domingo, 26 de setembro de 2021

Festejar o quê? Com quem?

Era grande o entusiasmo quando pela 1ª vez se pôde votar em liberdade.



Esta fotografia, hoje custa a acreditar, é das filas de pessoas para votar, em 1976. Não sei onde foi, consta do arquivo do Museu do Aljube.

Hoje em Lisboa, eu votei na mesa de voto nº 5, só tinha uma pessoa à minha frente, foi chegar e votar. Havia filas para outras mesas mas haver uma quase vazia deixou-me logo inquieta.

Parece que se confirma uma grande abstenção.

Nos tempos de entusiasmo, a esta hora um grupo de amigos estava por aqui. Cada um trazia um picnic que juntávamos aos outros, umas bebidas e a televisão acesa.

Cada resultado era motivo de entusiasmadas discussões, palmas ou desilusão, lembro-me que chegávamos a ir à janela bater palmas e cruzar as nossas com as de outros vizinhos quando o resultado nos agradava.

Hoje mantenho a televisão ligada. Não há comes nem bebes. Nem amigos. Estou sozinha, o meu coração salta às vezes mas silencioso, abro a boca não com sons mas de espanto com algumas das coisas que ouço e resultados que vejo.

Mas ainda tenho esperança de ouvir foguetes no meu bairro. Acredito que o meu candidato vai ganhar.