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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Aconteceu...no século passado, ir buscar água na cantarinha

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Era uma das poucas casas lá da aldeia com água em casa, não da companhia, que ainda não estava instalada, mas com um poço.
No pátio, espaço para onde a casa em L dava, lá estava ele, que não era bem poço, mas uma cisterna grande e larga para baixo, que nunca soube se tinha sido escavada na rocha ou se era mais uma gigantesca pia como as que há por aquelas bandas.
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Cisterna porque recolhia a água das chuvas através de uma canalização montada nos telhados. No início das chuvas essas canalizações eram desviadas e as primeiras águas limpavam os canos. Só as seguintes já eram recolhidas.
Sei que era na Praça da Figueira ou ali perto que se compravam uns peixinhos que faziam da cisterna o seu mar e das impurezas da água o seu alimento.
Tinha uma tampa de folha (ferro?), e um balde com corrente que se mergulhava e puxava. Estava lá um engenho, desactivado, dos que se dava à manivela e a água escorria.
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Logo de manhã cedo, as empregadas, que na altura se chamavam criadas, iam encher as várias bilhas, que ficavam na cozinha e na casa de banho, onde quer por cima do lavatório e da banheira redonda de folha, um depósito de água era cheio. E havia uma torneirinha que abrindo, deixava escorrer a água como se canalizada fosse.
E porque a cisterna era grande e a casa só temporariamente era usada, a água era distribuida a quem a não tinha e ali a queria ir buscar durante a nossa ausência.
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Apesar deste "luxo" na casa da minha avó, o que eu gostava mesmo era de ir, descalça, com uma rodilha na cabeça onde apoiava um cantarinho, com as outras miúdas buscar água lá longe.

sábado, 13 de março de 2010

Aconteceu...ainda a propósito da escola


Estas semanas foram "ricas" em acontecimentos que puseram a escola nas primeiras notícias, com o alegado suicídio de um aluno de 12 anos e o suicídio de um professor na casa dos 50 anos.

Muitas coisas se dizem, muitas se escrevem, muitas se silenciam.
Nos casos de suicídio, a propaganda do facto não é bem vinda e pode ser muito contraproducente. É conhecido o fenómeno do "contágio".

No entanto o silêncio do Conselho Executivo da escola de Mirandela parece demasiado. Um breve comunicado teria sido bem vindo. O contacto com a família teria sido obrigatório, seria o mínimo da solidariedade e empatia com ela.
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É grave o que se anda a dizer e a escrever, que o professor da escola de Fitares se suicidou por causa dos alunos. A causalidade linear há muito foi posta em causa. Há a considerar sempre características pessoais internas e factores externos. As dificuldades em gerir no momento a sua profissão, poderá ter sido um factor precipitante, uma vez que seria do conhecimento da escola as dificuldades que o professor teria com os seus alunos. Li que ele fez várias participações a quem de direito na escola e que nada foi feito. Veremos isto como uma ausência de solidariedade de classe?
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Quando alguém está em sofrimento, não será mandatório estudar o assunto e tomar medidas rapidamente? Fazer com que a pessoa sinta que já não está só?
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O suicídio resulta do sentimento de impossibilidade de descobrir uma saída. No entanto há sempre alguma. E quando não a descortinamos a sós, precisamos de a procurar em conjunto com alguém. Frequentemente o suicidário está deprimido, o que faz com que pense tudo de forma negativa.
Só a morte não tem retorno. Por isso tem de ser evitada com uma intervenção solidária, activa a vários níveis, que parece que não terá existido de forma suficiente em nenhum dos casos.
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