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AOS JACARANDÁS DE LISBOA
São eles que anunciam o verão.
Não sei doutra glória, doutro
paraíso: à sua entrada os jacarandás
estão em flor, um de cada lado.
E um sorriso, tranquila morada,
à minha espera.
O espaço a toda a roda
multiplica os seus espelhos, abre
varandas para o mar.
É como nos sonhos mais pueris:
posso voar quase rente
às nuvens altas – irmão dos pássaros –,
perder-me no ar.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Aconteceu... que o jacarandá tem flor
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Estava eu a pedalar na bicicleta fixa do ginásio e a ler o Leite Derramado do Chico Buarque, quando me aparece escrito "Peça à minha mãe que lhe indique a escrivaninha barroca de jacarandá (...)".
Estava eu a pedalar na bicicleta fixa do ginásio e a ler o Leite Derramado do Chico Buarque, quando me aparece escrito "Peça à minha mãe que lhe indique a escrivaninha barroca de jacarandá (...)".
Parei de ler, as ideias ocuparam-me o pensamento.
Ainda ontem passei pela Avenida Miguel Bombarda, aqui em Lisboa, e tinha visto com prazer como está bonita, toda azul. Tem sido sempre o aspecto estético que me tem chamado a atenção no jacarandá em flor, nunca reparei no tronco ou nos ramos no Inverno, nunca os vi como madeira com utilidade. É aquela cor tão especial que me cativa e que procuro todos os anos nesta época.
Aliás as flores, de qualquer cor, chamam a atenção, prendem-nos. .
Aliás as flores, de qualquer cor, chamam a atenção, prendem-nos. .
Há tempos, num velório, uma criança de pouca idade, andava fascinada a tirar as flores das palmas e coroas que estavam pousadas no chão. Estava muito contente, brincava como se estivesse num jardim, alheia à avó morta. .
No pequeno jardim quase selvagem que existe na frente do meu serviço, é habitual ver as crianças que nos procuram, fazerem ramos de florinhas. .
Tal como as esculturas, nunca percebi os jardins que são só para a vista...como são para mim os jacarandás.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Poema - Filipa Leal
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A CABEÇA É QUE PAGA
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Silêncio
Ela pediu
Silêncio
ao rádio do carro,
aos pais, aos irmãos,
aos chefes, aos amigos.
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Só a cabeça
não respeitou o seu pedido.
A CABEÇA É QUE PAGA
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Silêncio
Ela pediu
Silêncio
ao rádio do carro,
aos pais, aos irmãos,
aos chefes, aos amigos.
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Só a cabeça
não respeitou o seu pedido.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
Aconteceu...Partos on line. Onde está a intimidade? Os limites? O espaço para fantasiar? Para pensar?
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Parece que é moda no Brasil transmitir os partos pela internet para familiares e amigos!
Parece que é moda no Brasil transmitir os partos pela internet para familiares e amigos!
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Vivemos momentos de pouca intimidade e ausência de limites.
Vivemos momentos de pouca intimidade e ausência de limites.
"Nem 8 nem 80" diria a minha avó Elvira, quanto se referia a novos usos e costumes.
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Mesmo na minha profissão, o tipo de patologia que nos procura alterou-se completamente. E o tipo de sociedade em que vivemos não é certamente alheio a isso.
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Mesmo na minha profissão, o tipo de patologia que nos procura alterou-se completamente. E o tipo de sociedade em que vivemos não é certamente alheio a isso.
Hoje as queixas são de sintomas externalizados. São as alterações de comportamento, as hiperactividades, (não, não foi engano, não há só um tipo de hiperactividade, mas lá que há muitas crianças demasiado mexidas, "sem rei nem roque" como diria outra vez a avó, lá isso há).
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O lugar para a fantasia está a diminuir? Ou a fantasia passa a estar assente na realidade? Mas esta o que é?
Quase tudo é partilhado, sem limites organizadores. Tudo é pouco pensado e muito agido.
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Há 33 anos era eu uma jovem e durante o parto do meu 1º filho, o meu marido fez umas fotografias. O laboratório de fotografia, sim que na altura as máquinas não eram digitais, não as revelou, desculpando-se que era material pornográfico.
Ainda bem, digo eu hoje, um momento meu, tão íntimo, porque havia de ser partilhado? "Isto é a avó"? Perguntaria o meu neto Vicente. "Mas onde estão os olhos?"
Ainda bem, digo eu hoje, um momento meu, tão íntimo, porque havia de ser partilhado? "Isto é a avó"? Perguntaria o meu neto Vicente. "Mas onde estão os olhos?"
Etiquetas:
fantasia,
hiperactividades,
partos on line,
pensamento,
realidade
sábado, 5 de junho de 2010
Poema - Alice Gomes
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BICHINHO POETA
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Chamam-lhe búzio.
É apenas casca.
O bichinho morreu.
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Ficou a concha para recordação
e vende-se nas feiras
põe-se nas prateleiras
como ornamentação.
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Quem julga conhecer o seu segredo
encosta-o no ouvido
e ouve um sonido
que lhe parece o vento
correndo sobre o mar.
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mas é a sua voz
de saudade a chorar
BICHINHO POETA
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Chamam-lhe búzio.
É apenas casca.
O bichinho morreu.
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Ficou a concha para recordação
e vende-se nas feiras
põe-se nas prateleiras
como ornamentação.
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Quem julga conhecer o seu segredo
encosta-o no ouvido
e ouve um sonido
que lhe parece o vento
correndo sobre o mar.
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mas é a sua voz
de saudade a chorar
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