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O POEMA NÃO
quero as palavras pequenas como feijões
que não me dêem problemas como os feijões
as palavras mescladas com carne que me dão a sabedoria de quem
[não está para pensar
os grandes temas fazem-me comichão e ardem-me demais
já os visitei muitas vezes
tantas que não estão em casa
o amor não está em casa
a vida não está em casa
a condição humana não está em casa
a violência
a beleza
a tristeza
as raças
as distâncias
a injustiça não estão em casa
ninguém está em casa por isso não gloso a erudição mas gozo o
[poema não
o não poema
o que não diz
o que nada
o poema nada
este é o poema nada
é o que existe na vez do branco
o que existe para matar a árvore
a literatura morta
lenta
inválida
sensaborona
flácida
talvez assim entendam
talvez assim o queiram
não perco em tentar
se serve tanta gente porque não há-de servir
vou só antes de terminar escrever umas palavras à sorte
[com um truquezinho estilístico
pelo sim pelo não
e fica o trabalho feito
a pata do pombo trepa o farol
é isto
que bem que corre
soa tão bem e diz tão nada
olha de novo
o lento do corvo imiscuí-se na negrura dos tempos
é soturno bom para quem gostar
soa bem
música de elevador
só mais uma para acabar
o tentáculo do céu acalma o horizonte
espera
não
este é bom
é melhor guardar para um poema poema
um poema mesmo
trocando por miúdos um poema
esquece aquele
substituo por
o autocarro sozinho na penumbra
olha que bem
mesmo à medida do que não diz nada mas que ao mesmo tempo é
[tudo
muito bem
bem bonito
estou mais velho
mais feio
mais estúpido
e tu também
o Peloponeso pinta-me o pénis Laurinda
quero as palavras pequenas como feijões
que não me dêem problemas como os feijões
as palavras mescladas com carne que me dão a sabedoria de quem
[não está para pensar
os grandes temas fazem-me comichão e ardem-me demais
já os visitei muitas vezes
tantas que não estão em casa
o amor não está em casa
a vida não está em casa
a condição humana não está em casa
a violência
a beleza
a tristeza
as raças
as distâncias
a injustiça não estão em casa
ninguém está em casa por isso não gloso a erudição mas gozo o
[poema não
o não poema
o que não diz
o que nada
o poema nada
este é o poema nada
é o que existe na vez do branco
o que existe para matar a árvore
a literatura morta
lenta
inválida
sensaborona
flácida
talvez assim entendam
talvez assim o queiram
não perco em tentar
se serve tanta gente porque não há-de servir
vou só antes de terminar escrever umas palavras à sorte
[com um truquezinho estilístico
pelo sim pelo não
e fica o trabalho feito
a pata do pombo trepa o farol
é isto
que bem que corre
soa tão bem e diz tão nada
olha de novo
o lento do corvo imiscuí-se na negrura dos tempos
é soturno bom para quem gostar
soa bem
música de elevador
só mais uma para acabar
o tentáculo do céu acalma o horizonte
espera
não
este é bom
é melhor guardar para um poema poema
um poema mesmo
trocando por miúdos um poema
esquece aquele
substituo por
o autocarro sozinho na penumbra
olha que bem
mesmo à medida do que não diz nada mas que ao mesmo tempo é
[tudo
muito bem
bem bonito
estou mais velho
mais feio
mais estúpido
e tu também
o Peloponeso pinta-me o pénis Laurinda
Grande poema.
ResponderEliminarGrande mensagem.
Aleluia que alguém percebe que as prateleiras das nossas livrarias andam atulhadas de escrita “lenta /inválida / sensaborona /flácida”.
Como o próprio e verdadeiro poeta diz “literatura morta”.
http://www.youtube.com/watch?v=apXzDueA0oc