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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Aconteceu...que os ténicos eram bons mas o jardim era um matagal

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Há uns anos trabalhei num serviço que na altura era modelo. Edifício novo, equipa entusiasmada e cheia de iniciativas, íamos para o trabalho como quem ia para o seu clube.
Penso mesmo que fazer do serviço "o seu clube" é uma das artes de transformar o trabalho em prazer.
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Mas tínhamos alguns "senãos", claro.
Um deles era o jardim que envolvia o edifício, mais conhecido pelo "matagal", onde cresciam ervas ao desbarato, que no verão se tornavam um óptimo palco para possíveis incêndios e morada de muitos animais rastejantes e roedores.
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Um dia na consulta, uma criança grita olhando para a parede que ficava à minha frente e atrás da avó que a acompanhava. Apontou e gritou "Olha um lagarto". A avó, que se tinha ido queixar do comportamento da neta, aproveitou o grito que nos interrompeu para dizer " Vê, sra. Dra., mentiras são todos os dias e não respeita ninguém." Mas o bicho estava lá, gordo e comprido, mesmo à minha vista.
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Noutra altura, na caixa das reclamações, apareceu um envelope escrito e com brinde. Com letra muito pouco elaborada, alguém tinha escrito que os médicos e os técnicos todos eram bons e eram bem atendidos, mas a criança tinha muito medo de lá ir por causa dos bichos, e a provar acompanhava a missiva um rato morto e ressequido.
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Com a presença de utentes nas reuniões dos conselhos de administração dos hospitais, proposta recente, será que estes aspectos quase ignorados passam a ser valorizados?