sexta-feira, 10 de abril de 2020


27º dia de isolamento social (COVID-19)

6a feira santa, feriado religioso. Até agora de diferente só o facto do Expresso que sai aos sábados ter saído hoje. Já o tenho. Sem fila para o comprar.

Ontem só um avião aterrou em Lisboa. Vinha da Moldávia. Chegou o Ivan, o filho e a neta. Imagino como se vai viver e fazer quarentena num T1, casa de porteiro, 3 adultos e 2 crianças abaixo dos 3 anos. São gente boa, muito trabalhadora.

Muito tenho pensado como esta pandemia é injusta social e psicologicamente. Há quem diga que é um vírus democrático porque atinge todos. Mas a foma como cada um o vive é diferente.
Vou pedir emprestadas as palavras de um grande neuropsiquiatra que tem-se dedicado ao trauma e à resiliência, Dr. Boris Cyrulnik.


"Facteurs de protection" vs "facteurs de vulnérabilité"

"Ceux qui avant le confinement avaient acquis des facteurs de protection, (confort matériel, culturel, affectif et familial) vont faire un effort mais ils vont pouvoir profiter du confinement pour écrire, se remettre à la guitare, pour envoyer des messages à des copains qu’ils n’ont pas vu depuis 30 ans. Ils vont surmonter l’épreuve du confinement et ceux-là vont pouvoir déclencher un processus de résilience facile."

Pour Boris Cyrulnik, en revanche :


Ceux qui, avant le trauma avaient acquis des facteurs de vulnérabilité : maltraitance familiale, précarité sociale, mauvaise école, mauvais métier, petit logement, le tout étant associé… Ceux-là vont souffrir actuellement, ils n’auront pas fait ressource interne des autres, ils vont ruminer. […] Et quand le confinement sera terminé, ils seront plus traumatisés qu’avant. Donc il y a une inégalité sociale qui existait avant le traumatisme et qui sera aggravée.

Boris Cyrulnik : "On est dans la résistance, pas encore dans la résilience", texto e entrevista na France Culture.









  


quinta-feira, 9 de abril de 2020


26º dia de isolamento social (COVID-19)

Nada me chateia mais do que ouvir um político dizer que não devemos criar alarme social. A sociedade tem de estar alarmada, que é a sua forma de estar viva José Saramago (1922-2010), Nobel da Literatura

Chocada com uma das minhas amigas defender a forma como Israel tem tratado o problema do Covid 19. Com os palestinianos?

Máquina de roupa feita de noite, já seca e arrumada. São 11h 20 da manhã. Desabituada destas coisas, nunca pensei safar-me tão bem.

13h Acabei de chegar do super do meu bairro, diria de bairro, pequeno mas que tem tudo. Cheguei a casa e cumpri as regras. Como o vírus tem camada de gordura, agora lavo-me com detergente da loiça.

Informações pelo 1º Ministro sobre o funcionamento escolar. Os meus netos, de 10 e 15 anos não irão à escola, terão aulas à distância. Vai haver avaliação mas o do 9º ano não terá exame. 

17h52 O "Covid-19 dúvidas respondidas por profissionais de saúde" tem muito mais gente a pôr questões ao fim da tarde que a seguir ao almoço. Serão pessoas que trabalham fora? Será o aproximar da noite que cria maior ansiedade? As insónias não acontecem por acaso...

Rui Pinto, o hacker português que ilegalmente trouxe assuntos "estranhos" para a luz do dia, saiu da prisão e ficou em prisão domiciliária. Muitas dúvidas se é um herói ou um ladrão...ou as duas coisas.

Procurar a receita do folar de Mirandela que a Lena fazia. Depois de muito procurar e encontrar, descobri também a dos bolinhos da Tia Zérita que já tinha procurado sem a ver. Amanhã mãos à obra!





quarta-feira, 8 de abril de 2020


25º dia de isolamento social (COVID-19)

Como eu gostava de saber escrever bem! Na Revista do último Expresso está um " Diário da Peste", de Gonçalo M. Tavares. Isto sim, merece ser lido. Interessante e bem escrito.

Passei os olhos pelo Público.
Li a Revista do Expresso, antes que saia outro.
De reter o diário a que me referi  e o Mundo Depois do Corona vírus, artigo escrito por Yuval Noah Harari. A tecnologia da vigilância, a falsa escolha entre privacidade e saúde. E depois que mais?
Recebi mensagem da Zé contente porque já conseguiu abrir o Público que assinou. E do Chico, mas por mail, a dizer que já tem também.
Em 25 dias já tive de cortar as unhas 2 vezes.
E hoje depois de lavar a cabeça no duche cortei a franja. Já me tapava os olhos.
Telefonema da Kikas, tinha estado a pintar o cabelo em casa, claro. Ao contrário de mim, em que os brancos crescem na vertical, os dela são na horizontal. 
4a feira, dia de netos. Na impossibilidade física mantemos por skype a "aula" de repetição daquilo que o F fez com a professora de piano, também pela internet. Não falei com o V.
Umas horas, hoje poucas, a colaborar no grupo do FB Covid-19 Duvidas respondidas por profissionais de saúde". "Somos 600.000 membros neste grupo em três semanas" e "mais de 300 profissionais", pode ler-se na página própria.
Continuo a não suportar os tlins das mensagens com vídeos e bonecos. Para me concentrar pus o telemóvel em modo de avião. Se não fosse a Joana que me ligou para casa ficaria assim até não sei quando. Isolamento por isolamento...
Comida estava feita, foi só aquecer.



terça-feira, 7 de abril de 2020



24º dia de isolamento social (COVID-19)


Estamos numa época da comunicação à distância com imagem como através do skype. 


Três histórias de aulas que mostram que ainda não estamos adaptados.

- Pai sai do banho e entra na sala com a toalha à cintura. O filho estava a ter uma aula por skype e o pai terá aparecido naqueles preparos à professora. A saída da sala já foi de gatas.


- Professora universitária vai dar uma aula, liga o computador, prepara tudo e começa a reparar que nenhum aluno estava ali. Faltaram todos pensou ela. Só no fim do tempo hora reparou que se tinha esquecido de dar início no botão.


- Professor universitário, com o skype a funcionar. Os alunos não apareceram. Só depois se lembrou que as férias tinham começado.



segunda-feira, 6 de abril de 2020


23º dia de isolamento social (COVID-19)

Ontem fiz-me assinante de um jornal diário. 
Há muito tempo que o recebia on line de um amigo e eu mandava-o a amigos.

Perante as dificuldades que as pessoas passam nesta altura, empresas em layoff, despedimentos, ordenados por pagar, a situação está difícil. 

Os jornais em papel quase não se vendem, estamos todos em casa, e uma carta do jornal falando nestes problemas pedia assinaturas para o receber diariamente on line.

Não imaginava que fosse tão barato. Conversei com as pessoas a quem enviava pedindo-lhes que também fizessem a assinatura. 

Terá sido por essa acção tardia mas finalmente realizada que hoje dormi bem?



domingo, 5 de abril de 2020


22º dia de isolamento social (COVID-19)


Mais um dia em casa. Grande novidade, diria alguém a quem eu dissesse isto. 

Desde há uns poucos anos para cá limitei de livre vontade os relacionamentos. Tenho amig@s (as e os), não muitos mas os suficientes. Porque o fiz? Porque me cansam as relações muito próximas. 

Com frequência vou ao teatro, só ou acompanhada.

Agora em casa, temos imensos espectáculos, documentários, muitos mais do que o tempo permitiria ver. Tenho livros, gosto de música e até o meu hobby da joalharia.

Por tudo isto, o ficar em casa não me custa. 

sábado, 4 de abril de 2020


21º dia de isolamento social (COVID-19)

Sábado


Comprei o Expresso em triplicado, pequeno acto de generosidade para com dois vizinhos nesta época que vivemos. Bati à porta e pendurei o saco. Ainda me viram, estava eu perto do elevador. Recebi depois uma mensagem simpática de agradecimento.

Deitei os olhos pelo jornal e enfiei-me na cozinha a transformar um frango em quatro diferentes formas de o fazer. Arroz, já comido, frango de caril, outro em primo afastado de caril (menos carregado) e um estufado simples. Etiquetar e congelador.

Ouvi os dados do Covid-19 enquanto almoçava. 
Não resisto, talvez tenha uma grande capacidade de trabalho, a "minha" ministra, mas não tem jeito nenhum para a actividade relacional que é exigida ao estar a dar as notícias. Já antes da pandemia era uma pessoa muito desgradável. Uns esgares, arremedos de sorriso, uma forma seca de falar, que seja sempre o secretário de Estado que acompanhe a minha colega Graça Freitas. 

Comissário Montalban, a seguir ao almoço. Cada episódio cada crime, como é de esperar. Gosto de ver. Tem uma duração enorme, gasta logo uma parte da tarde.

Telefonemas, agora mais frequentes e de muito maior duração. Somado o tempo, gasta-se à vontade uma hora no mínimo. E eu que sempre achei que o telefone era para dar recados!

A sopa da noite, simplesmente. Antes de adormecer comerei uma banana se me apetecer.

Candice Renoir, mais uma série policial francesa muito divertida. São os aspectos da observação, dedução e psicologia da Candice que gosto. Ah, e a  sedução, coquetterie e paixão.

Os sábados em confinamento não rendem nada!