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sábado, 21 de janeiro de 2012

Aconteceu...que ainda há quem queira ser perfeito, ou o taxista neurótico

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Mal entrei no táxi e disse numa voz quase sem som onde queria ir, ele comentou o meu estado lamentando-me. É que ele precisava de falar, mas comigo assim...
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Pedi-lhe que me levasse a uma rua antiga, num bairro popular de Lisboa. Ele conhecia-a de nome mas não tinha a certeza qual era. Eu não sabia mesmo, excepto que ficava entre a Graça e as traseiras do Castelo de S. Jorge. Estávamos relativamente perto.
Lá me explicou que apesar dos seus vinte oito anos de profissão nesta cidade, há muitas ruas para as quais tem dúvidas sobre a sua localização e que gostava de ter certezas.
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Quase afónica, eu não estava muito faladora. Lá emiti uns sons pouco satisfatórios de compreensão, não lhe dizendo no entanto que aprecio mais quem tem dúvidas do que quem não as tem e afirma que raramente se engana.
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Mas ele precisava mesmo de falar. Assim, teve de deitar os foguetes, fazer o barulho do rebentamento e apanhar as canas.
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Pelo caminho foi parando e perguntou a seis pessoas o caminho, sim seis, sempre com a mesma fórmula, fosse a taxistas ou a peões, novos ou velhos, ó jovem, sabe-me dizer onde é a rua de São Tomé? Dois dedos de conversa, um agradecimento, e lá repetia a pergunta uns poucos metros mais à frente.
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Sim, porque não gosto de andar a passear os clientes sem saber o caminho certo, explicava-me de cada vez.
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Para mim foi um trajecto muito curioso. Pelos bairros onde os mouros deixaram a traça, ruas e vielas estreitas, prédios finos e estreitos, becos. Algumas casas restauradas mas muitas esventradas, mal tratadas, vidros partidos. Mas muita vida, muitas lojinhas, cafés, tascas, pessoas na rua.
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À chegada rematou, sabe, é que eu não sou perfeito!

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Aconteceu...Tanto entusiasmo para nada!

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Estava cheio de curiosidade, pela primeira vez ia passar a meia-noite a pé, a passagem do ano, a entrada do ano novo. Um enorme entusiasmo, mas... é que ele não sabia o que era o ano.
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E porque ninguém tinha percebido essa lacuna e lhe tinha dado uma explicação para o assunto, ele teve de usar da imaginação. E começar a pensar...
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O ano...será uma pessoa? Mas que tem de andar muito depressa, pensou ele, quando ouviu dizer que havia países onde ele já tinha entrado.
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Mas que esquisito, entrou novo...será da minha idade? Vou finalmente ter alguém com quem brincar? e entra novo em cada país e a tantas horas diferentes, não cresce? interrogava-se.
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Podia não ser uma pessoa, podia ser um monstro, pensou assustado, lembrando-se da Sra. Maria, a porteira, que um dia tinha falado no perigo do fim do mundo, que o ano a seguir era muito pior, e umas palavras que também não sabia o que queriam dizer, tais como crise, inflação e outras coisas assim. Mas se esperassem um monstro, fariam doces especiais? Só se fosse para ele comer e acalmar...
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A tarde foi avançando, caiu a noite, em casa a família estava satisfeita frente à televisão. Afinal, mas que o que será, já que até agora, com excepção de uns doces e de umas coisas que se chamavam passas era tudo igual ao que conhecia?!
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O sono era muito, quase nem conseguia manter os olhos abertos. Sentado no sofá, foi deixando cair a cabeça e adormeceu profundamente. O pai, com cuidado foi pô-lo na cama.
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E de manhã acordou, igual ao que sempre tinha sido. Fim-do-ano? Ano Novo? O que será? Talvez para o ano descubra!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Aconteceu...2666 de R. Bolano é um minúsculo livro de bolso quando comparado com o acordão do caso Casa Pia

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Peço desculpa se alguém já leu o post de hoje. De facto comecei a escrevê-lo ontem, e não estava pronto. Por nabice minha, em vez de o deixar gravado em rascunho deixei-o publicado. Como não era assim que o queria, retirei-o e vou postar a versão final.

Só este mês a leitura da sentença do processo Casa Pia foi adiada por duas vezes. Foi alegada falta de tempo para escrever o acórdão.
" A elaboração do acórdão "pressupõe a avaliação, a valoração e a decisão quanto à prova. E a prova está reunida em 66 mil páginas e 570 apensos, alguns dos quais com mais de dez volumes. O despacho de pronúncia tem cerca de 200 páginas e as contestações cerca de 1300" afirmou o Conselho Superior da Magistratura.

Na piscina, e debaixo de um pinheiro, uma senhora debatia-se com o 2666 do Roberto Bolãno, com que há meses me aventurei, faltando-me só um restinho, que por cansaço ficará para outra altura.
O 2666, constituído por 5 grandes capítulos, foi editado num só livro, por desejo da família, após morte do escritor. Na verdade são 5 livros que podiam ter sido editados em separado, embora haja elos de ligação entre eles. Centenas de crimes de morte sobre mulheres. Nunca se acusa ninguém de culpado.

O 2666, será um pequeno livro de bolso ao pé do citado acórdão.
Não sei de quem foi o interesse em que o processo Casa Pia fosse um único e não fossem realizados vários processos. Acredito que teria sido mais célere e a leitura das sentenças mais rápida.

E qual será o fim? Como acabará a história do processo da Casa Pia?