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quinta-feira, 11 de março de 2010

Aconteceu...a propósito de escola

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Conforme se pode ver pelo emblema que tenho neste blog, fui aluna do Lycée Français Charles Lepièrre em Lisboa. Andei lá da infantil até ao último ano do liceu. Dali passei para a faculdade.
Era um ambiente diferente dos liceus daquele tempo, escola mista, bilingue, com um naipe de professores especiais, antifascistas, alguns até proíbidos de trabalhar nos serviços públicos e que, mesmo a propósito da matéria obrigatória nos ajudavam a problematizar e pensar. Os alunos, com raras excepções, eram filhos da burguesia que tinha dinheiro para pôr lá os seus filhos e com acesso a meio cultural privilegiado.
No meu 1º ano da faculdade, assisti a uma enorme discussão entre colegas, por motivo que já não me recordo. Mas lembro-me que ao chegar a casa, contei o episódio ao meu pai, rematando com ar crítico que a colega parecia uma peixeira. Com o ar sério que lhe conhecia, ele chamou-me a atenção que talvez ela fosse de facto filha de uma peixeira, eu já não estava no meu liceu e agora poderia ter filhos de gente mais popular. E que eu devia ter sempre isso em atenção e respeitar todos. Foi uma conversa que me marcou, talvez por estar farta de o saber pela educação que tinha recebido, mas que na hora, não tinha sabido aplicar.
Os meus filhos, tirando a infantil e a pré primária andaram sempre em escolas oficiais. Foi uma opção muito pensada, já lá vão uns anos. Correu bem, tiveram regra geral bons professores, quase todos do quadro da escola, turmas razoaveis. Tiveram alguns "encontros imediatos" que me parece foram capazes de resolver com "souplesse" e que não deixaram marcas, mas tão somente histórias para contar e rir.
Constato que muito mudou neste tipo de escolas, frequência massificada, onde por necessidade (?) o nivelamento do ensino está a fazer-se por baixo.
São as instalações, o staff dos professores nem sempre com o mesmo nível, os auxiliares, as condições de segurança, os apoios em falta, a instabilidade das carreiras, tantas falhas que tornam o ensino mais fraco e a escola mais insegura.
Preocupa-me que o nível de desenvolvimento cultural e emocional dos colegas nem sempre seja factor de estimulação.
Já faltou mais para que os meus netos entrem para a primária. Não posso ter intervenção na escolha que os pais farão da escola, mas lá que, silenciosamente penso e me inquieto, ai isso é verdade.
Há muito trabalho a fazer neste campo para que possamos, com tranquilidade, perspectivar o futuro escolar das nossas crianças.