terça-feira, 1 de novembro de 2016

O luto...pelo cão



Já tinha sabido há uns dias, morreu o cão dos meus vizinhos.
Todos os dias à noite via o casal, já perto da 4ª idade, e o seu cão, até altas horas, sentados num parapeito em frente ao prédio. Nunca vi o cão no chão, estava sempre ao colo da dona. Ao lado, uns sacos, comida e água para ele beber. No bolso da senhora sempre uma doçura para os cães que lá queriam meter o focinho e que ficavam sempre a ganhar.
Tinham-me contado que agora sem cão, continuava a passear a trela.
Hoje à noite, ao entrar para a garagem lá estava ela. Sòzinha, com a trela na mão. Por impulso parei o carro na rampa e saí. Dei-lhe um abraço e beijei-a, disse-lhe umas palavras de conforto, como quem conforta quem perdeu um ente querido. Sim, habitualmente uma pessoa.
Ela chorou, disse-me que está a ser muito difícil, que o marido não tinha vindo porque ela tinha-lhe pedido, parece que se sentia mais perto do cão se passeasse sòzinha.
Um idiota qualquer, saiu com o carro da garagem sem respeito por aquele momento e tive de a deixar, ali, só, com a trela vazia.
E subi o elevador com a tristeza colada a mim.