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quinta-feira, 10 de março de 2011

Aconteceu...que nesta época os gatos são os donos

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Alguns aldeamentos no Algarve quase só têm habitantes no verão. Começa o tempo quente e aos fins-de-semana começam a ver-se algumas pessoas, uns feriados que fazem ponte; mas em Julho e Agosto é que todas as casas ficam cheias.
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Há no entanto uma ou outra casa habitada, muitas vezes por estrangeiros que fogem para a terra deles no verão. Fazem bem, no sossego é que isto é simpático.
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Mas hoje percebi que há outros habitantes que se apropriam dos espaços.
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Preto, muito preto, estava um gato deitado na grelha superior do barbecue. O sol batia-lhe de chapa, e eu imaginei como se devia estar ali bem.
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Sem me pedir licença, eis que pela porta que dá para a açoteia, vulgo terraço noutras paragens, um gato tigrado cinzento olha-me lá de fora com curiosidade. Levanto-me para pegar na máquina fotográfica e o bichano, naturalmente fugiu. Segui-o. Com um salto enfia-se pela buganvília e meio escondido pára e olha-me virando a cabeça para mim. Tiro-lhe umas fotos e recolho-me à sala. E eis, que atrevimento e que confiança, o vejo à porta de casa e se propõe entrar. Está magrito coitado, e é novo. Olha para a sala, uns passos e está no quarto, mas quando me aproximo sai a correr e foge pelos telhados.
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Olho mais longe, e lá está mais um, deitado num terraço, ao sol.
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São eles os donos do aldeamento nesta época do ano. O espaço é deles. Pouco exigentes, procurando o calorzinho e se lá ficam a espreguiçar-se. Esperava-os mais ariscos.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Aconteceu...a lenda das amendoeiras em flôr

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As amendoeiras ainda estão em flôr, não tão viçosas como no mês passado, mas os campos do Barrocal algarvio mantêm-se coloridos de um branco rosado.
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Conta a lenda que uma princesa nórdica terá casado com um príncipe árabe, isto no tempo da ocupação do Algarve pelos mouros.
Muito bonita, nunca sorria e andava sempre triste.
O casamento fora arranjado na sequência de uma derrota militar.
Pode-se imaginar o sentimento de isolamento sentido pela princesa, uma terra estranha com uma cultura completamente diferente, e muito provavelmente sem amor ao marido.
Mas alguém sugeriu que a tristeza da princesa poderia ser fruto de saudades do branco manto de neve que todo o inverno cobria o chão da sua terra.
O príncipe, numa tentativa de a animar, mandou plantar amendoeiras, para que em Janeiro quando florissem, os campos ficassem cobertos de branco. Não seria neve mas quem sabe...
E como lenda que é, a princesa ao ser levada à janela e vendo as amendoeiras em flôr, pela primeira vez sorriu.
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Feia feia, está a minha buganvília, muitos ramos, poucas folhas e sem flores.