terça-feira, 7 de setembro de 2010

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Poema - Miguel Torga

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MAR SONORO

Rumor das ondas, música salgada,
Eterna sinfonia
Da energia
Inquieta:
Que búzio te ressoa a nostalgia
Além do meu ouvido de poeta?

domingo, 5 de setembro de 2010

Aconteceu...que começou a feira, estamos em Setembro!

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É muito fácil gostar-se de certas coisas quando elas não nos ficam mesmo à porta de casa. Sem trânsito acrescido, ruas com sentido cortado, arrumadores para os poucos lugares que sobram, barulho, cheiros...
Quando estamos mais longe do local, tudo parece pitoresco, as compras baratas, o movimento das pessoas interessante, etc.
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Morei durante trinta e tal anos à beira do jardim que serve de poiso a uma feira anual, com duração de um mês. Em plena capital do país!
Não queiram saber! Enquanto os filhos eram pequenos, esse mês era todinho passado em férias, bem longe. Mesmo assim ainda havia feirantes que prolongavam a estadia sob o olhar desautorizado da autoridade camarária.
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Arrumar o carro era uma aventura, uma lotaria e quando se conseguia perto, motivo de regozijo.
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Frente à minha casa havia uma rua sem saída que só servia para estacionamento. As caravanas dos feirantes durante este período ocupavam-na quase por inteiro, aquilo era uma espécie de parque de campismo selvagem, na cidade. Era só vê-los de manhã em pijama a ir tomar o pequeno almoço ao café que ficava por baixo de mim, ainda cabelos desarrumados, cheiro a cobertor.
Ou a mesa de pic-nic ocupando um lugar para carro e eles ali ao almoço, panelas no fogão. Más condições para nós, residentes, e para eles feirantes.
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Um dia venho de trabalhar, já ao fim da tarde e vejo um espaçozinho para o meu carro, junto a uma roulotte. Toca a preparar-me para arrumar. Já quase o carro arrumado, só para acertar meto a marcha atrás, e de repente, dou-me conta de uma pessoa sentada numa sanita bem perto da traseira do meu carro. Pensei que estava a ter uma alucinação. Ou seria para alguns "apanhados"?
Mas era mesmo assim. Aflita dos intestinos, alguém tinha saído da carripana e tinha-se ido pôr a fazer as necessidades entre a "casa" deles e o meu carro, numa portatil! Consegui arrumar, bem juntinho às pernas da pessoa que continuava sentada a fazer as suas necessidades e fui para casa.
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Hoje, anos passados, tenho de me rir deste episódio!

sábado, 4 de setembro de 2010

Aconteceu...foto - À espera de "melhores" dias

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......................................Foto - Magda

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Poema - Filipa Leal

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O TEU JARDIM

O jardim não sabia ser jardim
sem a mulher que com ele falava
sozinha.

Sozinha a mulher,
sozinho o jardim quando a mulher
não chega da sua solidão.
Sozinha a rapariga que olha o jardim,
que procura a mulher,
que não fala sozinha.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Aconteceu...que às vezes não olhamos à nossa roda

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Nem sempre podemos estar atentos ao que se passa à nossa roda. Por vezes estamos tão centrados em nós que não nos damos conta dos outros.
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Aqui há uns anos, mais precisamente em 2004, um colega meu estava a preparar-se para o exame final. Fechou-se dentro de casa e ali esteve a escrever e a estudar durante o curto período que para isso dispôs. Quando voltou ao serviço, e aqui faço abro um parêntesis só para dizer que, no nosso trabalho e por via das conversas com as crianças precisamos de conhecer o mundo que lhes interessa e fecho parêntesis, todas as crianças que ele atendeu nesse dia lhe falaram em morte e futebol. Se bem se recordam, morreu em campo durante um jogo que estava a ser transmitido pela televisão, Miki Feher. Como é óbvio, muitas crianças ficaram impressionadas. O médico, saído da redoma em que tinha estado, é que não sabia.
Lembro-me dele bater à minha porta para ver se eu percebia o que se estava a passar com tanta criança a falar em morte no mesmo dia. Ainda nos rimos os dois deste período de isolamento completo que ele tinha vivido.
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Vem isto a propósito dos movimentos de revolta com tumultos que estão a acontecer em Moçambique.
Ouvi na rádio duas entrevistas, a primeira a um senhor que vive lá há 55 anos e que disse estar completamente admirado, não esperava nada, não percebia a razão.
O segundo, o escritor Mia Couto, disse quase exactamente o contrário. Que era previsível, que se sentia um mal estar com o aumento de preços e o agravamento da situação de vida de muitos moçambicanos.
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Uns numa redoma, outros a céu aberto?
Ou parafraseando Pirandello, "À chacun sa vérité"!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Aconteceu... A noite a descer sobre a praia

...........................................Foto - Magda