sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Viagens suspensas, pandemia espreita.

Julgo poder afirmar que conheço quase todo Portugal.

Sempre que tem sido possível, tenho feito umas viagens para fora do país.

Comecei com os meus Pais, em criança, Espanha e França. Os Museus do Prado e o Louvre, parcialmente e com obras por eles escolhidas, fizeram parte do programa. Custosa era a travessia da Espanha de carro pois ainda não havia ar condicionado naquela altura.

Continuei depois por várias vezes visitando estes mesmos países mas acrescentando Inglaterra, Alemanha, Suíça, Mónaco, Bélgica, Holanda, Itália, Vaticano, Malta. 

Brasil, Cuba, EUA, Canadá, Índia, Nepal, Vietname, Laos, Camboja, Turquia, Noruega, Islândia, Marrocos foram as viagens mais longínquas e de maior duração. Aprendi que mais de 15 dias fora é muito para mim. A partir daí penso com saudades em bacalhau cozido e grelos. 

Em alguns dos países só conheci as capitais, outros de carro ou autocarro viajei por todo o território. 

Tinha-me inscrito e já estava paga uma viagem ao Peru quando começou a pandemia que acabou cancelada. Tenho agora paga uma viagem por 6 dos Emiratos Árabes com visita de 3 dias à Expo no Dubai. 

Desde ontem tenho pensado que também esta será provavelmente cancelada. Complicado mundo com pandemia.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Ministra senhoreca, injusta e sem vergonha!

Haverá algum médico que hoje não se tenha sentido ofendido e injustiçado? Não acredito.

Desde há dezenas de anos que o Serviço Nacional de Saúde depois de um tempo de grande entusiasmo tem vindo a definhar. Só um pequeno exemplo pessoal, aposentada desde 2018, fomos dois na mesma altura, ainda não fomos substituídos. E éramos demais? Não, de modo nenhum! E as condições já não eram boas.

Nos últimos anos muitos médicos aposentaram-se, e muitos outros saíram para o privado.

Quando começou a pandemia um decreto impediu mais saídas a não ser por aposentação pela idade.

Os serviços ficaram mais pobres e com um trabalho como nunca se tinha visto. Dias e noites sem irem a casa, médicos, enfermeiros, auxiliares, todos deram o máximo. Inventaram-se pavilhões para meter camas, cuidados intensivos sempre em rotura, quase acima do limite.

E hoje a ministra da saúde, perante nova pandemia, esqueceu-se do que o pessoal aguentou, famílias dos médicos rebentaram etc. Não se lembrou certamente de tudo o que fizeram.

Teve a lata, a falta de nível ao afirmar que a solução era contratar mais médicos mas escolhê-los não só pelos conhecimentos mas pela resiliência.

Quererá médicos de aço? Robots? 

Vai lá manter-se? Sem uma desculpa? E depois que se demita!

terça-feira, 23 de novembro de 2021

A 3a dose da vacina "Covid" com cobertor curto.

Recebi marcação para levar a 3a dose da vacina. Pavilhão 3 na Cidade Universitária. Nunca lá tinha ido.

Procurei, perguntei a uma ou duas pessoas e lá cheguei. Marcada para as 16h54, cheguei um pouco antes. Estava frio e foi arrefecendo ainda mais porque...

Umas boas dúzias de pessoas à espera, ao ar livre. Eu tenho a mania que sou jovem mas realmente eram sobretudo pessoas de idade, algumas em cadeiras de rodas, com bengalas, e quase todas acompanhadas, por filhos adultos ou afilhadas. 

Umas duas dúzias de cadeiras das de plástico branco, permitiam que os mais precisados se sentassem.

Ouviam-se protestos esparsos, um ou dois clamavam pelo Vice-Almirante, em voz mais baixa falavam com desprimor da Ministra etc.

Um senhor que andaria na casa dos 70 anos, gordo, barrigudo, cara redonda e pele vermelha, por cima e por baixo da máscara, claro, dizia que lá em Castro de Aire aquilo não era frio. Lá é que é e com um copito aguentava-se bem. Estava bem disposto, embora tivesse ido àquela hora porque a marcação para ele e para e "minha senhora" tinha quase 45 minutos de diferença. Ela iria primeiro. Mas ele não estava aborrecido, tentava meter conversa com quem estava ao pé. Falava da décalage dos horários mas sem críticar.

Todos os idosos metiam dó. Embrulhados com casacos, cachecóis, e até casacos que os filhos dispensavam, mesmo assim cheios de frio.

Bombeiros iam fazendo a chamada por hora e minutos, 16h15, 16h17, 16h19 e assim sucessivamente. Eu esperava e felizmente ia mesmo muito bem agasalhada.

A passagem do ar livre após a chamada era para um túnel tapado que antecedia a sala do pavilhão. 

Certa altura o bombeiro deve ter tido pena das pessoas ao frio e chamou uns cinco minutos em conjunto. Foi a minha vez de dar o passo e ficar a aguardar no tal túnel, depois de mais de uma hora ao ar frio. Há anos que não estava tão encostada a pessoas, nem no metro nem no autocarro que por vezes uso, fora das horas de ponta, é certo. Nenhuma distância como é recomendada.

Depois de entrar, lá dentro saía a indicação "deixa entrar dois" ou três, quer dizer sair do túnel e entrar no pavilhão. Aí as coisas corriam como esperado. 

As cadeiras estavam organizadas, as indicações eram precisas para manter a ordem de entrada.

A certa altura precisei de ir ao WC. Eu nem queria acreditar, uma sanita para todas as mulheres que estavam no pavilhão! Haveria certamente mais mas estavam fechadas. Acabei por deixar passar umas velhinhas aflitas à minha frente, antes que algum acidente lhes acontecesse.

Daqui em diante as coisas correram bem...embora só houvesse 12 enfermeiros a vacinar. Para muita gente eram as duas vacinas, gripe e covid, eram poucos técnicos e demorava um bocado.

Saí perto das 19h. Sem o lanchinho que da outra vez a CML ofereceu.

Não, já não precisamos do Alm. Gouveia e Melo, precisamos que contratem pessoal de enfermagem porque quando da desactivação dos centros eles foram dispensados. E que não mandem juntar-se quem tem horário e quem não tem. Isto sim, foi falta de organização.

Cobertor curto ou tapa o pescoço ou os pés, lá diz o povo.

Nota- Li hoje que ao fim da tarde naquele posto de vacinação, quem estava pela "casa aberta", foi anunciado que podia, foi enviado de volta para casa e mandados ir hoje de manhã.

domingo, 14 de novembro de 2021

Notas de uma excelente peça de teatro

Já foi quase há um mês mas ando muito atrasada em anotar memórias.
 


Uma peça excepcional, texto, cenário, representação.
Usando palavras que são do site do Teatro do Vestido, 

"As utopias, sonhos e aspirações políticas de jovens de diferentes épocas.

Sob inspiração do romance de Augusto Abelaira, A Cidade das Flores, de 1959, Joana Craveiro e o Teatro do Vestido criam Juventude Inquieta. Passado em Florença, na época da ascensão do fascismo de Benito Mussolini, este livro tem-nos inspirado e levado a reflectir sobre a resistência ou a luta activa contra os sistemas autoritários – velhos e novos - e a inércia que se instala e à qual, em tempos, se dava o nome de conformismo, resignação, ou mesmo, colaboração. 

Escrevia Abelaira em 1961, "tenho esperança de que, dentro de 50 anos, a Cidade das Flores já não seja lida." O seu desejo, contudo, não se cumpriu. E daí esta peça.

Juventude Inquieta cruza várias gerações de actores-criadores em cena, empenhados numa mesma pergunta: como se avança daqui para a frente, e haverá uma Cidade das Flores que nos espera" .

Também a Crónica Do Desencanto no Ípsilon do Público de 19/10/2021 é bastante completa, mas nada como ter visto durante quase 3 horas todo o espectáculo, tentando colar as partes e saltando de uma época para outra. Grande espectáculo!

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

“Um dia pensei: se não tratar isto agora, aos 50 anos vou morrer”. Hugo Van der Ding


Muito boa esta entrevista. Longa, é certo mas merece a pena ouvir.
Um homem que todos conhecemos pelo seu humor muito inteligente e que é também, para além do que já disse, portador de uma doença bipolar.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

A escrita e a(s) memória(s)

 

"Esqueço aquilo que não escrevo como se nunca tivesse acontecido"

Retirado do livro A Soma dos Dias de Isabel Allende. Livro que estou a ler sofregamente, interessante e bem escrito como ela sabe fazer. Afectos vários, ironia, dados históricos, é uma grande escritora.

Li aquela frase e parei. Exactamente o que eu gostava de ter dito ou escrito. Tinha em jovem uma memória imediata (há vários tipos de memória). A que eu tinha e me permitia guardar com rapidez o que lia, via, é a de mais curta duração. Deu-me muito jeito para os exames, por exemplo, mas era enganadora, as memórias não duravam muito tempo.

Agora mais velha, esta memória quase deixa de funcionar.

Julgo que essa foi uma das razões de começar a escrever aqui, embora o tenha feito num período especial, pé partido e o espaço da casa como o meu mundo.

E porque não escrevo mais? Não tento guardar aqui o que me esquecerei brevemente? Preguiça, só preguiça! É que escrever demora tempo e precisa de uma pré disposição para o fazer. Uma entrega quase total.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Dois dias quase sem écrans


5a feira passada saí de casa com um livro, para o que desse e viesse, e fui até Minde regar umas plantas. 110 km com autoestrada, 1 hora. É perto. Contava jantar em casa.

Acabei por ficar lá, uma vez que no dia a seguir havia um espectáculo do Festival Materiais Diversos que tinha esquecido.

Mas vamos ao que importa, sem carregador de tm, nem tablet nem computador, li de fio a pavio o livro "Nuvem de cinza", policial do islandês Ragnar Jónasson. Foram quase 300 páginas. Várias pistas mas só mesmo no fundo elas se enlaçam e o mistério se resolve. Os policiais nórdicos estão a ganhar a minha escolha.

Este policial passado na Islândia quando um vulcão de nome impronunciável, como quase tudo em Islandês, entra em erupção e cria uma fortíssima nuvem negra que progride pela ilha.



Bem apropriada leitura quando na Ilha Las Palmas uma erupção tem causado uma catástrofe, embora sem crime.

Muito se perde com tanta internet, redes sociais e outras parecidas. No entanto também se ganha, é uma forma importante de informação. Desta vez nem jornais on line, só livro, livro, livro. 

Isto não me impediu de conversar umas horas com amigas, passear, apanhar sol e outras coisas. Écrans é que quase não houve.