Entrou em casa e bateu à porta do quarto. Na mão um embrulho de tamanho razoável. Olá, disse beijando-a, hoje é o Dia Mundial da Criança. Trago-te uma prenda. Estendeu o braço, ela agarrou. Era pesado e duro.
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Teria agradecido? Tinha sido surpreendida! E ambivalente. Aos 18 anos, ou se está completamente segura no seu crescimento ou o receber uma prenda do pai no Dia da Criança...
Estaria ele a dizer-lhe que, para ele, ela ainda era uma criança?
Pousou o embrulho na mesa de camilha e começou a rasgar o papel. Já tinha desconfiado que era um livro, estava habituada a adivinhar a prenda antes de abrir.
E lentamente o livro foi aparecendo e gravado na capa pode ler As Mulheres do Meu País.
O livro que Maria Lamas escreveu em 1948!
Levantou-se rapidamente e foi à sala. No maple de orelhas, onde o pai se sentava sempre, lá estava ele, de olhos semiserrados. Ouvia Honegger. Um livro sobre os joelhos.
Sentiu-a a entrar e abriu os olhos. Sorriu. E ela, já descansada e orgulhosa, pode agradecer-lhe devidamente.
Sentiu-a a entrar e abriu os olhos. Sorriu. E ela, já descansada e orgulhosa, pode agradecer-lhe devidamente.