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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Aconteceu...um grito de indignação, mais um!

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Reunião de serviço num hospital público. A equipa reúne-se, discute os novos pedidos de consulta que foram feitos para crianças. As famílias já foram acolhidas por um técnico que nos expõe a situação. Pretende-se com isso perspectivar a melhor intervenção na próxima vinda ao serviço.
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A técnica do serviço social expõe a situação socio económica das famílias, impressiona a quantidade de família em que pelo menos um dos elementos que se encontra desocupado. Em muitas, pai e mãe no desemprego, a receber subsídio de desemprego, rendimento social de inserção, dependentes de apoio familiar e vivem no fio da navalha. Este é o quadro frequente com que nos deparamos nos utentes que nos procuram. O desemprego dos pais, o baixo nível socio-económico familiar são factores de risco (acrescido) para as crianças.
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À nossa frente temos as agendas para poder ir fazendo as marcações dos casos que nos vão sendo distribuídos. Agendas que o hospital nos fornece no início de cada ano. Aparentemente agendas vulgares, com os calendários do ano anterior, do actual e do próximo ano, com cada dia a ocupar uma página, enfim como qualquer agenda.
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E de repente ouve-se um berro de alguém que diz "Espanha!". Faz-se um silêncio. Todos se olham, tentam perceber. E de repente fica claro, é que uma agenda colocada de costas sobre a secretária, mostrava a marca de origem, fabricada em Espanha. Confirmo, o dia de 6 de Janeiro, hoje, vem marcado no calendário como feriado.
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Tanto desemprego e o Estado compra produto espanhol!! Não haverá agendas fabricadas em Portugal? Será que os papel timbrados, envelopes e outras coisas que qualquer serviço estatal usa, também ablam espanhol? Não se poderia dar trabalho a uma tipografia portuguesa?
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Comentários para quê?
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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Aconteceu...que hoje esteve um dia muito bom para estar de folga

Um psiquiatra americano fez uma investigação interessante, na segunda metade do século XX. Formulou como hipótese a provar que certas doenças mentais, nomeadamente a psicose, eram potêncialmente "contagiosas".
Numa casa residência de doentes mentais portadores de psicose, vários técnicos foram viver para lá, isolados do exterior durante um certo tempo.
Com regularidade iam fazendo relatórios-relatos da vida da casa. Os primeiros eram cheios de observações de comportamentos bizarros e descrições compatíveis com o esperado. Mas, e isso é o curioso, conforme o tempo ia passando, as observações relatadas eram cada vez com menos observações de coisas estranhas e quase tudo era vivido como uma terna "normalidade".
De certa maneira a hipótese foi provada. No fundo já se "sabia", que a psicose não só é invasora do próprio, como invade quem com ela convive sem outros modelos. Não que se fique com a doença, mas com uma adaptação a outras formas de funcionamento em deterimento do mais habitual.
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Talvez por isso dizia-se e se calhar ainda há quem pense que os psiquiatras são todos um bocado passados. O ditado aligeira e diz que de médico e de louco todos temos um pouco.
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Não trabalhando só com psicóticos, longe disse felizmente para todos, nos serviços pedopsiquiatria trabalhamos todo o dia com pessoas que nos procuram com os problemas dos seus filhos, de crianças sem pais , as suas dificuldades, angústias, seus comportamentos desajustados.
Ouvimos, falamos, relacionamos para procurar entender, ajudar o outro a perceber as suas dificuldades e a intervir conforme as necessidades e as possibilidades.
Certos dias trazemos na cabeça, ou no coração, as frases, o sofrimento que é vivido junto de nós. Acrescido de nem sempre temos os recursos necessários e necessitamos de, caso a caso, "inventar" soluções.
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Hoje tive um dia de descanso, que me soube muito bem. Foi o recarregar a bateria para amanhã continuar.