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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Aconteceu...uma maldade feita a crianças

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Durante as férias grandes, os primos iam passar uns dias a casa dos avós. .
Um dia foram com os avós passar o dia a uma quinta. Tão diferente da vida habitual da cidade! Muito espaço para brincar, e umas capoeiras com galinhas, pintos e coelhos.
Com as duas mãos em concha e com muito cuidado, pegavam nos pintainhos amarelos, depois nos coelhos, tão fofos como os bonecos de peluche com que brincavam.
De volta para casa dos avós, cada um trouxe um coelho, com que brincava como se de um amigo se tratasse.
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Um dia acordam com uma má notícia. Um coelho tinha morrido, informou a avó. Ficaram tristes e choramingaram.
Dias mais tarde foi outro coelho, e passado uns dias o último também desapareceu.
Qualquer coisa fez com que os primos começassem a desconfiar, teriam comido os coelhos? E com horror confirmaram, que por sentido prático mas com insensibilidade lhos tinham servido à mesa. Tinham mesmo incorporado os amigos peludos!
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Zangaram-se muito com a avó.
E durante anos nenhum deles conseguiu voltar a comer coelho.
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Outro fim - depois do acontecido as crianças começaram "A negligênciar os estudos e tornaram-se vagabundas. Conta-se que se embebedavam e partiam vidros."* E nunca mais acreditaram nas avós.
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* in O Elefante, Mrozeck

sábado, 2 de outubro de 2010

Aconteceu...capacidade empática

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Os pais da Ana e do Pedro andaram muito tempo desavindos. Poucas conversas entre eles, entremeadas com discussões e gritos, que depois tentavam abafar ao lembrarem-se dos filhos.
Os irmãos, de menos de 8 anos, abrigavam-se no quarto, assustados, e tentavam apoiar-se mutuamente.
Esta relação entre os irmãos era uma forma de sobrevivência
Duraram algum tempo estas zangas e guerras entre os pais, até que resolveram separar-se. Virados para si próprios pouco falaram com os filhos sobre o assunto, e os miúdos foram para casa dos avós, numas férias prolongadas.
Os pais foram tentar a vida, separadamente para longe. Muito de vez em quando apareciam.
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Dois anos se passaram. Um dia a mãe veio avisar que tinha arranjado namorado e casa e levou a Ana com ela. Foi muito difícil a despedida dos irmãos.
Quinzenalmente ela vinha passar o fim de semana com o irmão e os avós.
Nessa altura brincavam muito. Falavam pouco da sua situação de se encontrarem separados. Para o Pedro, a mãe tinha preferido a Ana. Ela também pensava o mesmo e sentia-se mal com isso.
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Certo dia, estando a brincar no jardim, ouviram um miar aflitivo. Foram procurar e era um gatinho pequeno, muito bonito, amarelo às risquinhas. Estava sozinho. Os irmãos aproximaram-se e ele não fugiu. Deixou-se acarinhar, calou-se por breves instantes.
A Ana, toda entusiasmada, propôs logo ao irmão levá-lo para casa. Vem connosco, disse ela, os avós vão deixar de certeza, tratamos dele e ficaremos com um gato para brincar.
O Pedro hesitou. Então, dizia a Ana, qual é a tua, não gostas da ideia?
Depois de mais um bocado em silêncio, o Pedro sugeriu naquela voz baixa e doce que por vezes tem, vamos buscar leite e uma manta. Quem sabe se a mãe volta para o buscar? A Ana aceitou.
Quando no dia seguinte voltaram ao jardim, o gatinho já não estava lá. O Pedro ficou contente e sorriu de forma discreta e enigmática.
A mãe gata tinha voltado para buscar o seu filho. Talvez um dia...