Gosto muito de concursos na televisão ditos de cultura geral. Ditos porque grande parte das perguntas não fazem parte dessa categoria, são "faits divers" ou que situações tão pouco importantes só quem os viveu consegue saber.
Apesar disso faço por assistir ao Joker, concurso diário cujo apresentador é um verdadeiro artista, de associação fácil, divertido, cómico mesmo, de seu nome Vasco Palmeirim.
Ontem o concorrente levou como ajuda a sua mãe, uma senhora com um sorriso aberto, que o Vasco logo frisou, expansiva fazendo mímicas e gestos de satisfação, de vitória. Batia palmas com entusiasmo, talvez a mais entusiasmada da sala. Isto antes de se iniciarem as perguntas.
A coisa não correu lá muito bem e o filho começa a perder depois de atingidos os primeiros patamares.
Não me lembro de ver uma mudança de fisionomia tão grande como a daquela mãe. De radiosa passou a doente grave, ficou mais pequena, tensa, séria, super ansiosa, sem humor.
Fiquei convencida que aquela mãe nunca pôs em dúvida que o filho levava para casa 50 mil euros, prémio do concurso.
E isto fez-me lembrar uma situação passada comigo em 1985, ano que começou o totoloto, jogo unicamente de sorte. Logo no primeiro jogo, preenchi o boletim. Números aleatórios que li em voz alta como se de música tratasse. Eram de uma melodia espantosa, qualquer um que substituísse fica mal, desafinava a sequência. Quase me convenci que não poderia ser outra a chave que o sorteio ia confirmar!
Claro que não foi, nem mesmo me lembro se saiu algum dos números que com tanta certeza escolhi.
Durante umas horas convenci-me que a minha sorte era infalível!