quarta-feira, 8 de abril de 2020


25º dia de isolamento social (COVID-19)

Como eu gostava de saber escrever bem! Na Revista do último Expresso está um " Diário da Peste", de Gonçalo M. Tavares. Isto sim, merece ser lido. Interessante e bem escrito.

Passei os olhos pelo Público.
Li a Revista do Expresso, antes que saia outro.
De reter o diário a que me referi  e o Mundo Depois do Corona vírus, artigo escrito por Yuval Noah Harari. A tecnologia da vigilância, a falsa escolha entre privacidade e saúde. E depois que mais?
Recebi mensagem da Zé contente porque já conseguiu abrir o Público que assinou. E do Chico, mas por mail, a dizer que já tem também.
Em 25 dias já tive de cortar as unhas 2 vezes.
E hoje depois de lavar a cabeça no duche cortei a franja. Já me tapava os olhos.
Telefonema da Kikas, tinha estado a pintar o cabelo em casa, claro. Ao contrário de mim, em que os brancos crescem na vertical, os dela são na horizontal. 
4a feira, dia de netos. Na impossibilidade física mantemos por skype a "aula" de repetição daquilo que o F fez com a professora de piano, também pela internet. Não falei com o V.
Umas horas, hoje poucas, a colaborar no grupo do FB Covid-19 Duvidas respondidas por profissionais de saúde". "Somos 600.000 membros neste grupo em três semanas" e "mais de 300 profissionais", pode ler-se na página própria.
Continuo a não suportar os tlins das mensagens com vídeos e bonecos. Para me concentrar pus o telemóvel em modo de avião. Se não fosse a Joana que me ligou para casa ficaria assim até não sei quando. Isolamento por isolamento...
Comida estava feita, foi só aquecer.



terça-feira, 7 de abril de 2020



24º dia de isolamento social (COVID-19)


Estamos numa época da comunicação à distância com imagem como através do skype. 


Três histórias de aulas que mostram que ainda não estamos adaptados.

- Pai sai do banho e entra na sala com a toalha à cintura. O filho estava a ter uma aula por skype e o pai terá aparecido naqueles preparos à professora. A saída da sala já foi de gatas.


- Professora universitária vai dar uma aula, liga o computador, prepara tudo e começa a reparar que nenhum aluno estava ali. Faltaram todos pensou ela. Só no fim do tempo hora reparou que se tinha esquecido de dar início no botão.


- Professor universitário, com o skype a funcionar. Os alunos não apareceram. Só depois se lembrou que as férias tinham começado.



segunda-feira, 6 de abril de 2020


23º dia de isolamento social (COVID-19)

Ontem fiz-me assinante de um jornal diário. 
Há muito tempo que o recebia on line de um amigo e eu mandava-o a amigos.

Perante as dificuldades que as pessoas passam nesta altura, empresas em layoff, despedimentos, ordenados por pagar, a situação está difícil. 

Os jornais em papel quase não se vendem, estamos todos em casa, e uma carta do jornal falando nestes problemas pedia assinaturas para o receber diariamente on line.

Não imaginava que fosse tão barato. Conversei com as pessoas a quem enviava pedindo-lhes que também fizessem a assinatura. 

Terá sido por essa acção tardia mas finalmente realizada que hoje dormi bem?



domingo, 5 de abril de 2020


22º dia de isolamento social (COVID-19)


Mais um dia em casa. Grande novidade, diria alguém a quem eu dissesse isto. 

Desde há uns poucos anos para cá limitei de livre vontade os relacionamentos. Tenho amig@s (as e os), não muitos mas os suficientes. Porque o fiz? Porque me cansam as relações muito próximas. 

Com frequência vou ao teatro, só ou acompanhada.

Agora em casa, temos imensos espectáculos, documentários, muitos mais do que o tempo permitiria ver. Tenho livros, gosto de música e até o meu hobby da joalharia.

Por tudo isto, o ficar em casa não me custa. 

sábado, 4 de abril de 2020


21º dia de isolamento social (COVID-19)

Sábado


Comprei o Expresso em triplicado, pequeno acto de generosidade para com dois vizinhos nesta época que vivemos. Bati à porta e pendurei o saco. Ainda me viram, estava eu perto do elevador. Recebi depois uma mensagem simpática de agradecimento.

Deitei os olhos pelo jornal e enfiei-me na cozinha a transformar um frango em quatro diferentes formas de o fazer. Arroz, já comido, frango de caril, outro em primo afastado de caril (menos carregado) e um estufado simples. Etiquetar e congelador.

Ouvi os dados do Covid-19 enquanto almoçava. 
Não resisto, talvez tenha uma grande capacidade de trabalho, a "minha" ministra, mas não tem jeito nenhum para a actividade relacional que é exigida ao estar a dar as notícias. Já antes da pandemia era uma pessoa muito desgradável. Uns esgares, arremedos de sorriso, uma forma seca de falar, que seja sempre o secretário de Estado que acompanhe a minha colega Graça Freitas. 

Comissário Montalban, a seguir ao almoço. Cada episódio cada crime, como é de esperar. Gosto de ver. Tem uma duração enorme, gasta logo uma parte da tarde.

Telefonemas, agora mais frequentes e de muito maior duração. Somado o tempo, gasta-se à vontade uma hora no mínimo. E eu que sempre achei que o telefone era para dar recados!

A sopa da noite, simplesmente. Antes de adormecer comerei uma banana se me apetecer.

Candice Renoir, mais uma série policial francesa muito divertida. São os aspectos da observação, dedução e psicologia da Candice que gosto. Ah, e a  sedução, coquetterie e paixão.

Os sábados em confinamento não rendem nada!




sexta-feira, 3 de abril de 2020


20º dia de isolamento social (COVID-19)





Sol! A ler no pátio do meu prédio. 
Foto tirada pelos vizinhos do 6ºC

quinta-feira, 2 de abril de 2020


19º dia de isolamento social (COVID-19)

2 de Abril 2010

O Hospital Júlio de Matos, hospital psiquiátrico em Lisboa, iniciou o seu funcionamento em 2 de Abril 1942. Faz hoje anos.


E lembrei-me desta história lá passada e comigo.
Aluna de Medicina da Faculdade de Medicina do Hospital de Sta Maria, tinha lá algumas aulas práticas a que se seguia uma discussão do caso.
Abro aqui um parêntesis, a minha Mãe era médica psiquiatra e pedopsiquiatra, directora da "Clínica Infantil", que se situava lá dentro do enorme e lindo parque que aquele hospital tem.
Um dia, quase no fim de num prolongamento de uma aula, disse ao meu colega e amigo Manel que estava sentado a meu lado qualquer coisa como "vou ver a minha mãe que já não a vejo há uns dias".
A seu lado estava uma colega de turma que não faço a mais pequena ideia quem era. E perante a minha frase e saída da sala ela perguntou ao Manel se a minha mãe estava no Júlio de Matos. Maroto, respondeu-lhe que sim. E ela insistiu, há muito tempo? E ele disse-lhe que desde que eu era pequenina.
A colega, contaram-me, ficou muito impressionada, e com tristeza referiu-se a mim, coitadinha, que sofrimento deve ter com esta situação.
Já disse que não sei quem foi a colega, sei que essa situação nunca terá sido clarificada.

Acho que se tivesse sido num hospital geral ela teria perguntado que doença eu teria para estar internada. Ou se teria ido a uma consulta, e até de quê.
Mas a doença mental, estávamos num hospital psiquiátrico relembro, tem um estigma tramado, onde o medo mas também a vergonha predominam. Parou o pensamento da colega e construiu a tragédia sem hesitar.
Quem seria ela?