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Foto - Magda
segunda-feira, 7 de maio de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
Poema - Alberto Caeiro
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Quando tornar a vir a primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a primavera nem sequer é uma coisa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Aconteceu...ficam as memórias depois das portas se fecharem
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Caro Amigo,
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Ontem, por volta das 19h, fui ao Colombo buscar o jornal, digo buscar porque para
quem compra o Público de 6ª feira e sábado, o de domingo é oferta.
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Entrei pela porta da Fnac, a mais perto de minha casa. Mas antes, como deves
estar recordado, há a Bata, sapataria de cadeia internacional, com produtos bastante em conta. No sábado tinha feito o mesmo
percurso e nessa loja estavam cartazes a anunciar 30% de desconto para sapatos de
homem. Ontem, domingo, os cartazes tinham mudado alastrando o desconto a todos os
artigos. Em ambos os dias, talvez algum mosquito invisível fizesse companhia aos
empregados.
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É este o nosso panorama, e cada loja que faz estes descontos no início da
época é uma loja que não está a conseguir vender. Corre o perigo de encerramento. E são muitas nestas condições. Todos podemos, já hoje, citar várias.
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Mas o encerramento de certas lojas dói. Pelo valor simbólico e não economicista.
Citaste o caso da livraria Portugal, onde durante tantos anos foste assim como eu. Tinha funcionários que tudo sabiam sobre os livros. Querias saber sobre um livro, um assunto, um autor, e ainda fora da era dos computadores eles lá te informavam e te levavam ao lugar certo. Mas as pessoas deixaram de lá ir comprar e fechou. Doeu.
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Quanto à Barateira, que parece que também vai fechar,
poucas vezes lá entrei. Suponho que era por amor que se mantinha aberta. Mas também
o amor deixa de ser possível de suportar. Ouvi dizer que para construir uma garagem. Ali? Deve valer muito esse espaço e os clientes serão poucos.
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Indissociável da livraria/alfarrabista Barateira, sabes, aquele homem muito magro, sério e com ar ausente, de grandes barbas que sempre nos habituámos a ver sentado na Cervejaria Trindade, na mesma mesa e frente a uma floresta de copos de cerveja grandes, "girafas", já
vazios. Faleceu há uns anos. Sempre achei que era ele o verdadeiro apaixonado dos livros.
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Memórias que ligam as coisas ao afecto, por isso e quem sabe se também por ser mulher, mais dada às coisas do coração que às da razão, estes desaparecimentos deixam marcas.
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Um abraço e até à próxima
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Um abraço e até à próxima
Etiquetas:
Barateira,
encerramento,
livraria Portugal,
lojas significativas
sábado, 28 de abril de 2012
Poema - A. M. Pires Cabral
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O QUE DIZ O RATO
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Tenho um destino. Nasci
para ver o silêncio - e vou roê-lo
metodicamente.
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até que um dia se invertam os papéis
e seja o silêncio a roer-me a mim.
O QUE DIZ O RATO
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Tenho um destino. Nasci
para ver o silêncio - e vou roê-lo
metodicamente.
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até que um dia se invertam os papéis
e seja o silêncio a roer-me a mim.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
domingo, 22 de abril de 2012
Aconteceu...há quem goste de surpresas
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Que esquisito! Abrir o espaço deste blog para começar a escrever o texto de hoje e tudo estar diferente. Sem aviso, sem nada, uma mudança de forma do espaço para a escrita, mais largo e mais curto, numa pagina quase branca e vazia, sem os limites carregados como antes, de tal forma diferente que quase pensei ter-me enganado.
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O impacto perante o inesperado varia muito de pessoa para pessoa. De um extremo poderemos ter os autistas, que necessitam da manutenção do exterior e das rotinas para se manterem calmos, até aqueles que nada os surpreende, fazendo do inesperado conhecido e banal.
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Já me adaptei ao novo formato, já vi o espaço da escrita crescer quando as linhas escritas se aproximam do limite inferior da caixa e já só falta ver como o texto se encaixa no espaço da publicação. Ora vamos a isso.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Poema - Ruy Belo
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DAS COISAS QUE COMPETEM AOS POETAS
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Nas terras onde os sinos andam pelas ruas
há horas surdas sós e sem cuidados
há mar condicionado ao possível verão
e vendem-se manhãs e mães por três ideias
Nas terras onde a música é o fogo de artifício
a camioneta curva a carga sob os plátanos
e à sombra dos lacrimejantes carros
o gato dorme a trepadeira sobe
o soba grita nunca ninguém sabe
a erva cresce e as crianças morrem
O mar aceita chão a mão do sol
Que plural deplorável o da magna agência mogno
E nas tílias há riscos dos vestidos de retintas raparigas
e o dente resistente número quarenta cheira a pepsodent.
DAS COISAS QUE COMPETEM AOS POETAS
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Nas terras onde os sinos andam pelas ruas
há horas surdas sós e sem cuidados
há mar condicionado ao possível verão
e vendem-se manhãs e mães por três ideias
Nas terras onde a música é o fogo de artifício
a camioneta curva a carga sob os plátanos
e à sombra dos lacrimejantes carros
o gato dorme a trepadeira sobe
o soba grita nunca ninguém sabe
a erva cresce e as crianças morrem
O mar aceita chão a mão do sol
Que plural deplorável o da magna agência mogno
E nas tílias há riscos dos vestidos de retintas raparigas
e o dente resistente número quarenta cheira a pepsodent.
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