quarta-feira, 22 de julho de 2020



131º dia de recomeço do blog

#o trabalho e o afecto#

Há 20 anos a trabalhar como empregada doméstica na mesma casa, pouco fala da sua vida. Das 9h às 17h, todos os dias. Os problemas, percebi agora, ficam lá fora.

Embora a mãe de 88 anos estivesse adoentada, maleitas da idade, não contou que há 3 dias tinha sido internada num hospital central.

Como de costume às 9h de hoje chegou. Foi pois com admiração que soube que a mãe tinha morrido esta noite. Chorosa mas rapidamente compôs-se.
Ofereci-me para ficar por cá mais um dia e uma noite, e ela disse que amanhã de tarde cá viria para cumprir o que tinha acordado, fazer até ao fim de semana dia e noite, uma vez que o patrão, da idade da mãe dela, está a recuperar de uma operação.

Mas e os 5 dias a que tem direito? ainda se perguntou. Não vou usar, afirmou.

Fiquei a pensar, esta aqui como empregada doméstica ganha como um médico recém especialista. É um ordenado que não é frequente para este trabalho. Será o dinheiro? O dever do cumprimento? Ou tem a ver com o tipo de afecto com a mãe que não é tão forte como se supõe?

Amanhã vou embora, ficarei sem compreender.