quinta-feira, 26 de março de 2020


12º dia de isolamento social (COVID-19)
Agora diz-se confinamento mas eu vou continuar como comecei.


1. O Carlos caiu e fez um enorme hematoma numa perna. Acabou por rebentar ficando uma ferida muito feia. Foi levado de ambulância e ficou internado num hospital distrital a 81 Km de distância da terra onde vive. 
É um herói com um transplante cardíaco já há bastantes anos, por isso tem de tomar anticoagulantes. É diabético também.

Será concebível que um hospital não tenha insulina nem anticoagulantes para um doente internado? Custa a crer! E que não encomendam? Se assim se mantiver esta situação, isto é escandaloso!

2. A forma como foi resolvido a falta para hoje é um exemplo da rede comunitária solidária que tem de existir e ainda mais nestas situações de pandemia com as limitações que isso implica.
O Carlos tinha insulina e os comprimidos  do anticoagulante em casa. As filhas estão longe. Soube que uma enfermeira desse hospital vive na mesma vila que ele. Só que iria entrar no turno da noite e os medicamentos eram precisos  para ontem como se costuma dizer. 
Como funcionou a rede? Uma pessoa foi a casa dele depois de ter acesso à chave, e pelo telemóvel foi recebendo indicações onde estavam os medicamentos e algumas coisas básicas para quem está internado. A enfermeira não ia mas, coincidência, tem um pai bombeiro que teve de transporte de um doente na ambulância àquele hospital.  
Assim chegou o embrulho.

Se esta situação se mantiver, com o doente a ter de arranjar medicação básica, digo o nome do hospital. Estamos em Portugal e temos um Serviço Nacional de Saúde onde me orgulho de ter sido médica durante 40 anos e onde isto não acontecia.