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terça-feira, 14 de junho de 2011

Aconteceu...Inês, um dois três, ou as semelhanças iludem

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Outro dia, outro local e ouço a mesma frase, Inês, um dois três!
Estava numa piscina e vejo uma miúda de uns 7 ou 8 anos dentro de água, as braçadeiras poisadas na borda e uma mãe a mandá-la sair. A Inês não ligou patavina à mãe, mantendo-se na sua.
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Não sei se a minha escrita consegue descrever a cena. A Inês não sabia nadar. Deixava-se ir ao fundo e dava impulsão com as pernas, vinha à superfície e repetia a ginástica. "Nadava" assim aos saltos de canguru. Só que cada vez se afastava mais da borda e assim ia ficando cada vez com menos pé. A cabeça vinha ao de cima mas já não completamente. Ora se aproximava da borda ora se afastava e perdia mais o pé, de forma perfeitamente aleatória. A continuar assim, tinha grandes riscos de se afogar.
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A mãe chamava-a, ela não obedecia. Até que a mãe agarrá-a por um braço, e zanga-se por ela ter tirado as braçadeiras. Ela teima que é assim que quer. Um braço de ferro instala-se entre as duas, a mãe obriga-a a sair da água, tentando puxá-la para fora. Nessa altura e percebendo que está a perder o round a Inês afirma que quer pôr as braçadeiras. Nessa altura a mãe foi firme, retirou-a da água. De castigo a Inês foi para casa e acabou dessa forma o dia de piscina.
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Imagino que este tipo de "guerra" da Inês com a mãe e eventualmente com outras pessoas é frequente. Nesta idade e fase do desenvolvimento, estamos perante uma situação mais complicada que a da criança de 2 anos. Estruturou-se um modo de funcionamento em que a criança não aceita a sua insuficiência infantil, não reconhece uma escala geracional, os pais como coordenadores dos filhos, os pais que sabem mais. Esta situação pode-se repetir na escola, com os professores e noutros meios. Mas muitas vezes é mais marcado na família nuclear. .
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E novamente reparo, Inês rima mesmo com um dois três.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Aconteceu...tanta electrónica, bolas!

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Apesar da crise, li que os pagamentos feitos com os cartões de plástico mantêm valores altos.
As lojas parecem bastante vazias, mas os terminais não se devem enganar.
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Vejo crianças com brinquedos caríssimos, em famílias que certamente têm dificuldades. A sociedade de consumo e os sentimentos de inferioridade "obrigam" a estas "necessidades".
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Está a haver uma dificuldade de se criar brinquedos com as coisas simples que nos rodeiam. Estão desprezados face aos electrónicos. Mas não haverá lugar para todos?
As caricas que faziam de automóveis, e competiam em pistas feitas na terra, as bonecas feitas de trapos que eram tratadas com tanto desvelo como a mais sofisticada Barbie, as espadas feitas de bocados de madeira, caixinhas, molas de roupa, restos de objectos transformados e com os quais um mundo de fantasia era criado, e tantas outras coisas, não preenchiam e divertiam tanto?
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Em certas famílias parece haver uma diminuição do relacionamento e da criatividade. Os jogos que uniam e divertiam as famílias, juntando várias gerações, parecem estar esquecidos. Muitas famílias brincam pouco ou nada com os filhos, as conversas deixam de se fazer, algumas passam os serões e os fins-de-semana agarrados à televisão, e última das minhas descobertas, famílias em que há um computador por pessoa e que estando na mesma casa falam entre si por Messenger!
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Era bom que neste Natal, as famílias pudessem inventar com os filhos qualquer coisa que os junte sem máquinas, descobrir dentro de cada um e em conjunto as potencialidades escondidas, hoje tapadas pela tecnologia.
Gastava-se menos e seria muito melhor para todos!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aconteceu...carta a uma amiga "mãe" e educadora de dois gatinhos

Cara amiga,
Desculpa estar-me a rir, tu dormiste mal e dizes que tens a casa quase toda "destruída"...
Os teus dois gatos estiveram agora quase um mês fora da tua casa e fora da tua companhia.
Regressados, talvez tenham estranhado, ou se calhar de tão contentes, estão excitados e cheios de vida. Estão a reconhecer o território. Os gatos são curiosos como sabes. Os teus são gatos novos, nem seis meses têm.

Feitas as contas pelas tabelas correspondem a crianças de 2 anos, idade de autonomia motora, e muita aventura, para alguns sem cálculo de perigo.

Sabes, fizeste-me pensar naquelas mães que vêm-se queixar dos filhos e pedir um remédiozito para os acalmar.
E quando eu tento perceber se houve alguma alteração recente na vida deles, dizem que não, tudo igual. A consulta continua e a certa altura falam do marido que ficou desempregado há 15 dias, preocupado e deprimido passa metade do tempo na cama, da mudança de escola com novos colegas e professora que vai ser já daqui a uns dias, da avó que por rotatividade entre os filhos, agora lhes calhou a eles e... tinham-me dito que nada tinha mudado na vida familiar onde a criança está inserida. Ninguém me queria enganar, eles é que não tinham valorizado esses eventuais factores de stress.

No caso dos teus gatos, também eles tiveram mudanças. Conhecem-te, à tua casa, os seus cheiros, mas esqueceram algumas regras.
Com as férias lá no teu paraíso, também tu estás desabituada deles.
Todos os gatos de noite fazem caçadas, sobem paredes, saltam. Eu já me habituei com o meu e durmo que nem uma justa.

Talvez tenhas de lhes "lembrar" o que não podem subir, esgadanhar. Há quem os treine com uma esguichadela de água no focinho na altura certa, (técnica de condicionamento) ou pôr daquele papel que cola dos 2 lados nos sítios que consideras proibidos. A pouco e pouco vão aprender.

Também as crianças que precisam de afecto, precisam de organização, conhecer os limites, ouvir dizer um não. E de coerência. Só que com elas, o aprender deve ser na base da relação, do prazer de se sentir amado e de poder agradar também ao outro.

Quanto à valeriana que falaste, ah, ah, olha, toma-a tu...

Não te esqueças, de pequenino se torce o pepino...e o destino muitas vezes.
Um beijo e bom trabalho!

sábado, 22 de maio de 2010

Aconteceu...a propósito de uma notícia - 8

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Romero chegou ao cimo do Pico Everest. Seria notícia ou não este feito, mas tendo Romero 13 anos, o facto muda de figura.
Aos 10 anos tinha escalado o Kilimanjaro na Tanzânia, e aos 11 o Monte McKinley no Alasca e o Aconcágua na Argentina.
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Já tinha lido há uns tempos uma breve notícia sobre este jovem, e algumas considerações sobre estes actos arriscados que desde cedo ele faz.
Não sei nada dele nem da família para poder inserir estes factos e poder compreender melhor a situação.
Dará dinheiro aos pais estas aventuras? Tal como alguns miúdos que participam em telenovelas e no mundo do espectáculo, estará ser "usado"?
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"É qualquer coisa que sempre sonhei fazer antes de morrer".
Esta frase é dele, à chegada ao cume. Aos 13 anos! Mais do que o risco, trata-se provavelmente de um rapaz que não está a viver a sua fase de crescimento de forma adequada. Espero que alguém se preocupe.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

aconteceu ... a propósito de uma notícia -2

.Família núclear em crescimento
Desenho com lã e papel de jornal com cola
Desenho e foto - Magda
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Há uns dias postei a propósito de um título de um jornal : “Educar as crianças como cães é um alívio para muitos pais”.

Quis ser ligeira, e se calhar fui demais. Tentei ter ironia com a história que contei, mas de facto o assunto é muito importante. Acho que tenho o dever de o retomar.

Para educar um filho é necessário criar uma relação, de amor e respeito mútuo. É criar-lhe um ambiente de confiança, de estímulo. É ajudá-lo a desenvolver as capacidades para escolher o seu caminho e deixá-lo progressivamente ir criando autonomia. É compreender as suas particularidades, o seu ponto de vista, aceitar as suas escolhas.
Estar disponível para para o ouvir e compreender

Nasce uma criança com todas as capacidades? Claro que não, embora com muitas, como tem sido demonstrado por vários elementos da comunidade científica. Mas com potêncial para que se possam ir desenvolvendo na relação com os pais. Esta começa muito provavelmente antes dele nascer, ainda só na fantasia deles.

Criar um filho é contribuir para o crescimento de uma pessoa que um dia será mãe ou pai. E que terá um modelo relacional interiorizado que irá repetir com quase toda a certeza.

Só treino? Peguemos no exemplo da aquisição esfincteriana. A criança pode de facto aprender a usar o bacio por treino. Mas também pode fazê-lo porque entende que isso dá prazer à mãe (pais). Não é por acaso que se exclama perante um belo cocó “mas que lindo presente!”. O motor da aprendizagem foi um prazer partilhado.

Ora um cão é ensinado por técnicas comportamentais que usa o reflexo pavloviano, treino estímulo, resposta e recompensa. Não se está atento ao seus desejos, sentimentos, humor. Educa-se da forma que nos dá jeito, para ser sossegado e fazer-nos companhia, para ser agressivo e lutar e ganhar nos combates com apostas, para nos fazer companhia quando queremos fazer caminhadas, etc

Definir regras, estabelecer limites, transmitir valores será educação canina? Claro que não!

Mas há pais para quem os filhos são vistos como espelhos deles próprios, prolongamentos de si.

Para esses, treinar os filhos, "limar arestas" pode ser o que imaginam ser a educação.