quarta-feira, 25 de março de 2020


11º dia de isolamento social (COVID-19)




Ainda estamos aqui!


terça-feira, 24 de março de 2020


10º dia de isolamento social (COVID-19)

Almeida Garrett é um escritor português do século XIX.
Uma das suas obras mais conhecidas é as "Viagens Na Minha Terra". Fazia parte do programa do liceu e nós, jovens, achávamos muito aborrecido.
E eis que nestes dias de isolamento, peguei nele e encontrei esta parte que cito:

"Eu muitas vezes, nestas sufocadas noites de Estio, viajo até à minha janela para ver uma nesguita de Tejo que está no fim da rua, e me enganar com uns verdes de árvores que ali vegetam sua laboriosa infância nos entulhos do Cais do Sodré".

Nestes 10 dias de isolamento os meus passeios também são por casa. Não é verão, não vejo o Tejo, que moro noutra zona de Lisboa, mas vou à janela, às janelas, que dão para duas paisagens diferentes.
Vejo vizinhos por detrás das vidraças, um ou outro carro, raros, alguém passeando um cão (uma das excepções para se ir à rua).
A torre perto de mim tem um jardim. De forma isolada já vi pessoas a lerem, pai a jogar à bola com filho, ali à sombra alguém joga com uma raquete, são certamente dois mas ao outro não o vejo.
O meu prédio é rodeado por um terraço, sem relva e quantas vezes já pensei ir-me lá sentar com uma cadeirinha de praia que tenho na arrecadação, chapéu de palha e um livro. Mas ainda não o fiz. 
Certamente um dia...isto ainda está para durar.

segunda-feira, 23 de março de 2020



9º dia de isolamento social (COVID-19)


Não aguentei mais! Sei que não devia mas o trabalho caseiro é tão pesado!

Contratei uma senhora para me ajudar, logo hoje que era dia de mudar a cama e meter o édredon no saco.

Acho que o nome dela me agradou, chama-se Magda como eu, não é uma jovem como eu, e acreditei que teria muita experiência.

Acreditam que para meter o édredon no saco deu mil e uma voltas, pediu-me um youtube onde explicam


como se faz, acabou por conseguir segurando as pontas com molas. 1h20! Sim, Ela suava, tinha um ar cansado, felizmente era teimosa e conseguiu terminar a tarefa.

Mas não volta mais ainda por cima com isto do vírus.

domingo, 22 de março de 2020


8º dia de isolamento social (COVID-19)

Covid-19 nas prisões superlotadas do Brasil e o perigo de contágio


(...) "Imagine-se uma cela de quatro metros quadrados, praticamente sem luz natural nem circulação de ar, ocupada por duas dezenas de pessoas. É impossível que todos se deitem ao mesmo tempo para dormir. Alguns são amarrados às grades para não caírem durante o sono como se fossem morcegos(...)" "Esta é a realidade de sobrelotação" (...)

in Público


sábado, 21 de março de 2020


6º e 7º dia de isolamento social (COVID-19)

Os dias passam, é um tempo  tão diferente!


Lisboa Ainda

Lisboa não tem beijos nem abraços
não tem risos nem esplanadas
não tem passos
nem raparigas e rapazes de mãos dadas
tem praças cheias de ninguém
ainda tem sol mas não tem
nem gaivota de Amália nem canoa
sem restaurantes, sem bares nem cinemas
ainda é fado é poemas
fechada dentro de si mesma ainda é Lisboa
cidade aberta
ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste
e em cada rua deserta
ainda resiste.

Manuel Alegre
20 Março 2020



quinta-feira, 19 de março de 2020


5º dia de isolamento social (COVID-19)

A vida continua para alguns, outros...
Adeus Pedro Barroso. Arrependo-me de não te ter ido ouvir ao Cineteatro Virgínia em Dezembro. Deixas a tua música e as palavras.
Com a tua casa tão perto de Minde, terra que tem uma língua, antes dialecto minderico, cantaste-o. 






quarta-feira, 18 de março de 2020


4º dia de isolamento social (COVID-19)


Hoje estive parte do dia a ler. Ler em voz ciciada, só para mim. Para melhor captar o som, o ritmo e o sentido.

(...) É um mundo que começou a enlouquecer, disse de repente, sem preparação. Um mundo eficiente, de silêncio total, em que ninguém mais fala com ninguém. As pessoas estão sentadas, ombro contra ombro, à espera, mas o objectivo da espera é sempre falso, o autocarro, o comboio, o avião, porque todos os lugares são iguais e nada é diferente em parte alguma. E enquanto se espera o silêncio cresce, vai ficando sempre mais denso e mais pesado, e algumas pessoas começam a ficar inquietas, porque de repente percebem que estão bloqueadas, dentro de caixas de vidro, o universo é um conjunto gigantesco de sucessivas caixas de vidro, e elas apenas transitam, ou são transportadas, de umas para as outras, casas, escritórios, autocarros, hospitais, aeroportos, aviões, transatlânticos, é inútil percorrer milhões de quilómetros porque o mundo fica sempre cada vez mais longo, é como se flutuassem, imponderáveis, num espaço vazio, os seus pés não assentam mais sobre a terra, correm seis dias sobre escadas rolantes e tapetes rolantes e no sétimo dia ficam parados sobre uma alcatifa, e o mundo que não tocam mais vem até elas apenas em imagens, dentro da televisão-caixa-de-vidro. (...)

In O Silêncio de Teolinda Gersão.