Mostrar mensagens com a etiqueta contos de fadas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta contos de fadas. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Aconteceu...a história da Carochinha e do João Ratão

.
Como muito bem explicou Bruno Betthelheim (B.B.) no seu livro "Psicanálise de Contos de Fadas", os contos tradicionais com fadas, madrastas, abandonos, morte das pessoas significativas para as crianças são extraordinariamente importantes para elas. Abordam de forma indirecta e fora de nós, através das personagens das histórias, emoções e angustias frequentes e sempre presentes no desenvolvimento infantil. Abordam, libertam e ajudam a elaborar. "Facilitam as mudanças de identificações de acordo com os problemas com que a crianças lida" (B.B.).
.
Hoje verifico que muitas vezes as histórias são alteradas por quem as conta, nos jardins de infância por exemplo, aplainando alguns aspectos por forma a torná-las menos violentas, explicava-me uma educadora.
Discordo completamente. Muitas das histórias e filmes que hoje se fazem e passam na televisão têm aspectos de violência gratuita no sentido que não são úteis para ajudar as crianças a "pensarem" em si.
"O conto de fadas é a cartilha onde a criança aprende a ler o que se passa no seu espírito, na linguagem das imagens, a única linguagem que permite a compreensão antes de se conseguir a maturidade intelectual" (B.B.).
.
De vez em quando conto uma história tradicional ao Vicente, o meu neto de 5 anos. Ele tem uma enorme capacidade de atenção e uma muito boa memória.
Ontem foi a História da Carochinha e do João Ratão. No original a carochinha encontra uma moeda de 5 reis e eu contei que ela tinha encontrado uma nota de 5 Euros. Conhecedor da história, saltou logo perguntando o que aconteceu à moeda de 5 reis, coisa que obviamente nem do meu tempo é.
Depois, por engano saltei o primeiro pretendente a casamento ele chamou-me a atenção. Lá tive de tentar ser mais fiel. Abri o computador, procurei e fui dando uma mirada no texto enquanto procurava contar com enfâse e a mímica adaptada. Neste em particular, a entrada de vários animais permitem-nos uma teatralização ruidosa e onomatopaica. Ele fica fascinado, a beber tudo o que ouve e vê, o que dá muito prazer aos contadores.
.
É muito interessante esta necessidade que os miúdos têm de manter o texto. Às vezes para adormecerem, as crianças mais pequenas querem a mesma história, contada com as mesmas palavras, sem variação. É que isso acalma-os e vai contribuindo para a construção da segurança.