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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

aconteceu...a propósito do Ballon Rouge

Há muitos, muitos anos, recebi como prenda um livro grande de capa dura, chamado "Le Ballon Rouge". Um pouco mais tarde tive oportunidade de ver o filme no cinema. Livro e filme de Albert de Lamorisse, anos 50.

Tal como noutras histórias, como nos contos de fadas hoje tão abandonados, as ansiedades infantis eram abordadas e permitiam à criança, mediada pela história, lidar com elas, elaborá-las arranjando soluções.

Nesta, trata-se de uma criança, que vemos andar sòzinha, encontrar um balão com características humanas com o qual estabelece uma relação, que vai sofrer invejas e violência dos colegas, hoje chamar-se-ia bulling, perder o objecto de relação e partir só, agarrado aos balões solidários que o vieram consolar após a perda do seu amigo balão vermelho. Vai só? E para onde? E depois?

Devo-a ter lido vezes sem fim, na tentativa de tornar suportável uma certa inquietação que a história me criava.

Hoje descobri estes excertos do filme na net e não resisti a postá-lo. Faz parte da minha infância.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

aconteceu...brincar. Ver, ouvir e inventar

...
1. Um dia, um miúdo convidou-me a brincar com as núvens. Agarrou a minha mão e levou-me até perto da janela. E disse apontando para uma das núvens que passava, olha vês, parece mesmo um camelo, e aquela outra, vês, parece uma bruxa. É assim que se brinca, é a inventar acrescentou.
Desde cedo me lembro de fazer este jogo com a minha mãe. A ele, tinha sido o avô cego quem lhe tinha ensinado.
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2. E aquele que está ali, com a camisola azul, sim, aquele, o da mesa do canto, ai, esse tem ar de ser muito chato. De certeza que está sempre sòzinho, ninguém o atura. Tem ar de chefe, de um escritório cheio de pó e escuro...
Esta era uma brincadeira que em grupo fazíamos em espaços públicos. Cada um de nós ia acrescentando alguma coisa, construíndo autênticos romances nunca passados ao papel.
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3. Ouvir bocados soltos de conversas para as continuar dentro de nós, também é uma actividade que pode ser muito divertida.
Hoje no cabeleireiro, entre o atenta e o distraída, quase saltei da cadeira quando ouvi uma senhora falar no médico psicopata que tem umas mãos de ouro. Mas eis que alguém a emenda, não é psicopata, é osteopata.
Ora bolas, assim a minha história vai ter menos graça!