.
Fala-se muito negativamente contra as rotinas, mas todos nós vamos criando algumas. Se a nossa vida não for completamente espartilhada por elas, podem ser úteis. Podem ser uma tentativa de defesa contra alguma desorganização ou algum vazio, quando os marcos da vida são poucos. Veja-se a abertura deste blog, diário, criado numa fase de "prisão" da minha vida. Os marcos que dão sentido ao tempo da vida, antes, depois, manhã, tarde, noite...
.
A minha maior rotina é trabalhar diariamente, coisa que, apesar das dificuldades existentes nos serviços, com que todos se debatem, ainda me dá prazer. Para já é uma boa rotina.
Alguém me dizia um destes dias, comentando os intervenientes de um programa da manhã na rádio, que tenta ser alegre e livre até ao disparate, que eles trabalham mas divertindo-se.
No desenvolvimento infantil, há uma altura em que o prazer do trabalho substitui o prazer do jogo, não o excluindo, portanto pode-se fazer trabalho sério (sem muitos risos) e tirar prazer.
.
Nos últimos tempos arranjei maneira de, sentada no carro à porta do serviço, só sair depois de ouvir a crónica do Fernando Alves, na TSF. São tão interessantes, de uma enorme cultura, mas também de poesia, pela forma como ele as escreve, as metáforas que emprega, os jogos de palavras. Alguém ouviu a de ontem? De uma enorme inteligência, pôs-nos a seguir os passos do 1º Ministro, sem nunca o nomear, para já no fim nos fazer crer que estava a falar de Harry Houdini, o grande ilusionista que ontem faria anos. Ilusionismos!
.
Esta rotina matinal, é uma que adoptei sempre que me é possível e que recomendo.