sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Aconteceu...que é muito bom tirar prazer da vida!

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Ouvimos frequentemente falar de pessoas sempre insatisfeitas, que nunca tiram prazer de nada, sejam coisas simples, coisas especialmente raras, preparadas para despertar prazer, seja o que fôr, o resultado é nada. Há muitos factores para que isso aconteça.
Pode ser sinal de "depressão", ok, mas é sobretudo uma coisa muito chata, porque por mais que se tenha, nunca se está satisfeito. Aliás, aquele ditado que "a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha" é bem elucidativo disso embora seja frequentemente ligado à inveja. Pois, mas também é verdade que estas pessoas nunca tiram partido do que têm, sonhando sempre com o que está longe. Dito de forma simples, têm uma bóia ao pé mas não a vêem, só procuram ao largo desprezando o que está perto.
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Também há pessoas que destroem tudo o que têm à mão ou à sua volta. Hoje ao passear-me por uma terra algarvia, de uma casa a 200 metros da praia saía uma gritaria de voz de homem que dizia mais ou menos isto "praia, praia, praia, é de manhã, é de tarde, e ainda sais à noite, ou me engano muito ou vais dar em puta". Estes vozeirão saía de uma casa que tinha o letreiro "aluga-se para férias". Ricas férias, se esta berraria é sempre assim!
Fiquei a pensar de quem e para quem seria aquilo, de pai para filha/o adolescente? marido para mulher? haveria outras pessoas dentro de casa? crianças a assistir a isto?
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O Pedro tem 4 anos e foi ver um filme do Shrek. Desde esse dia passou a dizer, volta não volta "chiça-penico". Viu uma vez o filme mas apanhou logo aquilo. Quem é criado num caldo de gritos, palavrões, como ficará? Não, não vou falar de imitação, identificação ou alterações hormonais precoces! Não, vou ficar por aqui!
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Estou de fim-de-semana, tive ontem um óptimo fim de tarde, com um lindíssimo pôr-do-sol, hoje uma hora deliciosa de piscina, umas amêijoas de gritos, e deu-me para vir aqui falar nos que não conseguem ter prazer! Ora bolas!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Poema - Manuel de Freitas

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SUB ROSA
................................Para o Herberto Helder
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Não somos os últimos, pois se
há coisa que o mundo sempre fez bem
foi acabar. De novo e sempre acabar
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Mas já não trabalhamos com ouro
e temos um certo pudor tardio
em falar de deus, do amor ou até do corpo.
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As metáforas arrefecem, talvez contrariadas.
São casas devolutas, mães risonhas
ou sombrias cujo grito deixámos de escutar.
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Do lixo, porém, temos um vasto
e inútil conhecimento. Possa
ele servir de rosa triste aos
que não cantam sequer, por delicadeza.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aconteceu...carta a uma amiga "mãe" e educadora de dois gatinhos

Cara amiga,
Desculpa estar-me a rir, tu dormiste mal e dizes que tens a casa quase toda "destruída"...
Os teus dois gatos estiveram agora quase um mês fora da tua casa e fora da tua companhia.
Regressados, talvez tenham estranhado, ou se calhar de tão contentes, estão excitados e cheios de vida. Estão a reconhecer o território. Os gatos são curiosos como sabes. Os teus são gatos novos, nem seis meses têm.

Feitas as contas pelas tabelas correspondem a crianças de 2 anos, idade de autonomia motora, e muita aventura, para alguns sem cálculo de perigo.

Sabes, fizeste-me pensar naquelas mães que vêm-se queixar dos filhos e pedir um remédiozito para os acalmar.
E quando eu tento perceber se houve alguma alteração recente na vida deles, dizem que não, tudo igual. A consulta continua e a certa altura falam do marido que ficou desempregado há 15 dias, preocupado e deprimido passa metade do tempo na cama, da mudança de escola com novos colegas e professora que vai ser já daqui a uns dias, da avó que por rotatividade entre os filhos, agora lhes calhou a eles e... tinham-me dito que nada tinha mudado na vida familiar onde a criança está inserida. Ninguém me queria enganar, eles é que não tinham valorizado esses eventuais factores de stress.

No caso dos teus gatos, também eles tiveram mudanças. Conhecem-te, à tua casa, os seus cheiros, mas esqueceram algumas regras.
Com as férias lá no teu paraíso, também tu estás desabituada deles.
Todos os gatos de noite fazem caçadas, sobem paredes, saltam. Eu já me habituei com o meu e durmo que nem uma justa.

Talvez tenhas de lhes "lembrar" o que não podem subir, esgadanhar. Há quem os treine com uma esguichadela de água no focinho na altura certa, (técnica de condicionamento) ou pôr daquele papel que cola dos 2 lados nos sítios que consideras proibidos. A pouco e pouco vão aprender.

Também as crianças que precisam de afecto, precisam de organização, conhecer os limites, ouvir dizer um não. E de coerência. Só que com elas, o aprender deve ser na base da relação, do prazer de se sentir amado e de poder agradar também ao outro.

Quanto à valeriana que falaste, ah, ah, olha, toma-a tu...

Não te esqueças, de pequenino se torce o pepino...e o destino muitas vezes.
Um beijo e bom trabalho!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

domingo, 22 de agosto de 2010

Poema - Adília Lopes

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OUT OF THE PAST
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A minha vida
foi um mau sonho
mas agora é minha
eu sou eu

sábado, 21 de agosto de 2010

Aconteceu...que é feito da relação médico-doente numa consulta on line?

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A arte médica está muito diferente do que era quando eu aprendi. Para além da relação que se estabelecia com os doentes, eram as queixas (sintomas) e a observação directa do doente que muitas vezes dava a "chave" da doença.
Aprendi a olhar a pele, a palpar, a percutir para obter sons, a cheirar que o hálito dava algumas indicações, etc.
Nas grávidas usava-se uma espécie de funil sem bico, achatado e que se apoiava na barriga da paciente, e, onde a partir das 18-20semanas se conseguia ouvir o leve bater de coração do bebé.
Tínhamos análises clínicas, radiografias, EEG, ECG, e alguns outros exames. Mas eram poucos e não estavam disponíveis em todos os hospitais do país, pelo que só se pediam mesmo se necessários.
Felizmente a técnica foi evoluindo, e aparecendo outros exames, TACs, ECOs, Ressonâncias magnéticas, análises específicas.

E o que aconteceu? Com frequência, os exames tomaram o lugar da observação directa. Perante os sintomas pedem-se os exames, alguns caríssimos.
Muitas vezes inúteis mas algumas vezes úteis. É hoje possível, sem dúvida, descobrir certos tipos de doenças e agir com maior rapidez. Estava a pensar nos tumores, por exemplo.

Mas esta conversa veio-me à cabeça porque li que abriu ou vai abrir um site português para consultas on line, dizem os promotores que serve para se obter uma 2ª opinião.
Enviam-se os exames scanados, os sintomas e obtém-se uma resposta. Não fala em vídeo conferência, em que as pessoas se podiam ver e ser vistas. Fala-se em páginas electrónicas.

E isto é a anulação de uma parte fundamental da consulta, o estabelecimento de uma relação privilegiada entre um doente e o seu médico.
Também lá está a especialidade de pedopsiquiatria, em que a relação da criança com a família é de primordial importância para compreender e intervir.

Há qualquer coisa que não me parece bem!