terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Vacina não tem acento no "a"!

 327º dia do recomeço do blog

Estes dias de chuva nem dão para o passeio higiénico autorizado. Tenho usado pouco esta licença. 

Ia muito ao cinema, agora vejo na televisão. Costumo ver na RTP2 mas ontem vi na RTP Memória um filme espantoso mas muito impressionante. Do realizador húngaro László Nemes, são filmados no campo de concentração de Auchwitz dois dias da vida de um judeu Sonderkomando , obrigado a fazer os trabalhos que os alemães não queriam fazer. Uma filmagem interessantíssima, quase sempre debaixo de fumo, quase sempre o rosto do protagonista, corpos só filmados por inteiro no fim, ao ar livre. Um homem que quer fazer um enterro a um jovem que iria ser autopsiado para estudo e depois cremado. Diz ser seu filho mas os amigos diziam que não tinha nenhum, pelo que dar um enterro decente, com os rituais próprios, será uma metáfora. O futuro tem de ser melhor.

Livros, tantos que tenho na estante que não li ou que li mas já poderei ler de novo.

Música, esta semana o Teatro Nacional de São Carlos passou um concerto de música de Câmara e canto.

São tantas as coisas possíveis que chego ao fim da noite e tenho de obrigar-me a ir para a cama dormir.

Neste momento na televisão Daniel Deusdado fala das vácinas. Tal como o Bastonário dos Médicos, será que eles já leram a palavra vacina escrita? Tem acento no "a" ?

Há tanto tempo que não via tanta gente. Lembrei-me das esplanadas.

 326º dia do recomeço do blog

1h30 passadas numa sala de espera de um hospital. Nada de grave, esta minha ida, só para tirar uns pontos postos há 15 dias.

Que fazer inicialmente senão estar atenta ao ambiente? ​Fui olhando, vendo e ouvido. Sala grande onde nunca estiveram mais de 5 pessoas. Volta não volta ouve-se chamar pelo microfone o número de uma senha. Ou pessoalmente entram as auxiliares de acção médica para buscar e encaminhar. Os administrativos estão depois da porta que dá acesso ao corredor.

Lá da zona dos guichets ouço uma senhora a falar em voz alta.

Estou isenta minha senhora, tantos anos a trabalhar e agora recebo umas migalhas. Para que trabalhei tanto?
Mandei por correio normal, sempre é mais baratinho.

Os restaurantes, ouvi dizer, só abrem lá para Maio.

Na fila para entrar uma sra de muletas comenta, nem sei quais são as prioridades. Varias pessoas dizem-lhe para passar à frente mas ela recusa. Acabará por passar ficando trás de mim, que sou a 1a. Na minha altura de entrar ia dar-lhe a minha vez mas o porteiro foi firme, era eu em 1o lugar. Pelos meus cabelos brancos? A outra tinha-os pintados mas acho que teria mais anos que eu. 

Sr. José Manuel, faça favor de entrar, ou seja passar para o lado dos gabinetes.

Uma auxiliar chama D. Elisa Silva, repete sem que ninguém se acuse. Repete de novo mas agora com os apelidos todos. Uma jovem com uns ferros circulares na junção da perna com o pé pergunta, é Elisa ou Elsa. Era Elsa mas a funcionária tinha lido mal. E lá vai ela com duas muletas e um pé no ar como os flamingos.

E tentei com sucesso concentrar-me no livro que trouxe para aguentar a espera de mais de 1h30 na sala de espera.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Este tempo que me vai fazer falta.

 325º dia do recomeço do blog

Este tempos confinados, este ano com limitações de movimentos, e o mais que aí virá, vai-me fazer falta. Que saudades eu tenho de passear, viajar, conhecer terras, pessoas, histórias novas. A viagem ao Peru que era para outubro passado foi adiada para abril de este ano e vai ser novamente adiada.

E eu mais velha, este tempo vai fazer-me falta.


A ideia de viajar nauseia-me.
Já vi tudo que nunca tinha visto.
Já vi tudo que ainda não vi. 

Bernardo Soares in Livro do desassossego

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Quem tem uma espada em cima da cabeça tem medo.

 324º dia do recomeço do blog

1 - Hoje perdi-me no corredor da minha casa. É pequeno, tem a porta do meu quarto, a do outro, a da casa de banho e ao fundo, poucos passos a porta de acesso às outras partes da casa.

Tinha fechado a porta de acesso à sala. A casa de banho não tem janela e ambos os quartos tinham as persianas corridas e nenhuma luz acesa.

Saí do meu quarto para ir jantar. Não sei explicar como não dei com o caminho. Com as mãos nas paredes à procura de um interruptor que não encontrei, deixei de perceber onde estava. Não sei quanto tempo demorou, um ou dois minutos talvez, mas foi o suficiente para perceber que estava perdida. Perdida nuns 3 metros quadrados!

De repente lembrei-me do telemóvel. Abri-o mas não deu para me orientar. Por acaso tenho instalada a lanterna, liguei-a e fez-se luz. Percebi que estava junto da porta do meu quarto, virada para ele, de onde tinha saído.

Provavelmente isto para qualquer pessoa não teria importância. Para mim, por razões familiares, foi preocupante.

2. Apanhei num canal da tv por cabo o filme do Woody Allen "Meia Noite Em Paris". Estava convencida que tinha visto os três filmes, Nova York, Roma e este que vi hoje. Pois se vi, e eu acho que sim, não me lembrava de nada. terei visto ou foi esquecimento? Mais um motivo de inquietação.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Médicos brasileiros e venezuelanos querem trabalhar

 323º dia do recomeço do blog

Neste estado de calamidade em que estamos, ouvem-se vozes dizer que há muitos médicos e enfermeiros que querem trabalhar e não os deixam. Só me vou referir aos médicos.

Vejamos, portugueses houve quem se oferecesse. Eu fi-lo em Março. Iria como voluntária, não remunerada. Nunca fui chamada. Li colegas que foram mas a obrigatoriedade de cumprir  o horário que tinham antes de se aposentarem fê-los não aceitar. Teriam outros compromissos em horário parcial, por exemplo. Outros foram contactados mas o valor que lhes queriam pagar era tão baixo, quase indecente. Não aceitaram.

Há pouco tempo houve outra lista para saber da disponibilidade de médicos. Tanto esta como a de Março foram organizadas pela Ordem dos Médicos. Desta vez não me ofereci.

Agora ouve-se que há muitos médicos brasileiros e venezuelanos que desejam trabalhar. E que não os deixam. Ora vamos a ver, o acordo entre países para as licenciaturas é dentro da UE. 

As universidades, os currículos da América do Sul, não são semelhantes aos nossos. Por isso terão de prestar provas, de língua portuguesa e de conhecimentos. Estará o processo a ser demorado, sim, acho que sim. Mas é absolutamente normal que seja exigido.

Ouvi uma médica venezuelana dizer que era incrível um dos exames constar de uma prova escrita com 100 perguntas num tempo que está determinado nos países europeus. Eu fiz em 1981/2 e é obviamente difícil. Mas são as regras de confirmação científica e eu o meu curso já tínhamos 4 anos de prática. 

Temos de ter confiança em quem nos assiste, não é?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A guerra Colonial começou em Angola há 60 anos.

 322º dia do recomeço do blog

Hoje por volta das 19horas, na antena 2 deu um programa interessante e emocionante. A guerra colonial começou em Angola há 60 anos.

É um programa no qual para além de uma contextualização, pude ouvir Manuel Alegre ler o seu poema sobre Nambuangongo, músicas na voz de Zeca Afonso, Luís Cília, Zé Mário Branco, Adriano Correia de Oliveira e tantos outros.

Merece a pena ouvir.

60 anos Guerra Colonial | 4 Fevereiro | 19h00 - Destaques - Antena2 - RTP

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Mais vale ser desejado do que aborrecido.

 321º dia do recomeço do blog

Mais vale ser desejado do que aborrecido, ouvi muitas vezes esta frase da boca da minha Mãe. Também esta terá contribuído para a descrição das minhas emoções.

Com esta idade já me sinto capaz de dizer algumas verdades sem rodeios. Nunca me ensinaram a mentir mas dizer as coisas suavemente foi sempre uma indicação que recebi e não era sempre capaz de cumprir. Continha-me às vezes, só às vezes. Com a idade comecei a achar que não tinha de aturar tudo o que me aborrece, sejam pessoas sejam ideias. Religião e política são dois assuntos que não discuto, embora tenha, sobretudo quanto às ideias políticas os meus limites. Só não risquei do Facebook antigos colegas cujo sentido  foi noutra direcção que o meu pensamento e que são chatos, fanáticos, repetitivos. Mas não tenho nenhuma vontade de me encontrar fora do virtual. Aqui pode-se passar à frente, cara à cara é diferente.

Voltando à internet, FB e WhatsApp. Todos os dias recebo mais, filminhos, cartoons, jornais e revistas, muitos enviados pelas mesmas pessoas. Ora eu acho simpático dizer qualquer coisa de volta. Mas da maneira que é, mais do que não responder a maior parte das vezes já nem vejo mesmo acreditando que possa ficar a perder uma ou outra coisa.

Já o disse a várias pessoas que insistentemente se mantém mensageiros. 

Aquela frase da minha Mãe cai aqui que nem ginjas.