádio duas entrevistas, a primeira a um senhor que vive lá há 55 anos e que disse estar completamente admirado, não esperava nada, não percebia a razão.
O segundo, o escritor Mia Couto, disse quase exactamente o contrário. Que era previsível, que se sentia um mal estar com o aumento de preços e o agravamento da situação de vida de muitos moçambicanos.
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Uns numa redoma, outros a céu aberto?
Ou parafraseando Pirandello, "À chacun sa vérité"!