terça-feira, 13 de junho de 2017

A avó e o neto - cena de praia


Enquanto fui comer qualquer coisa ao bar da praia, uma avó e outra senhora instalaram o guarda sol perto de mim. Com elas vinha um neto, só percebi que era rapaz quando lhe chamaram pelo nome, gorducho e com alguns 15 meses ou menos. Andava mas não falava, expressava-se bem pelo gesto.
Chegadas do passeio à beira mar, está no hora do lanche do menino.
A avó começou a preparar o iogurte pequenino, à primeira colher o miúdo estica o braço e demonstra não querer. Levou um tapa, leve, na mão e o esperado "olha que a avó dá tautau. Seguiram-se truques certamente usados por muitas mães e avós, concentrando-lhe a atenção e desconcentrando da comida, que, paulatinamente vai entrando. Ouvi que o tio vinha, que a mãe vinha, que o Fabinho vinha, que a Rosinha vinha e muitos outros que chegariam.
A certa altura oiço dizer que vem aí o cão dar-lhe umas mordidas no rabinho, sim que tu tens medo do cão, não tens? e assim dois iogurtinhos marcharam. Já com o miúdo em pé, agarrado à avó, a brincadeira era de levar tautau no rabinho com o chinelo. E quase sem força lá ia a havaiana dar uns tapas no rabinho. O miúdo até esboçava um sorriso mas tem mesmo alguma piada?



terça-feira, 30 de maio de 2017


Há tempos quis-me sentar no metro e uma mulher teve de retirar as suas patinhas, com sapatos, do banco da frente dela, onde me propunha ocupar. Tirou, Não diga assim e vou-lhe dizer pq me incomoda esse "temos pena". Há tempos quis-me sentar no metro e uma mulher teve de retirar. Tirou e lixo e terra lá ficou. Certamente com um olhar crítico e mudo para ela, enquanto limpava o banco para me sentar. "Temos pena" disse com ar de gozo e eu, percebendo o nível, calei-me.Tirou os pés mas lixo e terra lá ficou. Olhei-a com um olhar crítico e mudo, enquanto limpava o banco para me sentar. "Temos pena" disse com ar de gozo e eu, percebendo o nível, calei-me.

domingo, 20 de novembro de 2016

Humor negro?

No Instituto Português de Oncologia.
Estamos três pesssoas dentro de um elevador com uma capacidade para muitas mais. Chegam mais duas,  é a hora da visita e entram. Um do homens que já lá estava comentou que se calhar já não cabiam. A mais pequena das que tinham entrado saiu-se com esta: Ai cabemos claro, que qualquer dia até num espaço pequeno caberemos e não nos vamos poder queixar.
Ninguém comentou e o elevador subiu.

domingo, 13 de novembro de 2016

Passear a trela



A minha vizinha continua a passear a trela, não sei se várias vezes ao dia que só a vejo à noite.
Pára, faz festas e chora sempre que encontra um cão. Os donos parecem incomodados, como eu.
Como reagiria se se deixasse um caozinho num cesto à sua porta? 

terça-feira, 1 de novembro de 2016

O luto...pelo cão



Já tinha sabido há uns dias, morreu o cão dos meus vizinhos.
Todos os dias à noite via o casal, já perto da 4ª idade, e o seu cão, até altas horas, sentados num parapeito em frente ao prédio. Nunca vi o cão no chão, estava sempre ao colo da dona. Ao lado, uns sacos, comida e água para ele beber. No bolso da senhora sempre uma doçura para os cães que lá queriam meter o focinho e que ficavam sempre a ganhar.
Tinham-me contado que agora sem cão, continuava a passear a trela.
Hoje à noite, ao entrar para a garagem lá estava ela. Sòzinha, com a trela na mão. Por impulso parei o carro na rampa e saí. Dei-lhe um abraço e beijei-a, disse-lhe umas palavras de conforto, como quem conforta quem perdeu um ente querido. Sim, habitualmente uma pessoa.
Ela chorou, disse-me que está a ser muito difícil, que o marido não tinha vindo porque ela tinha-lhe pedido, parece que se sentia mais perto do cão se passeasse sòzinha.
Um idiota qualquer, saiu com o carro da garagem sem respeito por aquele momento e tive de a deixar, ali, só, com a trela vazia.
E subi o elevador com a tristeza colada a mim.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Quando a boca da Mãe abre sem pensar no que diz



Ontem, uma mãe a falar para o filho de 9 ou 10 anos:

Ah, meu grande filho da puta, vem cá já para a minha beira.
Tu devias era magoares-te muito gravemente para veres como é.


terça-feira, 6 de setembro de 2016

É Setembro e a noite está quente


3 da manhã. Acordo. Não estou bem, não sei precisar o que sinto mas ainda nem tentei perceber.
Aborrece acordar assim, cedo na noite, inquieta-me pensar quanto tempo ficarei acordada. 
Na mesa pequena a meu lado tenho uma banana, como-a, a casca cheia de pintas castanhas como gosto, está madura e doce,  sabe bem sentir o estômago aconchegado, mesmo que não seja o mais indicado em termos de saúde, preparo-me para ler e ligo o rádio.
Do outro lado ouço: Lisboa a esta hora com 27ºC.
Não preciso de mais nada para entender porque acordei. Ligo a ventoinha e leio umas páginas e pouco depois estou a dormir.