domingo, 28 de fevereiro de 2010

Poema - Luiza Neto Jorge

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Não podendo falar para toda a terra
direi um segredo a um só ouvido.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

aconteceu estar a ler - 4




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A ideia dos familiares publicarem num só tomo o 2666, quando li que Roberto Bolãno teria programado a publicação em 5 volumes, um capítulo por livro, tem alguma vantagem comercial.

Parei de o ler no fim do 4º capítulo. Trata-se de 322 páginas que enumeram múltiplos crimes - as mulheres que aparecem mortas - e que serão o fio que une as várias partes do livro.
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Com algum humor, chegamos ao fim sem que nunca se descubra nada.
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É preso um homem que nem será assassino, mas que consegue viver na prisão como se no exterior estivesse, chegando a dar uma conferência de imprensa.
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Policias, investigadores privados, jornalistas de investigação, o resultado da pesquisa das mortes das mulheres é sempre nulo, embora nos encaminhe para o narcotráfico, mostrando que este mundo consegue viver quase impune.
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Mas é um capítulo longo demais.
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Senti necessidade de parar e ler outro livro, acabando por ler três.
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Voltei agora a pegar no 2666, (esta palavra pegar saiu-me ao escrever e fez-me sorrir, porque mais de 1000 páginas são um peso e uma dificuldade para segurar). Comecei o capítulo 5 e fiquei presa, uma escrita fantasiosa que me arrisco a dizer bem sul americana.
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Se os livros tivessem sido publicados soltos, tomo a tomo, receio que não fosse comprar este último.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Poema - Alexandre O ´Neill

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A ESTOUVACA.

deitada atravessada
na estrada
a malhada
vai ser atropelada
foi

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

aconteceu...a propósito do Ballon Rouge

Há muitos, muitos anos, recebi como prenda um livro grande de capa dura, chamado "Le Ballon Rouge". Um pouco mais tarde tive oportunidade de ver o filme no cinema. Livro e filme de Albert de Lamorisse, anos 50.

Tal como noutras histórias, como nos contos de fadas hoje tão abandonados, as ansiedades infantis eram abordadas e permitiam à criança, mediada pela história, lidar com elas, elaborá-las arranjando soluções.

Nesta, trata-se de uma criança, que vemos andar sòzinha, encontrar um balão com características humanas com o qual estabelece uma relação, que vai sofrer invejas e violência dos colegas, hoje chamar-se-ia bulling, perder o objecto de relação e partir só, agarrado aos balões solidários que o vieram consolar após a perda do seu amigo balão vermelho. Vai só? E para onde? E depois?

Devo-a ter lido vezes sem fim, na tentativa de tornar suportável uma certa inquietação que a história me criava.

Hoje descobri estes excertos do filme na net e não resisti a postá-lo. Faz parte da minha infância.

Filme Le Ballon Rouge - Albert de Lamorisse