quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Poema - Nuno Júdice

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SOBRE O POEMA
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As palavras caem, como a estrela
cadente que vi uma destas noites, e
desenhou uma linha nítida no meio
dos astros que não deram por ela.
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É possível que os versos sejam
como essa estrela cadente, e ninguém
repare na sua linha exacta, quando
olha para as imagens do poema.
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Mas há palavras que caem
no meio dessas imagens, e antes
que desapareçam deixam o sulco
de uma ferida que não cicatriza.
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Molho a caneta na tinta dessa
ferida, e vejo a palavra secar
no papel, como o brilho da estrela
cadente que se apaga no céu.

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