Era grande o entusiasmo quando pela 1ª vez se pôde votar em liberdade.
Hoje em Lisboa, eu votei na mesa de voto nº 5, só tinha uma pessoa à minha frente, foi chegar e votar. Havia filas para outras mesas mas haver uma quase vazia deixou-me logo inquieta.
Parece que se confirma uma grande abstenção.
Nos tempos de entusiasmo, a esta hora um grupo de amigos estava por aqui. Cada um trazia um picnic que juntávamos aos outros, umas bebidas e a televisão acesa.
Cada resultado era motivo de entusiasmadas discussões, palmas ou desilusão, lembro-me que chegávamos a ir à janela bater palmas e cruzar as nossas com as de outros vizinhos quando o resultado nos agradava.
Hoje mantenho a televisão ligada. Não há comes nem bebes. Nem amigos. Estou sozinha, o meu coração salta às vezes mas silencioso, abro a boca não com sons mas de espanto com algumas das coisas que ouço e resultados que vejo.
Mas ainda tenho esperança de ouvir foguetes no meu bairro. Acredito que o meu candidato vai ganhar.