domingo, 12 de junho de 2011
sábado, 11 de junho de 2011
Poema - Jorge Sousa Braga
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INCUBADORA
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Era tão pequena a mão que
Nem o seu dedo mendinho
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Conseguia agarrar. Pesava
Quinhentos gramas e respirava
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Sem ajuda do ventilador
O coração da sua mãe quase
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Que não batia com receio de
Que ele sufocasse sob o peso
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Do seu amor
Etiquetas:
Jorge Sousa Braga,
Poesia
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Inês! Ai, ai, um, dois e três!
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Inês! A miúda terá uns 2 anos, e finge não ouvir. Inês! torna a chamar a mãe, e a miúda nada. Já com voz mais forte e com uma musicalidade meiga, a mãe diz "Inês, um, dois, três! E eis que a criança vem a correr embora, de forma bem afirmativamente vá dizendo "Não!".
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Sentaram-se perto de mim na praia, pelo que vou mesmo sem querer, escutando e observando.
Primeiro foi para pôr creme de proteção solar. A mãe a chamar e a criança a ignorar, depois para vir descansar na toalha e mais tarde para deixar de ter os pés na água.
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E a boa da Inês, com a tal frase mágica, ameaçadora e indiciadora de qualquer coisa acordada com a mãe, lá vem vindo, mas mantendo sempre um "Não" verbal e bem afirmado.
Ao chegar perto da mãe, ouve dela a explicação porque tinha de vir, numa voz suave e meiga.
Primeiro foi para pôr creme de proteção solar. A mãe a chamar e a criança a ignorar, depois para vir descansar na toalha e mais tarde para deixar de ter os pés na água.
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E a boa da Inês, com a tal frase mágica, ameaçadora e indiciadora de qualquer coisa acordada com a mãe, lá vem vindo, mas mantendo sempre um "Não" verbal e bem afirmado.
Ao chegar perto da mãe, ouve dela a explicação porque tinha de vir, numa voz suave e meiga.
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René Sptiz, nascido no século XIX e que morreu no dia e ano da Revolução dos Cravos, foi um psicanalista que observou o desenvolvimento de crianças na relação com as mães, comparando com crianças em orfanatos. Determinou nos primeiros anos de vida da criança, pontos cruciais do desenvolvimento do Eu, os organizadores psíquicos, que correspondem a patamares de novos funcionamentos mentais.
Por volta dos 15-18 meses, a criança começa a dizer "Não" abanando a cabeça. O 3º organizador de Sptiz, o "Não", com vários sentidos, como explicitar a sua vontade mas também iníciando a sua capacidade de se reconhecer enquanto diferente do outro.
A mãe, com as suas regras, lembrava-lhe que o princípio do prazer não pode levar a sua sempre avante.
E assim se cresce.
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mãe e filha,
não,
organizador,
Sptiz
quinta-feira, 9 de junho de 2011
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Poema - Filipa Leal
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OS QUE NÃO VIAM
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Na cidade, os que não viam
perguntavam:"Estás aí?"
mesmo quando não falavam
ao telefone.
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E tudo era pausa
sem a nítida respiração
das coisas.
Tudo era ainda
à espera da voz, do som
natural ou improvável.
Tudo era antes de ser.
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Havia também os que viam.
Mas esses, tragicamente,
perguntavam menos.
OS QUE NÃO VIAM
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Na cidade, os que não viam
perguntavam:"Estás aí?"
mesmo quando não falavam
ao telefone.
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E tudo era pausa
sem a nítida respiração
das coisas.
Tudo era ainda
à espera da voz, do som
natural ou improvável.
Tudo era antes de ser.
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Havia também os que viam.
Mas esses, tragicamente,
perguntavam menos.
terça-feira, 7 de junho de 2011
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Aconteceu...que a rádio é uma grande companhia
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Mais uma viagem, desta vez para uns dias de férias.
Nestes últimos tempos têm sido várias, de avião ou de carro. Por ser mais uma, um destes dias alguém comentou que eu ganharia mais se fosse paga ao quilómetro. Boa boca, é verdade que tenho andado bastante. Mantenho um grande prazer em guiar o meu carro.
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Se viajo sozinha, o rádio é a minha companhia. Se apanho conversas sobre um assunto que me prenda, fico atenta, duplamente, à conversa e à estrada.
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Hoje ouvi em repetição, o Governo Sombra, programa de crítica com humor à situação política. Logo no início, num comentário ao resultado das eleições de ontem, Ricardo Araújo Pereira diz, com imensa graça, "ganhou a troika, que jogou com uma tripla". Rimo-nos com a ironia do Ricardo, mas estamos metidos num enorme imbróglio do qual não sabemos como o país, nós todos, vamos sair com o bónus desta tripla.
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Mudei de estação e ouvi À volta dos Livros, quando entrevistavam o Júlio Machado Vaz. Oiço-o sempre que posso, é um excelente comunicador, com humor e facilidade de traduzir o seu saber científico para uma conversa coloquial. Mas hoje era sobre o seu blog, cuja existência eu desconhecia. Tem cerca de 500 visitas por dia, o que eu acho imenso. Ele desvalorizou a quantidade mas referiu a conversa que existe entre os comentadores, passando de blog a tertúlia. Interessante!
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Os quilómetros passaram depressa.
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Os quilómetros passaram depressa.
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