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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Aconteceu...viagem de taxi com versos

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A propósito do clima nas ilhas dos Açores, dizem, que todos os dias têm as quatro estações do ano. E talvez assim tenha sido hoje, muito inverno, algum outono, pouco verão e primavera.

A chuva, o vento hoje tornavam a descida desagradável. Aquilo que normalmente é um passeio, rua abaixo, lentamente, deixando o olhar espraiar e ir namorando o mar azul e a ilha do Pico ao fundo, seria hoje pouco apetecível.Por isso, em vez de ir a pé chamei um taxi.

Chegou. O motorista com ar envelhecido precocemente, parecia um pescador, tez queimada, com grandes sulcos verticais. Falador, meteu logo conversa. E como se soubesse que eu gostava de histórias nos taxis, começou a debitar versos.

Não vale a pena correr na vida

Porque a nossa vida é vindimada
Cada casa é uma latada
Vem a morte leva tudo
E a gente fica sem nada.

O senhor Carlos Alberto Miguel é um poeta popular. Durante a curta viagem foi versejando, já parado junto ao hotel onde estou fez várias adivinhas, construídas por ele em verso. E suponho que teria todo o tempo do mundo perante uma ouvinte curiosa como eu sou, não fosse a central de taxis chamá-lo.



segunda-feira, 9 de maio de 2011

Aconteceu...à chacun sa vérité

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No dia 6 de Maio houve greve geral em Itália, com paralisação de todos os serviços e manifestações na rua.  

Ao cair da noite e depois de uma grande espera, o grupo em que me encontrava conseguiu um táxi.

Os taxistas italianos de uma forma geral são simpatiquíssimos. Conversam, dialogam esforçando-se por ultrapassar as diferenças linguísticas.

Mas este...o taxista era um homem que fazia lembrar o Alain Delon nos seus bons tempos, lindo. Mas ao contrário dos outros era muitíssimo antipático. Não se pode ter tudo... As nossas tentativas para meter conversa eram pouco sucedidas.

De forma seca, e a propósito da greve, deu a sua opinião, são os preguiçosos que fazem greve, os que não querem trabalhar. E pouco mais disse, mantendo-se com um ar arrogante e um silêncio pesado.

Não penso que fosse só a greve que irritasse aquele homem, o seu comportamento deve inserir-se numa forma de ser. Há quem esteja mal com a vida. Pensar, dialogar, rir são coisas essenciais, mas há quem não seja capaz de o fazer.
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É difícil lidar com certas pessoas, o modelo de se relacionar repete-se nas várias relações que têm. Quem com eles se cruza é invadido pelo mal estar que eles transportam.
Todos conhecemos gente assim.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Aconteceu...em Buenos Aires, taxista e Maradona

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Eu já desconfiava que volta não volta vou pensar na bola. Ontem vi parcialmente dois jogos, um enquanto pedalava no ginásio, outro enquanto comia um bitoque aqui no restaurante de bairro a que carinhosamente chamo de cantina, tal o uso como recurso.
Agora à noite vi pois o Maradona vestido de fato e gravata a festejar a vitória da selecção argentina.


Há uns anos fiz uma viagem pela Argentina e Chile. Hoje só me vou reportar a Buenos Aires, cidade grandiosa, capital europeia com dimensão americana. Ruas larguíssimas, museus incontáveis, jardins, bairros interessantíssimos, esculturas ao ar livre, eu gostei imenso e quero voltar.

Mas uma das coisas que me impressionou foi a qualidade dos taxistas. Muitos de meia idade, educados, cultos e prestáveis.
Um deles, numa deslocação em que me guiou por vários museus de artistas argentinos, foi falando das suas viagens à Europa, muito especialmente a Espanha, Madrid e o Museu do Prado que o encantou.
A certa altura da viagem passamos junto do estádio do Boca Juniors e eu falo no Maradona que eu sabia que tinha sido daquele clube.
Acho que até abrandou a velocidade, e em voz pausada diz-me que melhor fora que nunca o tivessem tido. E explica-me que quando um país tem um personagem daquele calibre, um ídolo para a juventude, essa pessoa tem de ser uma referência, um exemplo. Ora o do Maradona, na altura todo "encharcado" na toxicodependência, era prejudicial aos jovens.
Na altura gostei de o ouvir. Era um homem que pensava e tinha crítica.
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Se na infância os nossos pais e família próxima são as figuras maiores de referência na construção da identidade, na adolescência as figuras de identificação alargam-se, abrangendo outras pessoas que nos parecem importantes para nós. Por vezes professores, médicos mas também outros jovens e alguns idolos. Por vezes breves identificações feitas pela superfície como o uso de brincos ou do penteado de Cristiano Ronaldo.
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Mais tarde vi o Maradona sempre de charuto na boca, hábito importado de Cuba onde o terão reabilitado.
Hoje vejo-o como treinador. Oxalá se aguente saudável. Há doenças que em personalidades frágeis podem ter recaídas.