segunda-feira, 7 de março de 2011

Aconteceu...Há afogados que não descobrem bóias que estão perto, só olham para longe.

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Francisca parou, demorou uns largos segundos a reagir, e depois sorriu-nos.
Estava lenta, faltavam-lhe as palavras no discurso, tanto o tempo de silêncio. Depois foi acordando e horas mais tarde falava como sempre a conhecemos.
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Estar sozinha custa mas foi a sua opção. Quase por obrigação. Ficar com quem?
Tem muita gente próxima, mas são todos distantes uns dos outros. Cada um na sua, uns zangados, outros oportunistas seguem o lema do aproveita o que pode e segue.
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Sobra a Maria que está mais presente e é a que se preocupa mais. Mas juntas fazem faísca.
O que faz com que ela não conte com essa, vê-a até só com um olho, quero dizer, só vê as partes negativas. E porque é um bocado instável, di-lo a quem aparece. Cria um péssimo clima.
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Há um que nunca telefona nem aparece. Esse é o óptimo!
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Quem dizia "Plus je connais les hommes, plus j'aime les chiens"?

sábado, 5 de março de 2011

Poema - Nica Magno

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E agora que o ventou levou
O que eu sentia,
Vivo sempre na monotonia.
Acordar, fingir que penso,
Não sentir mais.
Só o vazio.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Aconteceu... o que os outros vêem em nós e nos convencem do que somos. Às vezes impedem-nos o futuro.

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Não há ninguém que não tenha álgum aspecto positivo.
Mesmo a pessoa com maiores dificuldades têm qualquer coisa boa em si. Pode ser bonita, sem doenças físicas, simpática, divertidas, prestáveis, gostar de cozinhar, sei lá! Mas na escola não funciona, não aprende e é mau estudante.
Pronto, para muitos pais todo o resto positivo se apaga e só sobra o aluno.
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Muitas famílias só valorizam as capacidades académicas dos filhos. As conversas são sobre a escola, da maneira mais restrita.
Aos filhos perguntam "o que comeste ao almoço? portaste-te bem? tens trabalhos?". Esta conversa para alguns é diária e única. O que faz com que conversar com os pais seja uma chatice.
Mas mais grave, muito grave mesmo, é que muitos pais não conhecem verdadeiramente os filhos, nas suas qualidades, capacidades e qualidades. Desde que na escola não progrida, todo o resto fica apagado e desvalorizado.
Ou seja não os conhecem de forma mais profunda, só os conhecem através do seu desejo posto no filho.
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Isto é trágico. É exigido a certas crianças e jovens o que eles não podem dar. E só é valorizado o que não conseguem dar. Todas as qualidades são desvalorizadas.
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Muitas vezes isto resulta de atitude de negação dos pais. Já lhes foi dito, explicado, exames, relatórios, mas é demasiado duro para que eles possam ouvir.
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São famílias muito infelizes. Os filhos podem não conseguir reconhecer e valorizar as outras qualidades que no também têm. Tudo o que lhes reconhecem não presta. Resultado, são todos muito infelizes e têm vidas de insatisfação.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Aconteceu...Foto - Chaminés

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..................................Foto - Magda

quarta-feira, 2 de março de 2011

Poema - Sophia de Mello Breyner Andresen

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O BRANCO
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Foi pelo pranto que te reconheci
Foi pelo branco da praia que te reconheci

terça-feira, 1 de março de 2011

Aconteceu...Beber é bom. Um apreciador não se embriaga. Mas é preciso ensinar os jovens a beber com lúcidez.

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Há cerca de 30 anos, durante o meu Serviço Médico à Periferia, na zona da Beira Alta - Alto Douro, tive de me confrontar com o consumo de vinho desde tenra idade, e que se mantinha pela vida fora, uma vez que um garrafão de 5 litros fazia parte da jorna.

.Com as "bonecas", chuchas feitas com açúcar enrolado em pano e posteriormente molhado em vinho tinto, as mães acalmavam os bebés e preparavam-lhes o sono. De uma maneira geral este "consumo" parava quando a criança largava a chucha, mas não raras vezes com a entrada para a escola e porque o frio apertava, um copinho de água com vinho e açúcar ajudava à viagem.
.Claro que havia adultos com alcoolismo crónico, às vezes mais visível nas análises ao fígado do que nos comportamentos. O organismo ia-se habituando a altas doses de vinho e na falta de dele apareciam os comportamentos patológicos daí decorrentes.
Não apanhei nunca, nem nas urgências, crianças ou jovens embriagados e/ou em como alcoólico.
Convivia-se com o vinho como uma coisa natural, diria até cultural. Mas maligno, de qualquer modo, com um consumo por pessoa maior que o de hoje.
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No colóquio "Os Jovens, o Álcool e Segurança Rodoviária", focaram que o uso e consumo do álcool mudou de padrão.
Jovens, procuram no uso do álcool associado por vezes a outros estimulantes, a alteração de consciência, a embriaguez rápida.
Fazem-no nas saídas de fim-de-semana com os amigos aos bares. E com a falta de lucidez resultante, correm graves riscos.
Constataram também que alguns iniciam o consumo antes de sair de casa, e chamaram a atenção para o papel das famílias, nem sempre atentas, contentoras e organizadoras.
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Pois, já aqui escrevi várias vezes sobre a comunicação intrafamiliar. Com uma boa comunicação, os pais estão capazes de falar com os filhos e eles com os pais, ambas as partes se conhecerem e poderem os pais, mais facilmente exercer as várias funções que lhes compete, educar, transmitir valores, proteger, orientar, criar limites, saber dizer não, coisa que hoje muitos pais não estão a conseguir realizar.
Os filhos ficam mais sós e portanto mais vulneráveis.