quarta-feira, 22 de julho de 2020
131º dia de recomeço do blog
#o trabalho e o afecto#
Há 20 anos a trabalhar como empregada doméstica na mesma casa, pouco fala da sua vida. Das 9h às 17h, todos os dias. Os problemas, percebi agora, ficam lá fora.
Embora a mãe de 88 anos estivesse adoentada, maleitas da idade, não contou que há 3 dias tinha sido internada num hospital central.
Como de costume às 9h de hoje chegou. Foi pois com admiração que soube que a mãe tinha morrido esta noite. Chorosa mas rapidamente compôs-se.
Ofereci-me para ficar por cá mais um dia e uma noite, e ela disse que amanhã de tarde cá viria para cumprir o que tinha acordado, fazer até ao fim de semana dia e noite, uma vez que o patrão, da idade da mãe dela, está a recuperar de uma operação.
Mas e os 5 dias a que tem direito? ainda se perguntou. Não vou usar, afirmou.
Fiquei a pensar, esta aqui como empregada doméstica ganha como um médico recém especialista. É um ordenado que não é frequente para este trabalho. Será o dinheiro? O dever do cumprimento? Ou tem a ver com o tipo de afecto com a mãe que não é tão forte como se supõe?
Amanhã vou embora, ficarei sem compreender.
terça-feira, 21 de julho de 2020
130º dia de recomeço do blog
#Bangladesh#Índia#Vietname#
Na RTP 1 está a passar um programa da Catarina Furtado fez no Bangladesh. Miséria, um país de 20 milhões de pessoas em que a grande maioria vive abaixo do limiar de pobreza.
Nunca estive no Bangladesh, mas estive na Índia e no Vietname.
Talvez na Índia tenha sido mais visível aos meus olhos a fome, a miséria, as famílias que vivem na rua permanentemente. Chamou-me a atenção a diferença dos sem abrigos de Lisboa. Os pertences ficam todos arrumados quando partem para o trabalho e à noite cozinham nos passeios.
Mas também vi outros ainda mais pobres.
Não me posso esquecer de uma miúda pequena, de uns 7 anos com uma irmã bebé ao colo e outro irmão pequeno a seu lado. Uma pessoa que ia comigo tinha no bolso um Sugus, um repito e deu-lhe. A mais velha partiu-o com os dentes aos bocadinhos e distribuiu. Foi talvez a cena que mais me emocionou.
Senti que em certos momentos devo ter construído uma certa carapaça para diminuir a emoção provocada por certas situações.
Um amigo meu depois de viajar pela Índia, impressionado deixou de comer e chegou ao aeroporto bastante mais magro e frágil.
segunda-feira, 20 de julho de 2020
129º dia de recomeço do blog
Escrevo pouco depois da hora do almoço o que não é meu hábito.
De televisão ligada tento ouvir a conferência de imprensa da Direcção Geral de Saúde.
Caramba, quanto tempo ainda será necessário passar para perceberem que este modo de comunicação é completamente errado!
Muito demorado, sem suporte visual dos vários assuntos que têm respostas longas...e ocas. Quem consegue acompanhar? Como médica as palavras, os assuntos não me são estranhos. Mas fico esvaída, o débito verbal da ministra é insuportável, verdadeira picareta falante.
E porque continuo a ver?
domingo, 19 de julho de 2020
128º dia de recomeço do blog
#Malditos insectos#
Este ano tenho sido uma desgraçada. Será do calor que há mais pulgas, mosquitos e melgas? Ou estou mais doce?
Não há dia que não seja ameaçada por um bicho voador. Comprei "raid" de ligar à tomada mas não fico suficientemente protegida. Felizmente que não faço alergia aos repelentes, aos quais estou quase adicta.
Desde a minha viagem ao Vietname, onde consegui não ser mordida, que faz parte da minha "necessaire" o roll on e o spray para os tecidos.
Umas 2 vezes por dia dou por mim passar o repelente mesmo pela cara.
E porque me lembrei agora? Porque no escuro do quarto a única luz é a deste computador e já vi que vou ter companhia...ou não, que ele vai já fugir de mim.
sábado, 18 de julho de 2020
127º dia de recomeço do blog
#Bananas da Colombia#
![Colômbia](https://cdn-images.rtp.pt/EPG/imagens/37414_54614_17366.jpg?amp;w=270)
Acabei de ver na RTP2 mais um episódio das Inesquecíveis Viagens de Comboio, em que Phillipe Gougler nos leva a conhecer sítios, pessoas e zonas diferentes do planeta. Hoje foi na Colômbia.
Muito interessante e quem puder veja os episódios todos.
Depois de termos "andado" de motomesa, transporte dos pobres e a tábua dos miseráveis, dirigiu-se para as plantações de bananas.
Pelo clima, situam-se em locais muito altos e de difícil acesso, em que os trabalhadores para lá chegar têm de fazer caminhos incríveis de camionete de caixa aberta e depois a pé.
Por vales lindos, altíssimos, as bananas serão transportadas nas garruchas que mostro na foto roubada na net.
O peso dos cachos, uns 15 kg são inicialmente transportadas aos ombros.
Um trabalho pesadíssimo!
Todos os dias como uma banana, frequentemente da Colômbia.
Vou passar a ter mais respeito nesse momento porque nunca pensei que a banana da Colômbia desse tanto trabalho.
sexta-feira, 17 de julho de 2020
126º dia de recomeço do blog
#40º de temperatura, restaurante com distância recomendada#
Quase a acabar estes dias de descanso, ontem telefonei para um restaurante com esplanada em Constância, alguns kms adiante. Já depois de sentadas percebemos que seria impossível ficar ali, o calor era tanto que até custava a respirar.
Descobrimos outro com esplanada, julgo que só os fumadores arriscam ficar e uma parte interior com ar condicionado. Indiano, país bem habituado ao calor. Na Índia a comida é picante, e terá as suas razões, vamos experimentar a ver se nos alivia. Ficámos e comemos muito bem. A temperatura melhorou com o ar condicionado do carro.
Tirada uma fotografia, enviei aos filhos. Todos adultos.
Eis alguns dos comentários:
- Nem na mesma mesa se sentam! (risos)
- Já ser no mesmo restaurante, upa, upa (risos)
- E quando falam cada uma olha para o lado diferente...
É assim, tanto cuidado e ainda gozam, hehe.
quinta-feira, 16 de julho de 2020
125º dia de recomeço do blog
Não estou a fazer a digestão muito bem. Não é de certeza da salada russa com mayonnaise e dos filetes de peixe que fui comprar a um restaurante/tasca onde, quando aqui estou vou comer muitas vezes.
Porque a minha casa é fresca das paredes grossas de pedra com que foi construída, resolvi ir buscar e trazer.
Entrei no restaurante, imenso calor, não havia ar condicionado e vi as pessoas que ali trabalham ou com a máscara no queixo ou sem nenhuma. Nem uma viseira. Chamei a atenção à Emília, dona e trabalhadora, "ó senhora dra, se quiserem que venham cá e me multem, não aguentamos mais". Não tive coragem de dizer nada.
Lá trouxe a caixa com comida com óptimo aspecto.
Não comentei com a amiga que está cá comigo e com quem mantemos as distancias e todas as outras precauções mais que adequadas.
Comemos. Sobrou. Só me apetece ir deitar fora a caixa que guardei no frigorífico mas isso ia chamar a atenção para o facto, eu que nunca deito comida fora. A dificuldade de digestão é dos nervos, como diz o povo quando não sabe a razão. É mesmo dos nervos, impressionada com o que vi.
Oxalá nos safemos desta.
Amanhã prometo que cozinho.
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