domingo, 21 de junho de 2020



100º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada



100 dias, são muitos dias!
Amanhã começará outra série. Ainda não sei que nome lhe dar.

100 e sem são palavras homófonas, e tão diferentes no sentido.
Por acaso, aqui para a minha vida desde o início desta quarentena são quase sinónimos. Não fosse o telemóvel era mesmo sozinha.

Li algures que o viver só, se a princípio custa depois torna-se um vício. Tal e qual! Quem me aturaria com os meus horários? Comida quando apetece, sair de casa para andar na areia da praia quando acordo, normalmente entre as 8 e as 9h, ver tudo o que me apetece na televisão, quase só RTP2, e tantas outras coisas. Será vício ou egoísmo?


Estas páginas, as fotos das minhas refeições, dos sítios por onde me confino, tudo isto são marcas. As marcas do tempo servem para nos organizar. E tenho conseguido!

sábado, 20 de junho de 2020



99º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada



Solstício de verão. Hoje. Por isso ou não está um dia maravilhoso! 
Como é sábado, não fui à praia. 




Ler na açoteia, com o CD de Bill Evans a tocar, ficar em casa custa alguma coisa?

O Fim da Aventura, de Graham Greene, um livro que nos prende com prazer. A tradução e o prefácio são de Jorge de Sena. Boa literatura (esteve nomeado para Nobel), aventura, policial, perseguições, com profundo interesse sobre as pessoas, as relações, as crenças.
Vou continuar!

sexta-feira, 19 de junho de 2020



98º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada


Morreu ontem o primeiro médico infectado com covid-19 no exercício da sua profissão. 

Trabalhava na linha da frente. Esteve 40 dias internado e não tinha factores de risco. 
Sabemos a dedicação dos médicos, ainda mais neste período de pandemia. Não suficientemente reconhecido. Profissão de risco! O estado paga pouco e não lhes faz seguro de vida. 
Era da minha idade, não sei se do mesmo curso. 


Na interior da loja use máscara.

Num pequeno supermercado de onde gasto e me conhecem bem, três funcionárias estavam a falar entre elas. 
Mal me viram vieram logo contar que uma senhora, com muitos maus modos, recusou pôr a máscara quando a funcionária a foi interpelar como é das regras.
O marido veio em "socorro" da mulher, também agressivo verbalmente para com a funcionária, afirmando que a mulher não tinha nada que pôr, ele era médico e sabia do que falava.

Eu ainda tenho a ilusão que os médicos são gente decente. Elas a acabar de contar e eu a afirmar que ele não podia ser médico! Seria?


quinta-feira, 18 de junho de 2020



97º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada


Vi hoje uma foto de Lisboa dos anos 60 do século passado. Quem publicou escreveu década de 60 mas observando os carros que lá se viam terá de ser finais dos anos 60.

Tinha eu uns 4 anos quando a minha Mãe tirou a carta. Acompanhei-a muitas vezes nas aulas. Eu atrás e ela ao volante com o instrutor a seu lado mas também com um volante para emendar o que fosse preciso. Julgo hoje a pensar nisto que talvez também tivesse pedais, pelo menos travão. 
Estudei o código com ela e fiquei a sabe-lo todo!

Depois a minha Mãe comprou um carro, cinzento prata e anos mais tarde outro verde escuro.




O carro era um VW carocha, não sei se na altura se chamava assim.

Imagem tirada da net.

O Voxinho, nome próprio como era tratado em casa, tinha os meus apelidos. Era pois uma "espécie" de irmão.
Tal como uma boneca minha, também com nome próprio e os meus apelidos. Uma "espécie" de irmã. Ah, essa "tinha nascido" a 18 de Junho, dia em que me foi dada. Faz hoje 60 anos!
As coisas que os filhos únicos arranjam para terem mais família e se sentirem acompanhados!

Voltando ao princípio deste escrito, na foto que alguém publicou tinha 5 VW carocha. Pelo vidro traseiro dos carros ali visíveis, grande e rectangular, pude com a lembrança do "meu" precisar melhor a data da imagem.



quarta-feira, 17 de junho de 2020



96º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada




Igor Stravinsky nasceu a 17 de Junho 1882. Comemora-se o seu nascimento hoje. Onde não sei. Eu vou fazê-lo aqui.

A fazer contas fiquei agora admirada! Ainda o Festival Gulbenkian de Música se realizava no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, quando Stravinsky veio a Lisboa e como maestro dirigiu parte de um concerto onde foi tocada a Sagração da Primavera. Fui com os meus Pais.

O que me lembro melhor é que ele era pequenino,  idoso e com ar frágil nos seus 82 anos. Quando acabou de reger foram-lhe levar ao palco uma toalha branca para limpar o suor da cara e pescoço. Estava muito cansado.

E o que me causou admiração? É que eu também pensava que era muito pequena quando o ouvi e vi! Hoje olho para uma miúda de 13 anos com outros olhos, uma adolescente e não uma criança como me estava a ver.

A música de Stravinsky é muito diferente das músicas clássicas até então. Numa 1ª audição soa quase estranha. 

Walt Disney realizou um filme de animação feito de quadros e usou música clássica. Usou parte da Sagração da Primavera para ilustrar o nascimento da terra, de células, animais pré históricos. Maravilhosa junção daquelas imagens com a música e que muitas crianças viram e gostaram.




terça-feira, 16 de junho de 2020



95º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada




Mãe!
Que verdade linda
O nascer encerra:
Eu nasci de ti,
Como a flor da terra
Matilde Rosa Araújo


Há 41 anos nasceu o meu filho mais novo. 
Como uma pequena erva 
Hoje é uma árvore. 

segunda-feira, 15 de junho de 2020



94º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada



Desconfinei para a cidade que agora tem a maior quantidade de sujeitos positivos.

Os boletins informativos da Direcção Geral de Saúde (DGS), todos os dias uma mesa muito comprida para que os técnicos e políticos se sentassem à distância de segurança. Atrás o tradutor de língua gestual portuguesa. Com voz monocórdica a Ministra ou o Secretário de Estado da Saúde dizia os números de novos infectados, internados, mortos (sem esquecer os pêsames) etc. No fim jornalistas faziam perguntas que a médica directora da DGS respondia.

Que pensar, numa altura em que novamente os números estão a subir, o político informou no fim que as informações deixariam de ser diárias e passariam a ser três vezes por semana.

Estou desconfiada, insegura e zangada com esta forma de lidar com as pessoas. Como raio estamos nós?