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Tudo o que o meu pai me disse quando, aos 15 anos, declarei em família que iria começar a escrever poesia
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.................."antes
...................de te sentares
...................à mesa
...................lava bem
...................essas mãos."
quinta-feira, 26 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Aconteceu...se tem saúde, toca a descansar!
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"Queremos dinheiro, não queremos trabalho".
Assim mesmo, sem tirar nem pôr, escrito a spray com letra pouco cuidada, numa parede da minha cidade.
Finalmente há alguém que pensa e muito! Trabalho? Pois "se o trabalho dá saúde, que trabalhem os doentes", sempre se ouviu dizer.
Ainda por cima, nesta época em que vivemos, há muitos desempregados e pouco trabalho, se todos trabalhassem, os doentes não melhorariam nunca mais.
Quanto a dinheiro, isso é outra conversa, todos precisamos.
Há que ser criativos.
Mau, mas a criatividade não é, enquanto processo, um trabalho? Como sair desta?
terça-feira, 24 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Poema - Maria do Rosário Pedreira
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FADO
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FADO
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Dizem os ventos que as marés não dormem esta noite.
Estou assustada à espera que regresses: as ondas já
engoliram a praia mais pequena e entornaram algas
nos vasos da varanda. E, na cidade, conta-se que
as praças acoitaram à tarde dezenas de gaivotas
que perseguiram os pombos e os morderam.
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A lareira crepita lentamente. O pão ainda está morno
à tua mesa. Mas a água já ferveu três vezes
para o caldo. E em casa a luz fraqueja, não tarda
que se apague. E tu não tardes, que eu fiz um bolo
de ervas com canela; e há compota de ameixas
e suspiros e um cobertor de lã na cama e eu
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estou assustada. A luz está apenas por metade,
a terra trema. E eu tremo, com medo que não voltes.
domingo, 22 de maio de 2011
Aconteceu...todos os anos é a mesma coisa
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É numa pasta onde durante o ano se vão enfiando, que coabitam aqueles papéis, todos misturados, uns de pernas para cima, outros de pernas para baixo, uns pequenos, outros largos, juntinhos.
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Tantos meses assim, mais de um ano para alguns, ali fechados, espalmados uns contra os outros, imagino que talvez tenham travado conhecimento entre si, quem sabe se relações de amizade ou mesmo algum namoro. Será talvez por isso que tenho algum pudor e adio, dia a dia, mexer-lhes.
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Tantos meses assim, mais de um ano para alguns, ali fechados, espalmados uns contra os outros, imagino que talvez tenham travado conhecimento entre si, quem sabe se relações de amizade ou mesmo algum namoro. Será talvez por isso que tenho algum pudor e adio, dia a dia, mexer-lhes.
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Chegado a esta altura do ano, essas eventuais relações vão acabar, coitados, outras vão ser construídas, por força da lei, vão ser organizados. Quer queiram quer não, serão separados, classificados por rubricas.
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E eis que falta um, não estava na pasta, terá fugido, tentando determinar o seu destino, mas em vão, acaba por ser encontrado.
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Todos os anos é assim, uma luta com os papéis, que há que preencher o impresso do IRS na internet, submeter e enviar.
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Todos os anos é assim, uma luta com os papéis, que há que preencher o impresso do IRS na internet, submeter e enviar.
sábado, 21 de maio de 2011
Poema - Eugénio de Andrade
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CABEDELO
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As gaivotas
as gaivotas demoram-se no Cabedelo
sabem que o sol também se demora
e só a bruma
hoje virá à tona.
CABEDELO
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As gaivotas
as gaivotas demoram-se no Cabedelo
sabem que o sol também se demora
e só a bruma
hoje virá à tona.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
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