domingo, 12 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
Poema - Fiama Hasse Pais Brandão
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O MELRO
Tanto quanto eu, ele ama
as folhas secas, debica-as
e devora-as. Está a procurar
debaixo da face da folha
os vermes. Percorre com apuro
recessos, as nervuras.
Trabalha com amor
para a sua memória.
O MELRO
Tanto quanto eu, ele ama
as folhas secas, debica-as
e devora-as. Está a procurar
debaixo da face da folha
os vermes. Percorre com apuro
recessos, as nervuras.
Trabalha com amor
para a sua memória.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Aconteceu...memória do elevador dos pratos
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A casa dos avós era grande.
A cozinha era no rés-do-chão, a sala de jantar no 1º andar. Uma por cima da outra. Para não se andar escada acima escada abaixo, havia um pequeno elevador manual transportava a comida e os pratos da copa, junto à cozinha, para a sala. Cá em cima, uma empregada puxava ou segurava a corda, punha ou tirava conforme a tarefa necessária.
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Este elevador era um fascínio para nós, crianças, que com os nossos pais morávamos em andares.
De férias lá em casa, sonhávamos sermos nós os transportados. Imaginávamos um de nós podia ir lá dentro e os outros dois a puxarem ou segurarem o elevador.
Claro que certamente ele dispararia em velocidade e eventualmente bateria com força no chão. Com um de nós lá dentro, com propriedade deveríamos dizer "bater com os ossos no chão".
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Não teremos avaliado o perigo de forma consciente, mas tinhamos alguma noção dele e também do interdito, que não teríamos o apoio dos adultos. Fazíamos então os "preparativos" às escondidas, que não passavam de "preparativos", de fantasias aventurosas.
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Nunca chegamos a descer. Não sei se alguém falou, se foi adivinhação dos avós, mas a regra que o elevador era só para pratos foi explicitada e nunca tivemos coragem de desobedecer.
A casa dos avós era grande.
A cozinha era no rés-do-chão, a sala de jantar no 1º andar. Uma por cima da outra. Para não se andar escada acima escada abaixo, havia um pequeno elevador manual transportava a comida e os pratos da copa, junto à cozinha, para a sala. Cá em cima, uma empregada puxava ou segurava a corda, punha ou tirava conforme a tarefa necessária.
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Este elevador era um fascínio para nós, crianças, que com os nossos pais morávamos em andares.
De férias lá em casa, sonhávamos sermos nós os transportados. Imaginávamos um de nós podia ir lá dentro e os outros dois a puxarem ou segurarem o elevador.
Claro que certamente ele dispararia em velocidade e eventualmente bateria com força no chão. Com um de nós lá dentro, com propriedade deveríamos dizer "bater com os ossos no chão".
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Não teremos avaliado o perigo de forma consciente, mas tinhamos alguma noção dele e também do interdito, que não teríamos o apoio dos adultos. Fazíamos então os "preparativos" às escondidas, que não passavam de "preparativos", de fantasias aventurosas.
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Nunca chegamos a descer. Não sei se alguém falou, se foi adivinhação dos avós, mas a regra que o elevador era só para pratos foi explicitada e nunca tivemos coragem de desobedecer.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Poema - José Jorge Letria
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QUANDO EU FOR PEQUENO
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Quando eu for pequeno, mãe,
Quero ouvir de novo a tua voz
Na campânula de sons dos meus dias
Inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
Com a certeza dócil de que só o empedrado
E o cansaço da subida
Me entregarão ao sossego do sono.
.
Quando eu for pequeno, mãe,
Os teus olhos voltarão a ver
Nem que seja o fio do destino
Desenhado por uma estrela cadente
No cetim azul das tardes
Sobre a baía dos veleiros imaginados.
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Quando eu for pequeno, mãe,
Nenhum de nós falará da morte,
A não ser confirmarmos
Que ela só vem quando a chamamos
E que os animais fazem um círculo
Para sabermos de antemão que vai chegar.
QUANDO EU FOR PEQUENO
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Quando eu for pequeno, mãe,
Quero ouvir de novo a tua voz
Na campânula de sons dos meus dias
Inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
Com a certeza dócil de que só o empedrado
E o cansaço da subida
Me entregarão ao sossego do sono.
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Quando eu for pequeno, mãe,
Os teus olhos voltarão a ver
Nem que seja o fio do destino
Desenhado por uma estrela cadente
No cetim azul das tardes
Sobre a baía dos veleiros imaginados.
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Quando eu for pequeno, mãe,
Nenhum de nós falará da morte,
A não ser confirmarmos
Que ela só vem quando a chamamos
E que os animais fazem um círculo
Para sabermos de antemão que vai chegar.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Aconteceu...7 de Dezembro 2009 - 7 de Dezembro 2010
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"Certos Dias Acontece" faz hoje 1 ano!
"Certos Dias Acontece" faz hoje 1 ano!
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Começou por ser um espaço a que me "obriguei" a vir escrever regularmente, na sequência de ter ficado imobilizada em casa depois de ter partido um pé.
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Se reconheço que pode ser óptimo não ter obrigações e ter o tempo à nossa disposição, também sei que os marcadores do tempo são organizadores da vida.
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Para o crescimento e para a organização mental de uma criança, as marcas do dia com as suas actividades entre elas é fundamental. Pequeno almoço, almoço, lanche, jantar, aulas, brincar depois de estudar, dormir à noite, pode parecer rígido. Mas é muito importante. Vemos as dificuldades de crescimento harmonioso das crianças com meios familiares desorganizados e onde esta regularidade não acompanha os outros cuidados necessários.
Começou por ser um espaço a que me "obriguei" a vir escrever regularmente, na sequência de ter ficado imobilizada em casa depois de ter partido um pé.
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Se reconheço que pode ser óptimo não ter obrigações e ter o tempo à nossa disposição, também sei que os marcadores do tempo são organizadores da vida.
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Para o crescimento e para a organização mental de uma criança, as marcas do dia com as suas actividades entre elas é fundamental. Pequeno almoço, almoço, lanche, jantar, aulas, brincar depois de estudar, dormir à noite, pode parecer rígido. Mas é muito importante. Vemos as dificuldades de crescimento harmonioso das crianças com meios familiares desorganizados e onde esta regularidade não acompanha os outros cuidados necessários.
Sabemos, como uma pessoa adulta deprimida ou desorganizada psiquicamente pode não se dar conta que anda com horas trocadas, que se esqueceu de almoçar, de compromissos às vezes importantes.
O blog apareceu assim, num período pouco movimentado da minha vida, e teve também com uma função defensiva, com a sua estrutura alternada e organizada de texto, poema, imagem. E pouco a pouco comecei a divertir-me com ele, a entusiasmar-me e ele começou a fazer parte da minha vida. A minha escrita aqui passou a ser um marco afectivo diário.
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O blog apareceu assim, num período pouco movimentado da minha vida, e teve também com uma função defensiva, com a sua estrutura alternada e organizada de texto, poema, imagem. E pouco a pouco comecei a divertir-me com ele, a entusiasmar-me e ele começou a fazer parte da minha vida. A minha escrita aqui passou a ser um marco afectivo diário.
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Meses mais tarde o pé sarou, e a minha actividade habitual recomeçou. Mas o blog continuou.
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Os textos são curtos, fruto da minha experiência de vida, viagens, comentários de notícias e aqui e ali com apoio do meu conhecimento profissional.
Os poemas fazem parte de um bocadinho da minha leitura diária.
As imagens, essas tiveram alguma evolução. Diminuíram os vídeos retirados da net, que também exigem mais tempo para a pesquisa, e aumentaram as fotos que são um pouco do meu olhar.
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Pouca gente escreve comentários, embora por outras vias receba algumas opiniões. Mas um contador de visitantes mostra que passam por cá, até ao momento de publicar hoje, 8839 passaram.
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Cá continuarei... enquanto me der prazer!
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Os textos são curtos, fruto da minha experiência de vida, viagens, comentários de notícias e aqui e ali com apoio do meu conhecimento profissional.
Os poemas fazem parte de um bocadinho da minha leitura diária.
As imagens, essas tiveram alguma evolução. Diminuíram os vídeos retirados da net, que também exigem mais tempo para a pesquisa, e aumentaram as fotos que são um pouco do meu olhar.
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Pouca gente escreve comentários, embora por outras vias receba algumas opiniões. Mas um contador de visitantes mostra que passam por cá, até ao momento de publicar hoje, 8839 passaram.
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Cá continuarei... enquanto me der prazer!
Etiquetas:
marcadores do tempo,
marcos,
marcos afectivos,
organização
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
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