quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Poema - José Jorge Letria

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QUANDO EU FOR PEQUENO
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Quando eu for pequeno, mãe,
Quero ouvir de novo a tua voz
Na campânula de sons dos meus dias
Inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
Com a certeza dócil de que só o empedrado
E o cansaço da subida
Me entregarão ao sossego do sono.
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Quando eu for pequeno, mãe,
Os teus olhos voltarão a ver
Nem que seja o fio do destino
Desenhado por uma estrela cadente
No cetim azul das tardes
Sobre a baía dos veleiros imaginados.
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Quando eu for pequeno, mãe,
Nenhum de nós falará da morte,
A não ser confirmarmos
Que ela só vem quando a chamamos
E que os animais fazem um círculo
Para sabermos de antemão que vai chegar.

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