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sábado, 10 de julho de 2010

Aconteceu...baratas gigantes invadem Lisboa

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"Baratas gigantes invadem Lisboa".
Não é nenhum título de filme, parece que acontece quando há muito calor, como tem estado. Chamada a barata americana, vive nos esgotos de onde sai à procura do fresco. E vem no jornal de hoje, citando zonas como Telheiras, a Expo e Campo de Ourique.
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A minha avó Elvira morava num 3º andar de um prédio de construção de gaiola de madeira. Eram andares grandes, com muitas assoalhadas. Como era formato habitual, à porta e virando à direita seguia-se um enorme corredor - grandes viagens de triciclo e de trotinete fiz, naquilo que eu imaginava ser uma grande estrada -, de onde saiam vários quartos, sala de costura, saleta, sala de jantar, cozinha e casa de banho. Se da porta da rua se virasse à esquerda, uma sucessão de salas, comunicavam entre si . A última era o escritório, um dos meus sítios preferidos para, ainda eu não sabia escrever, já "atender" doentes e passar receitas.
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Mas voltemos às baratas. Os locais mais frescos eram a cozinha e a casa de banho. Lembro-me de uma vez por outra encontrar uma na casa de banho, grande, gorda e preta. Algumas vezes o nosso cruzamento terminava com o esmagar propositado do bicho e o barulho da casca de quitina a partir-se ainda hoje me é familiar. Se me enojava e amedrontava, também me causava um arrepio de excitação, pelo que repetiria o acto heróico quando, noutra altura, nova barata se cruzava comigo.
Era uma convivência normal, existiam elas e nós também.
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Mais tarde vim a encontrá-las nos navios, subindo pelas paredes. Essas eram castanhas, e muito mais pequenas, mas às dezenas ou mesmo centenas. Enojavam-me.
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Também Rafael, personagem de Ruben da Fonseca em A Grande Arte tinha nojo delas. Assassino cruel, que no entanto cultiva rosas, é vencido quando conseguem meter-lhe uma barata na boca, tal o nojo que o bicho lhe causou. Nessa altura foi possível ao anão espetar-lhe uma tesoura na barriga e matá-lo.
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As que agora invadem Lisboa, justificando nalguns casos o recurso a empresas desbaratizadoras, serão talvez descendentes afastados das da Rua Viriato?