domingo, 4 de julho de 2010

Aconteceu...Quem dá e tira (não paga) ao inferno vai parar?

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Há tempos convidaram-me para moderar uma mesa num encontro sobre problemática respeitante às crianças e adolescentes. Para além de moderar também me pediram para apresentar um trabalho. Aceitei de bom grado. Era no Algarve. Avisaram-me que a autarquia me pagaria a dormida e a deslocação. Quanto a honorários informei não pretender pagamento pelo trabalho.
Foi um dia de trabalho interessante e produtivo.
Quando chegou a altura de me pagarem a viagem, confrontei-me com o facto de me pedirem um recibo verde no valor da gasolina e as portagens, que o carro da deslocação era o meu. Não tenho vida liberal e como tal não tenho recibos verdes. Tenho até um contrato de exclusividade com o estado. Expliquei e solicitei outra solução. Nem me parecia que fosse esta a maneira adequada. Depois de uma troca de 2 mails e uma vez que vi que não ia haver solução, redigi um mail um pouco irónico oferecendo ao não-pagador o dinheiro da deslocação.
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Li num jornal que ao fotógrafo Paulo Nozolino tinha sido atribuído o Prémio 2009 para as Artes Visuais pelo Estado. Já depois da cerimónia de entrega, foi informado que lhe iriam transferir o valor depois de deduzido o IRS, assim como mais uma série de outras condições como "que preenchesse uma nota de honorários e exigido que apresentasse certidões da situação contributiva, para a Segurança Social, e tributária, junto das Finanças" sem as quais não haveria transferência.
Chamou-lhe má fé, recusou o prémio e exigiu mesmo "não constar do historial dos premiados".
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Há coisas que considero estranhas e irritantes.
Aceito que estamos em contenção, que as verbas têm de ser muito bem geridas, o que nem sempre é evidente aos olhos do leigo que vê. Mas há que ponderar o que se oferece porque quem dá e tira (não dá) ao inferno vai parar.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Poema - Alexandre O ´Neill

CHAVAL

Entre o Bem e o Mal
cresce a borbulha na cara do chaval.

O chaval ainda não sabe
que a barba,bem ou mal
feita, é uma banalidade matinal.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Aconteceu...que hoje esteve um dia muito bom para estar de folga

Um psiquiatra americano fez uma investigação interessante, na segunda metade do século XX. Formulou como hipótese a provar que certas doenças mentais, nomeadamente a psicose, eram potêncialmente "contagiosas".
Numa casa residência de doentes mentais portadores de psicose, vários técnicos foram viver para lá, isolados do exterior durante um certo tempo.
Com regularidade iam fazendo relatórios-relatos da vida da casa. Os primeiros eram cheios de observações de comportamentos bizarros e descrições compatíveis com o esperado. Mas, e isso é o curioso, conforme o tempo ia passando, as observações relatadas eram cada vez com menos observações de coisas estranhas e quase tudo era vivido como uma terna "normalidade".
De certa maneira a hipótese foi provada. No fundo já se "sabia", que a psicose não só é invasora do próprio, como invade quem com ela convive sem outros modelos. Não que se fique com a doença, mas com uma adaptação a outras formas de funcionamento em deterimento do mais habitual.
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Talvez por isso dizia-se e se calhar ainda há quem pense que os psiquiatras são todos um bocado passados. O ditado aligeira e diz que de médico e de louco todos temos um pouco.
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Não trabalhando só com psicóticos, longe disse felizmente para todos, nos serviços pedopsiquiatria trabalhamos todo o dia com pessoas que nos procuram com os problemas dos seus filhos, de crianças sem pais , as suas dificuldades, angústias, seus comportamentos desajustados.
Ouvimos, falamos, relacionamos para procurar entender, ajudar o outro a perceber as suas dificuldades e a intervir conforme as necessidades e as possibilidades.
Certos dias trazemos na cabeça, ou no coração, as frases, o sofrimento que é vivido junto de nós. Acrescido de nem sempre temos os recursos necessários e necessitamos de, caso a caso, "inventar" soluções.
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Hoje tive um dia de descanso, que me soube muito bem. Foi o recarregar a bateria para amanhã continuar.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Poema - David Mourão Ferreira

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Olhas o céu
E a terra é tua
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Deixa que o céu
te desiluda