Quando a minha Mãe estava sentada na sala, no seu maple de orelhas, aparentemente sem fazer nada, em resposta à minha pergunta respondia frequentemente "estou a pensar".
Estes últimos dias cruzei-me na rua com várias pessoas, de pescoço dobrado, a rirem. Iam sozinhas.
Umas no passeio, outras a atravessarem as passadeiras descuidadamente e rindo.
Olhavam todas para o telemóvel e, suponho, viam um vídeo ou anedota no Facebook.
Cada vez menos as pessoas são capazes de ficar sós, acompanhadas por si próprias. Nem na rua, nem nos transportes públicos nem em sítio nenhum.
Também por isso encontro cada vez mais crianças, adolescentes e adultos com manifestações patológicas externalizadas, como as perturbações do comportamento.
Um dia falarei mais sobre isto.