Vou no comboio. Um pouco à frente uma criança dormia. Só lhe via a cabecinha. Quando acordou o pai passou-a para a mãe que lhe deu a mama.
Agora vejo bem a criança. É um rapazinho vestido à rapaz, jeans compridos e camisa embora talvez não tenha ainda 2 anos.
Acabada a mamada (quantos dentes terá?), inicia um período de queixume, choro, ao colo da mãe pontapeia o banco da frente com as suas "crocs", vigorosamente. Da mãe passa para o pai, do pai para a mãe e até para a avó. A família ocupa três bancos duplos, uns em frente dos outros.
De repente faz-se silêncio. Olho e ele está sorridente de pé. Vejo que até anda sozinho, mas a mãe tem-no seguro pelo pulso como se de uma coleira de braço se tratasse. Quando tenta andar e não consegue recomeça o choro, protesto com sons e gritos.
A mãe põe-no ao colo e segura o telemóvel para ele ver um filme de desenho animado. Ele cala-se um bom bocado. Depois recomeça querendo ir para o chão.
Sempre gostei das viagens de comboio precisamente por me poder levantar e dar um passeio, da carruagem ao bar ou da minha a outra carruagem.
Tenho a certeza que o puto teria adorado passear, apeteceu-me lembrar isso à mãe mas por pudor não o fiz.