segunda-feira, 25 de abril de 2011

Poema - Alberto de Lacerda

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Juntos
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O país que inventámos
Sem querer

domingo, 24 de abril de 2011

Aconteceu...O Compasso e a proximidade social

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Hoje é domingo de Páscoa, e isso fez-me lembrar  mais uma história passada no Serviço Médico à Periferia (SMP), quando, logo no início da vida profissional, fui colocada numa vila do Norte de Portugal.

Toda a gente sabe o que é o Compasso, também conhecido pela visita Pascal? Talvez, quem tem educação religiosa ou mora em terras pequenas. Não é o meu caso e aqui em Lisboa não sei se ainda existe. Resistem, isso sei, tenho uma mesmo à porta, algumas procissões de tradição muito antiga, em alguns bairros populares.

Nos anos 80 não havia o Google, esta ferramenta que nos permite quase sem esforço saber um pouco de quase tudo. 


Pois o Compasso, é a visita que um grupo de pessoas lideradas pelo padre faz às casas/ famílias da sua paróquia, neste dia. Com ele vai a cruz de Cristo e vão informar da Ressurreição de Cristo  e abençoar as casas. É suposto haver alguma comida e bebida e ofertas para o padre...que acrescento eu, deve chegar ao fim do dia enfartado e bem bebido.

Pois lá na vila nortenha onde estávamos colocadas, a Lecas e eu, alguém nos avisou desse evento, como agora se diz, sem nos explicar grande coisa.
Ficamos bastante atrapalhadas. E agora, que se faz? O que se diz? Não conhecíamos ainda muita gente, nenhuma a quem perguntar.

E como jovens que éramos, resolvemos de uma maneira infantil de que hoje nos rimos.
Não é que fechámos as persianas simulando não haver ninguém e ficámos lá dentro muito quietinhas até a cerimónia passar para outra rua?!

Sei hoje que não teríamos sido visitadas quase de certeza. O Compasso não é uma invasão de uma casa, há um conhecimento prévio de quem deseja ser visitado.

Independentemente do acto enquanto religioso, este acontecimento é uma situação de proximidade, que contrasta com a indiferencia, o isolamento e o  desconhecimento da vizinhança nas grandes cidades. 

sábado, 23 de abril de 2011

Aconteceu...Fim-de-tarde em Lisboa

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.......................................................Foto - Magda

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Poema - Gastão Cruz

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NESSE NUNCA

Nunca se pensa que virá um dia
em que essa idade como bruma fria
será a que teremos; todavia

nesse nunca está ela já contida:
se o pensamento desconhece a vida,
dela recebe o sangue da ferida

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Aconteceu...Incontinência verbal!

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Há pessoas por quem temos estima e consideração. Não que as tenhamos conhecido pessoalmente, mas pelo que fizeram nalguma época  e pelo que simbolizam.
Poderíamos dizer que se tornaram uns ídolos.
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Anos depois, começam  a disparatar. 
Não, não estamos a ouvir isto, pensamos. Não pode ser! Está totó! Xexé! Completamente xoné!

As pessoas envelhecem.
Pensar que é por doença que não sabem o que dizem, que estão a perder o juízo,  ajuda a evitar a critica, embora se fique triste.
Tenta-se assim, dentro de nós, preservar a sua imagem. 

Tenho uma amiga que costuma pedir que se algum dia a virmos fazer certas figuras, que a protejamos. Que alguém faça o mesmo comigo, se for caso disso.
E todos devíamos ter um ou mais amigos para essas alturas. Evitar-se-ia muita coisa. Não pensem que estou a defender a interdição  ou coisa parecida. É que a troca de ideias pode bastar para fazer a pessoa cair em si, depois de pensar...e antes de falar ou fazer.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Poema - Miguel-Manso

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estão a demolir pedra
a pedra o prédio do lado


quem passa agora na rua
parece lamber com o olhar
a falta de um dente