Mostrar mensagens com a etiqueta frieza. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta frieza. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Aconteceu...que os médicos, para além de profissionais, são pessoas

.
Ouço frequentemente falar da frieza dos médicos. Pessoas que se queixam da pouca ternura e simpatia que sentem vinda dos médicos, quando estão doentes ou têm familiares doentes.
.
Não que não os haja. Há de tudo como em todas as profissões, uns simpáticos, educados, competentes, outros bruscos, frios, demasiado calados, ou faladores. Podia enumerar imensas outras hipóteses. Cada pessoa é diferente e o curso de medicina não altera as pessoas.
.
Ouvi recentemente uma pessoa que tem uma filha com doença grave, queixar-se que não conseguia saber ao certo o estado dela, o curso da doença, a resposta aos tratamentos. Quando se aproximavam do médico e lhe diziam que gostariam de de ser esclarecidos nalgumas coisas, ele respondia invariavelmente que teria de ficar para o dia seguinte.
.
No entanto e como comecei por dizer, os médicos são pessoas, todas diferentes.
Perante a dor dos outros, há alguns que ficam tão aflitos que reagem pela fuga, evitam confrontar-se com os doentes e famílias. Parecem frios e se calhar o que são é demasiadamente frágeis.
.
Numa das primeiras vezes que fiz urgência, assisti à morte de um rapaz de 20 anos, vítima de um acidente de viação. Ainda esteve umas horas em coma. Uma colega, jovem como eu, foi encontrada a chorar agarrada ao doente que ela não conhecia. Foram-na buscar e é uma imagem que me acompanhou sempre. A sua sensibilidade teria impedido qualquer eficácia, caso tivesse sido preciso. Não sei se "ganhou calo" ou se desistiu da profissão.
.
Há dias em que perante certas situações, a consulta acaba e o doente fica cá dentro. Depositam em nós o seu sofrimento. Bem queremos pensar noutra coisa, mas voltamos sempre a pensar nele.
.
Nestas situações, não há "frieza" que resista!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Aconteceu...a propósito do vídeo de ontem

.
Não sei se aconteceu aquele telefonema, mas vou acreditar que sim, quanto mais não seja para poder fazer alguns comentários.
..
Ao ouvir o vídeo, notamos estarmos perante uma miúda certamente inteligente, que usa a linguagem de forma desenvolvida.
Incomoda o aparentar uma segurança pouco habitual naquela idade. Segurança, determinação e frieza, para além de uma ausência de sentido moral.
A miúda tem a iniciativa de telefonar, sabe expôr perfeitamente que está desgostosa com a escola, os professores que a mandam trabalhar mais do que ela desejaria, e resolve o problema com grande limpeza, imaginando um plano para acabar com todas estas coisas aborrecidas: deitar a escola abaixo e matar todos os professores.
Curioso que não falou nos colegas, terá pensado neles?
E do outro lado do telefone, temos umas pessoas que receberam o telefonema e todas estas ideias da miúda. Inicialmente há uma senhora que fica francamente perplexa, pelo que muda para um colega, e acabam rindo, divertidíssimos e até apoiando a ideia.
Não há nenhuma conversa no sentido de perceber melhor a miúda, o incómodo dela, saber quem é, ajudá-la a pensar que talvez há-ja outras soluções para a poder ajudar a resolver tal desgosto. Só há uma breve tentativa, mal sucedida, de saber qual a escola.
.
Lembrei-me das linhas SOS, SOS criança, SOS suicídeo, SOS vítimas da violência e outras, em que, pela escuta atenta e empática se ajudam crianças e adultos, encaminhando-os se necessário para serviços especializados.
.
Há um aspecto que me parece muito importante de salientar e que muitas vezes não é entendido. Pensar, falar e fazer são coisas de nível completamente diferente. Podemos e devemos pensar tudo o que nos vem ao pensamento.
Já só diremos algumas dessas coisas, que para isso temos a nossa capacidade cognitiva que nos ajuda a compreender os nossos sentimentos, e temos o sentido de moral, que pela crítica nos organiza a repensar o pensamento.
O fazer, a acção, essa já passa pelos filtros anteriores do falar e outros bem mais apertados.
.
O menina do telefonema do vídeo deixou-me incomodada.