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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Aconteceu...que a rádio é uma grande companhia

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Mais uma viagem, desta vez para uns dias de férias.
Nestes últimos tempos têm sido várias, de avião ou de carro. Por ser mais uma, um destes dias alguém comentou que eu ganharia mais se fosse paga ao quilómetro. Boa boca, é verdade que tenho andado bastante. Mantenho um grande prazer em guiar o meu carro.
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Se viajo sozinha, o rádio é a minha companhia. Se apanho conversas sobre um assunto que me prenda, fico atenta, duplamente, à conversa e à estrada.
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Hoje ouvi em repetição, o Governo Sombra, programa de crítica com humor à situação política. Logo no início, num comentário ao resultado das eleições de ontem, Ricardo Araújo Pereira diz, com imensa graça, "ganhou a troika, que jogou com uma tripla". Rimo-nos com a ironia do Ricardo, mas estamos metidos num enorme imbróglio do qual não sabemos como o país, nós todos, vamos sair com o bónus desta tripla.
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Mudei de estação e ouvi À volta dos Livros, quando entrevistavam o Júlio Machado Vaz. Oiço-o sempre que posso, é um excelente comunicador, com  humor e facilidade de traduzir o seu saber  científico  para uma conversa coloquial. Mas hoje era sobre o seu blog, cuja existência eu desconhecia. Tem cerca de 500 visitas por dia, o que eu acho imenso. Ele desvalorizou a quantidade mas referiu a conversa que existe entre os comentadores, passando de blog a tertúlia. Interessante!
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Os quilómetros passaram depressa.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Aconteceu...orgulho familiar

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Era eu criança quando fui às Berlengas num dos "cacilheiros" que na altura faziam a travessia a partir de Peniche. O dia estava bonito, céu azul, e preparávamo-nos para um dia divertido.
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Ainda com a embarcação atracada, a tripulação indicou-nos que não poderíamos ir no tejadilho da cabine para ver melhor, como o meu pai tinha imaginado. Contrariados, cumprimos e descemos. Seguiu-se uma distribuição de baldes de 5 litros pelos passageiros. Só à saída percebi bem para que serviam, pois acabaram cheios de vomitado. Longe da realidade, a minha família não aceitou nenhum.
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Saímos para o mar e algum tempo depois o barquito era uma casca de nós que subia e descia umas ondas enormes. Na ausência de balde vomitei mesmo borda fora, no que fui seguida pelo meu pai. A minha mãe foi uma heroína, uma das poucas que se aguentou sem perder parte do seu suco gástrico.
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Deitado no chão, agarrado à perna de um banco e oscilando ao sabor das ondas, ia uma criança, dos seus 10 anos. Esbodegado, pálido quase branco, o Vasco, assim se chamava, vomitava abundantemente. O seu apelido era Gama. E com ar altivo, o pai disse-lhe, de forma crítica e depreciativa "Vasquinho, na nossa família não se vomita!".
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Quando tempos mais tarde este episódio era recordado, provocava umas boas gargalhadas.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Aconteceu...em viagem, nomes bons para jogos de palavras

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A auto-estrada São Paulo Rio de Janeiro, tem um rígido controle da velocidade, que no máximo é de 120, mas pode uns metros à frente passar a 80 e logo de seguida a 100 km/hora. Há frequentes postos da polícia. Funciona a "lei seca", um copo de cerveja já acusa no aparelho da polícia. Diz que houve franca diminuição de acidentes com estas medidas.
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Atravessam-se extensas zonas variadas, de serra e de pasto agora seco.
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O carro é sobrevoado por bandos de aves de rapina pretas, asas grandes. São urubus, aves necrófilas, que procuram cadáveres para se alimentar.
Nos pastos vêm-se muito gado. Chamou-me a atenção umas vacas brancas, semelhantes às sagradas indianas. Também estas estavam esqueléticas, o que me espantou. São de facto bois nelori, uma raça zebuína, a mesma das indianas. Gostam do calor e dão-se bem por aqui. O gado no Brasil alimenta-se de pasto, e não de ração, e o facto de se estar numa época "entre safra" faz com que agora não estejam prontos para a engorda. Parece que esta raça nunca ficará gorda como outras qualidades de bois, mas que a carne é muito saborosa.
O Brasil é um grande produtor de carne de vaca. Com os inúmeros puns das mesmas, contribui certamente bastante para o aquecimento global.
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Placas para sair da auto-estrada, com nomes de terras vão aparecendo, umas bem portuguesas como Queluz, Resende ou Penedo.
Outras de origem índia como Itaquaquecetuba, Caraguatatuba, Caçapava, Pindamonangoba, Guaratingueta.
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E pronto, toca a jogar à forca e ganhar.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Aconteceu...em viagem, ele há cada história!

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No avião rumo ao Rio de Janeiro, sentou-se a meu lado um homem de meia-idade, aspecto simples e rural.

Ainda estávamos em terra, e toca o telemóvel dele. Ouvi-o atender e surpresa, dar ordens sobre a rega dos tomates e dos pimentos, com pormenor de horário e quantidade de rega.

Manteve o telemóvel ligado e já no ar um novo telefonema e as ordens eram sobre a rega dos pepinos. Confesso que fiquei perdida de riso...e de curiosidade.
Como nenhum tripulante lhe deu nenhuma indicação directa sobre medidas de segurança como o desligar do telemóvel, disse-lhe eu. Ficou aflito e desligou-o, e aproveitou para me contar a sua aventura. Era a primeira vez que andava de avião.


Era de uma aldeia do centro do País e nunca tinha viajado mais do que uns quilómetros em roda da sua terra. Pequeno agricultor, tinha empregado para trabalhar consigo uma brasileira. Aqui falou de uma maneira especial, baixou a voz como se de um segredo se tratasse. Só que ela, na semana anterior, sem aviso prévio e sem que ele percebesse o porquê quis voltar para o Brasil. Disse-me que ela lhe fazia muita falta, tinha quase chorado, implorado para que ficasse, mas ela tinha partido.

Uns dias depois ela telefonou-lhe, arrependida, queria voltar para Portugal, pediu-lhe que ele a fosse buscar. Com o coração aos pulos, dispôs-se a ir, sem hesitar. Arranjou um vizinho que lhe ia tratar de regar as hortas durante a sua ausência. E lá estava ele, já com dois bilhetes comprados de volta para dois dias depois.
Não sabia onde ela se encontrava, só tinha o número do telemóvel. À saída desejei-lhe boa sorte.
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A brasileira tinha-lhe dado a volta ao coração...e à cabeça.
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Quanto aos tomates, pimentos e pepinos, esperemos que o vizinho tenha sabido cuidar.