segunda-feira, 3 de outubro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

Aconteceu...lembrando Sidónio Muralha

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Pareceu-me ouvir um barulho, não não foi a campainha mas veio da porta. Tenho a certeza, segunda vez, lá está, parece um arranhar.
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Levanto-me, confesso com má vontade, estava tão bem no terraço a apanhar um banho de sol, dirigo-me à porta e abro-a. 
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À minha frente ninguém. Mas olhando para baixo, rente ao chão, lá está ele, preto, com o fato de gala com que anda normalmente, excluindo a camisa branca que nunca põe, mas com as abas da casaca impecavelmente no sítio. Dou um passo para trás e ponho-me em guarda, o que quer da minha casa, pergunto. Não me responde, mas avança. Fecho a porta com estrondo, assustada.
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Que fazer, agora que estou cá só? Ele continua à porta e arranhá-la. Volto a abri-la e sem que eu tenho tempo para dizer alguma coisa, eis que entra sala fora, arrogante, encostado à parede e a dirigir-se para os maples.
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Fico inquieta mas lúcida. A correr vou buscar uma vassoura, das de cabo comprido e tento vassourá-lo nas pernas para que saia.
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Parece que estou a conseguir. Atiro-o para as escadas. Nem quero pensar o que seria deixá-lo entrar, e ele a falar noite fora, com o eco esperado e quem sabe, escondido, para que eu não o possa encontrar nem conciliar o meu sono.
Caí de costas e desce desamparado mais um degrau.
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E então oiço-o gritar:
«Ó senhor, senhor que passa/ eu sou um grilo de raça/ não sou um grilo banal.»

sábado, 1 de outubro de 2011

Poema - António Aleixo

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NÃO DÊS ESMOLAS A SANTINHOS - MOTE

Não dês esmola a santinhos,
Se queres ser bom cidadão;
Dá antes aos pobrezinhos
Uma fatia de pão.

GLOSAS

Não dês, porque a padralhada
Pega nas tuas esmolinhas
E compra frangos e galinhas
Para comer de tomatada;
E os santos não provam nada,
Nem o cheiro, coitadinhos...
Os padres bebem bons vinhos
Por taças finas, bonitas...
Se elas são p'ra parasitas,
Não dês esmola a santinhos.

Missas não mandes dizer,
Nem lhes faças mais promessas
E nem mandes armar essas
Se um dia alguém te morrer.
Não dês nada que fazer
Ao padre e ao sacristão,
A ver para onde eles vão...
Trabalhar, não, com certeza.
Dá sempre esmola à pobreza
Se queres ser bom cidadão.

Tu não vês que aquela gente
Chega até a fingir que chora,
Afirmando o que ignora,
Assim descaradamente!?...
Arranjam voz comovente
Para jludir os parvinhos
E fazem-se muito mansinhos,
Que é o seu modo de mamar;
Portanto, o que lhe hás-de dar,
Dá antes aos pobrezinhos.

Lembra-te o que, à sexta-feira,
O sacristão — o mariola! —
Diz, quando pede a esmola:
«Isto é p'rà ajuda da cera»...
Já poucos caem na asneira,
Mas em tempos que lá vão,
Juntavam grande porção
De dinheiro, em prata e cobre,
E não davam a um pobre

Uma fatia de pão.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Poema - Alberto de Lacerda

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O frio
Volve lamento


A tua ausência
Brilha
Cega -
Cada vez mais perto
Do sangue
Invisível como as lágrimas
Sacudindo
O inteiro ser


Quem me vê
Vê apenas
Um vulto enregelado
Inteiramente     imóvel

domingo, 25 de setembro de 2011

Aconteceu...quem define o que é SPAM?

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Tempos modernos. Informação, informação e informação!
Somos bombardeados por quem não conhecemos todos os dias. Ele é pelo telemovel, ele é pela internet. As nossas caixas de correio ficam cheias de mensagens publicitárias, sem que tenhamos autorizado qualquer envio. Às vezes com consequências bem aborrecidas!

A minha caixa de correio electrónica é do SAPO. Recebo e imediatamente mando para SPAM imensas mensagens. Algumas, e sem que eu perceba como, reincidem, como se o filtro do SPAM não tivesse sido accionado.

Quis-me inscrever para participar no Orçamento Participativo da Câmara de Lisboa. Preenchi um formulário e fiquei à espera da senha na caixa de entrada. Nada.
Na página da Câmara leio que as mensagens camarárias são muitas vezes classificadas como Spam, para ir procurar. Lá estava!

Acho isto completamente insólito! A quem pedir responsabilidades? Porque a máquina só faz aquilo para a qual foi programada...