quinta-feira, 31 de março de 2011

Aconteceu...adeus às refeições em família? (continuação)

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Certas famílias "evitam" o tempo de estar juntas. . Uma refeição em conjunto e sem televisão pode ser um tempo de conhecimento e trocas.
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O conhecimento, no sentido das trocas de ideias e de experiências gera necessariamente sentimentos, emoções. Boas ou incómodas. . A relação com os outros, pode também ser um momento de grandes conflitos..

Comecemos pelo exemplo que dei no post anterior, ver televisão à hora da refição. Na mesma família haverá quem o deseja mas também quem desejaria outra coisa. São normalmente os homens que querem ver o telejornal e o futebol. As mulheres queixam-se que eles não falam, ficam presos ao écran. Os filhos acusam o pai de ser sempre ele a escolher o canal..
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E, durante algum tempo, este pode ser um motivo de mal estar, seguido até de discussão e zangas. E atrás destas, nunca resolvidas ou mal, outras virão, e a refeição poderá deixar de ser um momento de convívio agradável para passar um ambiente de guerra, gritos e choros..

Junte-se as mágoas que isto pode provocar e que, por nunca serem suficientemente faladas e digeridas, vão minando a relação da família.
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Outro motivo frequente de discórdia prende-se com a quantidade de comida que um filho deve comer, como se não fosse o estômago de cada um a dever decidir. Neste caso muitas vezes ambos os pais ficam de acordo, e a criança é o motivo de união da família à mesa, mas traduzida em discussão..
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Será também por isso, e por estes múltiplos desentendimentos que traduzem outros mais escondidos, dos quais nem sempre se quer tomar consciência, que há famílias a comer em tabuleiros e em espaços separados...e calados?

quarta-feira, 30 de março de 2011

Aconteceu...Foto - Ainda sem flor

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terça-feira, 29 de março de 2011

Poema - Alberto de Lacerda

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As palavras.........

...............interferem.....

.............................com a realidade

Sobretudo....

............. com a realidade.....

Do amor amor..

segunda-feira, 28 de março de 2011

Aconteceu...adeus às refeições em família?

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Quando eu era miúda, há umas largas décadas, lembro-me de algumas histórias que as empregadas lá de casa contavam da vida delas. Filhas de gente humilde, ou mesmo pobre da província, algumas dormiam na sua própria cama e sozinhas pela primeira vez quando vinham servir..

A Maria contava-me que eram 6 irmãs e dormiam todas na mesma cama, umas com os pés para a cabeceira e as outras ao contrário. A comida era pouca, ou pouco diversificada, coisas que o campo dava, pão e mais uma galinha que de vez em quando matavam. A sopa vinha na panela que pousavam em cima da mesa, à volta da qual todos se sentavam..

Os tempos mudaram. Estamos outra vez com situações económicas muito complicadas para certas famílias. Mas muitas habituaram-se a objectos, leia-se bens materiais, e fazem deles uma gestão muito mal feita..

Dizia-me um pai que o filho de 8 anos nunca come com os pais. A razão era que o programa de televisão que se vê na cozinha, onde os pais fazem as refeições não agrada ao rapaz. Esta situação tem alguns anos de instalação e vai ser difícil de alterar. O pai, encolhendo os ombros, justifica-se que ele nunca teve televisão em pequeno, e agora que pode dar ao filho esse prazer... . A mesa e o convívio deixaram de fazer parte das rotinas e hábitos. . Esta situação, mais frequente do que se pensa, é grave.

Pais e filhos criam caminhos divergentes. Se nada for feito para os aproximar, um dia serão quase desconhecidos, com todos os riscos que isso implica, quer para os jovens, quer para os pais quando forem idosos.

sábado, 26 de março de 2011

Poema - Sophia de Mello Breyner Andressen

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A HERA
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A meticulosa beleza do real
Onda após onda pétala a pétala
E através do pano branco do toldo
A sombra aérea da hera
Tecedora incessante de grinaldas.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Aconteceu...Há rotinas boas

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Fala-se muito negativamente contra as rotinas, mas todos nós vamos criando algumas. Se a nossa vida não for completamente espartilhada por elas, podem ser úteis. Podem ser uma tentativa de defesa contra alguma desorganização ou algum vazio, quando os marcos da vida são poucos. Veja-se a abertura deste blog, diário, criado numa fase de "prisão" da minha vida. Os marcos que dão sentido ao tempo da vida, antes, depois, manhã, tarde, noite...
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A minha maior rotina é trabalhar diariamente, coisa que, apesar das dificuldades existentes nos serviços, com que todos se debatem, ainda me dá prazer. Para já é uma boa rotina.
Alguém me dizia um destes dias, comentando os intervenientes de um programa da manhã na rádio, que tenta ser alegre e livre até ao disparate, que eles trabalham mas divertindo-se.
No desenvolvimento infantil, há uma altura em que o prazer do trabalho substitui o prazer do jogo, não o excluindo, portanto pode-se fazer trabalho sério (sem muitos risos) e tirar prazer.
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Nos últimos tempos arranjei maneira de, sentada no carro à porta do serviço, só sair depois de ouvir a crónica do Fernando Alves, na TSF. São tão interessantes, de uma enorme cultura, mas também de poesia, pela forma como ele as escreve, as metáforas que emprega, os jogos de palavras. Alguém ouviu a de ontem? De uma enorme inteligência, pôs-nos a seguir os passos do 1º Ministro, sem nunca o nomear, para já no fim nos fazer crer que estava a falar de Harry Houdini, o grande ilusionista que ontem faria anos. Ilusionismos!
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Esta rotina matinal, é uma que adoptei sempre que me é possível e que recomendo.