domingo, 30 de agosto de 2020



170º dia de recomeço do blog

Hoje é domingo e eu preguicei.

Leitura dos jornais que assino e avanço no livro do Rubem Fonseca, duas séries francesas policiais e eu ainda na cama.

O almoço, legumes estufados com cuscuz biológico, uvas, 2 quadradinhos de chocolate e café.

Telefonemas de parabéns a aniversariantes e pouco mais.

Apesar de aposentada tenho ou não direito de um dia assim?

sábado, 29 de agosto de 2020



169º dia de recomeço do blog

Um amigo faz hoje 77 anos.
Desde há uns anos almoçamos ou jantamos com ele. Eu e mais 1 ou 2 amigas. Hoje almoçámos.

Fui eu que tive a tarefa de marcar lugar no restaurante o que foi difícil. Ou não atendiam a chamadas ou as condições que exigiam não me agradavam.

Acabei por aceitar um que guardavam se estivéssemos entre as 12h e as 12h30, não garantiam mesa na varanda nem junto às janelas frente ao Rio Tejo. Em desespero marquei.
Acabámos por não ir a esse, que hoje de manhã descobri que podia marcar pela internet um no Guincho. 

Simpático, espaçoso, mesa larga e encostada à janela com o mar ao pé, comida boa, foi uma óptima escolha.

Mas, ao contrário do que disse ontem, eu estava pouco faladora. Foi um almoço mais de risota que de conversa séria.

É que na mesa ao lado, mesa grande e redonda com oito pessoas, ainda a comida não tinha chegado e já tinham bebido cinco garrafas de vinho. Os convivas dessa mesa estavam óptimos sem sinal de álcool a mais. Até sairmos, eles ainda a comer, já iam nas nove.

Construímos histórias sobre as pessoas presentes nas outra mesa, casámos, divorciámos, arranjámos progenitores, sogras, etc.


Um pouco adolescentes mas o almoço foi muito divertido.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020




168º dia de recomeço do blog

Dizem que desde que estou mais velha falo com mais facilidade qualquer pessoa que não conheço, até chego a meto conversa. Tenho quem avalie isso positiva e simpaticamente e quem, especialmente uma grande amiga que me critica.
Estou-me mais ou menos nas tintas. 

Dois homens com máquinas fotográficas banais tiraram uma fotografia a um desgraçado de um velho (se calhar mais novo que eu), que estava sentado numa bancada. Sujo, andrajoso, sem dentes, sorria com um ar idiota na direcção dos homens. Os braços estavam esticados para a frente e os dedos indicador e polegar das mãos tocavam-se fazendo uma argola.

Sem pensar duas vezes passei por eles e disse-lhes em francês que deviam ter vergonha de tirar uma foto ao senhor, afinal eram portugueses, repeti em português e um deles zangado, perguntou-me se eu sabia quem ele era, não sabia? Claro que não e afastei-me para o lado Rossio e eles 1º de Dezembro.

E lembrei-me do Fouard, nosso guia em Marrocos, numa maravilhosa e bem organizada viagem que fiz há uns anos.
Íamos na camioneta quando vi que à frente ía uma carroça puxada por um burro, carregada de objectos, caixas, embrulhos e por cima e pelos lados, agarrados como podiam, iam imensas pessoas.
Saltei do meu banco e corri para a frente para junto ao vidro tirar uma foto àquela pobreza toda. Fouard pôs-se à minha frente e impediu-me. Não foram precisas muitas palavras para eu entender que ele estava a proteger o seu país, não deixando mostrar miséria como se fosse típico.

Julgo que foi qualquer coisa parecida que me fez interpelar os homens, desgostada que a nossa pobreza fosse fotografada.

A minha amiga, claro, criticou-me.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020



167º dia de recomeço do blog


Há muito tempo que não ia à baixa lisboeta.

Algumas pessoas, a permitir andar confortavelmente.

Artistas de rua, músicos, pintores e artesãos de bijutaria.
Pedintes com ar de estrangeiros, alguns com cães.
Em duas ruas diferentes, sentados no chão e com os cães ao lado, tinham o mesmo cartaz, em português e em inglês, "sou surdo, preciso de ajuda para mim e para os cães". 

Outro "artista", e assim o nomeio pelos diferentes letreiros que tinha onde colocar moedas. Poucas e todas escuras. Pelo humor merecia mais. Por exemplo, para o vinho, para as ganzas, por ser verdadeiro, e outros que tais.

Havia ainda os músicos. Violoncelo com flauta, saxofonista e outros. É muito agradável subir do Rossio em direcção ao Chiado com aqueles sons. Devíamos ir sempre preparados com umas moedas para estes músicos.

Comprei os livros que queria, que por serem recentes não tinham desconto na Feira do Livro que hoje abre e vim para casa. Dei-me então conta de como estava calor e vento e que uma crise alérgica estava a começar. E assim foi.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020



166º dia de recomeço do blog



Ética

Tenho ficado muito incomodada com o que leio escrito por colega médicos. 
Para alguns, o dinheiro, o horário de trabalho são talvez o mais importante.
Não da minha geração.

"Conceito antiquado" "Querem que sejamos escravos" "Façamos greve, se querem ver". Já li de tudo nas redes sociais.

Faz parte da nossa ética, podemos não poder resolver, mas mesmo se só avaliarmos e orientarmos se for caso disso é de grande utilidade. 

Lembrei-me de uma história passada comigo há muitos anos. Estava no Serviço Médico à Periferia a 400 km da minha residência. O hospital mais perto ficava a 30 quilómetros. Já depois de jantar bateram à porta. Era uma mulher que tinha ficado com uma espinha larga de bacalhau na garganta. Mandava embora? Não, fui buscar a minha pinça de sobrancelhas e com muito cuidado vi se conseguiria resolver a situação sem lesar a garganta ou mandar fazer a distancia até ao serviço de urgência. E consegui.

Poderia ter dito que estava fora do horário, que não tinha material apropriado etc. Mas assumi que era médica porque quis e sabia e devia pôr a minha utilidade para a população.

terça-feira, 25 de agosto de 2020



165º dia de recomeço do blog

Tenho assistido com tristeza às cenas provocadas pela Covid-19 e o bastonário da Ordem dos Médicos à qual pertenço.

Vejamos, em tempo de pandemia os médicos, vou só referir-me a estes, têm estado numa situação muito difícil.

Viu-se, sem ponta de dúvida, que o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) está desfalcado. 
Formam-se os médicos necessários, mas depois e porque as condições não são em termos monetários boas, ou vão para o privado ou emigram.

Durante esta situação catastrófica, nenhum SNS está preparado, na verdade. Mas ir buscar pessoal médico aos Centros de Saúde retirando-lhes parte da sua agenda presencial e pondo-os a trabalhar para a Covid-19, foi desastroso para as outras situações médicas. Muitas mortes por falta de assistência, ou pela ausência de consultas, todas pelo telefone, ou porque os doentes com medo de apanhar o vírus não recorriam à urgência hospitalar.

Recentemente outra situação que só não sabia quem não queria. A situação nos lares para idosos.
Bom, condições inferiores ao que se deseja, infecção e morte de muitos.

A Ordem dos Médicos, duvido se com toda a legalidade, fez uma auditoria ao lar onde morreram quase duas dezenas de idosos. 

E aqui vai começar o bastonário a fazer guerra ao governo, todos os dias a ir aos meios de comunicação social, com discurso agressivo e acusatório, a fazer mais propaganda do que a manifestar preocupação com a situação dos idosos. Defendendo médicos de forma cega, há os bons e os outros. Julgo que andou a fazer propaganda partidária a seu favor, ele é do maior partido da oposição.

O 1o Ministro, que deve estar absolutamente estafado, cometeu uma ingenuidade, dizer ao pé de jornalistas que os médicos eram cobardes. Não sei o contexto, sei que foi off record mas como a ética anda muito por baixo foi publicitado nas redes sociais.

Hoje houve uma reunião 1º Ministro e Bastonário. Ainda antes da reunião o discurso do bastonário estava mais manso e assim continuou no fim.

É um problema complicado. Deve haver lares muito piores do que este a que me referi. Oxalá se organizem os vários ministros que com isto têm a ver e que não é só a da Saúde.

Nota - Nunca votei no partido do 1º ministro nem no do bastonário.

Voltarei a propósito da ética.



segunda-feira, 24 de agosto de 2020



164º dia de recomeço do blog

Tinha de ser, cansada e a precisar de sossego, fiquei todo o dia em casa a ler. Precisava mesmo!

Grande Rubem Fonseca, na semana passada quando ficava sozinha li O Seminarista, que gostei muito. Hoje comecei e já li 100 páginas de A Grande Arte. É o título mas podia estar aplicado ao escritor. Como de costume mas neste talvez mais, as contínuas referências de cultura, vinhos, terras, Portugal e Brasil. Uma maravilha.

Ao contrário de certos livros cujos autores querem parecer muito cultos e fazem imensas citações a martelo, aqui é natural, era mesmo o que se esperava e fica bem. Vou a um terço mas promete.

Vou ler mais um pouco antes de fechar a luz.