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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Aconteceu...2666 de R. Bolano é um minúsculo livro de bolso quando comparado com o acordão do caso Casa Pia

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Peço desculpa se alguém já leu o post de hoje. De facto comecei a escrevê-lo ontem, e não estava pronto. Por nabice minha, em vez de o deixar gravado em rascunho deixei-o publicado. Como não era assim que o queria, retirei-o e vou postar a versão final.

Só este mês a leitura da sentença do processo Casa Pia foi adiada por duas vezes. Foi alegada falta de tempo para escrever o acórdão.
" A elaboração do acórdão "pressupõe a avaliação, a valoração e a decisão quanto à prova. E a prova está reunida em 66 mil páginas e 570 apensos, alguns dos quais com mais de dez volumes. O despacho de pronúncia tem cerca de 200 páginas e as contestações cerca de 1300" afirmou o Conselho Superior da Magistratura.

Na piscina, e debaixo de um pinheiro, uma senhora debatia-se com o 2666 do Roberto Bolãno, com que há meses me aventurei, faltando-me só um restinho, que por cansaço ficará para outra altura.
O 2666, constituído por 5 grandes capítulos, foi editado num só livro, por desejo da família, após morte do escritor. Na verdade são 5 livros que podiam ter sido editados em separado, embora haja elos de ligação entre eles. Centenas de crimes de morte sobre mulheres. Nunca se acusa ninguém de culpado.

O 2666, será um pequeno livro de bolso ao pé do citado acórdão.
Não sei de quem foi o interesse em que o processo Casa Pia fosse um único e não fossem realizados vários processos. Acredito que teria sido mais célere e a leitura das sentenças mais rápida.

E qual será o fim? Como acabará a história do processo da Casa Pia?

sábado, 27 de fevereiro de 2010

aconteceu estar a ler - 4




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A ideia dos familiares publicarem num só tomo o 2666, quando li que Roberto Bolãno teria programado a publicação em 5 volumes, um capítulo por livro, tem alguma vantagem comercial.

Parei de o ler no fim do 4º capítulo. Trata-se de 322 páginas que enumeram múltiplos crimes - as mulheres que aparecem mortas - e que serão o fio que une as várias partes do livro.
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Com algum humor, chegamos ao fim sem que nunca se descubra nada.
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É preso um homem que nem será assassino, mas que consegue viver na prisão como se no exterior estivesse, chegando a dar uma conferência de imprensa.
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Policias, investigadores privados, jornalistas de investigação, o resultado da pesquisa das mortes das mulheres é sempre nulo, embora nos encaminhe para o narcotráfico, mostrando que este mundo consegue viver quase impune.
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Mas é um capítulo longo demais.
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Senti necessidade de parar e ler outro livro, acabando por ler três.
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Voltei agora a pegar no 2666, (esta palavra pegar saiu-me ao escrever e fez-me sorrir, porque mais de 1000 páginas são um peso e uma dificuldade para segurar). Comecei o capítulo 5 e fiquei presa, uma escrita fantasiosa que me arrisco a dizer bem sul americana.
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Se os livros tivessem sido publicados soltos, tomo a tomo, receio que não fosse comprar este último.

sábado, 23 de janeiro de 2010

aconteceu estar a ler - 3




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Ainda a propósito do 2666


Sacrofobia, gerirofobia, clautofobia, agorofobia, necrofobia, hematofobia, pecatofobia, clinofobia, tricofobia, verbofobia, vestiofobia, iatrofobia, ginefobia, ombrofobia, talassofobia, antofobia, dendrofobia, optofobia, pedifobia, balistofobia, tropofobia, agirofobia, cromofobia, nictofobia, ergofobia, decidofobia, antropofobia, astrofobia, pantofobia, fobofobia.
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Durante duas páginas e picos uma psiquiatra e um polícia que têm um caso, num dos encontros têm uma conversa em que enumeram e definem estas fobias todas que estão ali transcritas. Está bem, há gostos para tudo embora às vezes seja difícil de os entender.
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Continuo a ler este "tijolo" de 1000 páginas.
Aumenta a minha curiosidade sobre o porquê do sucesso do livro. Irei perceber?

domingo, 10 de janeiro de 2010

aconteceu estar a ler - 2

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(...) "Certa vez o tal Bobby tinha saído num barco e naufragara. Como pôde, agarrou-se a um tronco que andava por ali a flutuar, um tronco milagroso, e esperou que o dia chegasse. Mas de noite a água cada vez era mais fria e Bobby começou a gelar e a perder forças. Cada vez se sentia mais fraco e embora tivesse tentado atar-se com o cinto ao tronco, por mais esforços que fizesse não conseguiu. Contado parece fácil, mas na vida real é difícil atar o nosso corpo a um tronco à deriva. Então, resignou-se, pensou nos seus seres queridos (aqui referiram um tal Jig, que podia ser o nome de um amigo, de um cão ou de uma rã amestrada) e agarrou-se com todas as suas forças ao tronco. Então viu uma luz no céu. Julgou, ingenuamente, que se tratava de um helicóptero que tinha saído para o procurar e pôs-se a gritar. No entanto, não tardou em reparar que os helicópteros fazem um som de hélice e a luz que via não fazia esse som. Passados uns segundos apercebeu-se de que era um avião. Um enorme avião de passageiros que ia cair directamente no sítio onde ele estava a flutuar agarrado ao tronco. De repente, desapareceu-lhe o cansaço todo. Viu passar o avião mesmo por cima da sua cabeça. Ia em chamas. A uns trezentos metros donde ele estava o avião espetou-se no lago. Ouviu duas ou talvez mais explosões. Sentiu o impulso de se aproximar do sítio onde tinha acontecido o desastre e assim fez, muito lentamente, porque era difícil manejar o tronco como se fosse um flutuador. O avião tinha-se partido em dois e só uma parte é que ainda flutuava. Antes de chegar, Bobby viu como se afundava lentamente nas águas novamente escuras do lago. Pouco depois chegaram os helicópteros de salvamento. Só encontraram Bobby e sentiram-se defraudados quando este lhes disse que não viajava no avião, mas que tinha naufragado no seu bote, enquanto pescava. De qualquer modo, ficou famoso durante um tempo, disse aquele que contava a história." (...)

in 2666, de Roberto Bolano, p 281, 2009 Quetzal Editores, Edição Especial
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É esta forma minuciosa, pormenorizada mas de leitura fácil, com pontas frequentes de humor, que nos agarra à leitura. O peso real do livro é que a dificulta.
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O bold é meu. Acho uma delícia a expressão do sentimento dos pilotos salvadores.
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Associei com os nossos noticiários, o escandalo vende sempre mais, salvar alguém de um naufrágio de bote é menor que de uma queda de avião. Mesmo assim, o naufrago "ficou famoso".

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

aconteceu hoje - 1

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Talvez por estar a ler o 2666, puseram-me no quarto 206. Era o número que emparelhava melhor.
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O desenho do Vicente já não está cá,.
O novo gesso todo branquinho aguarda outro momento de inspiração.

domingo, 3 de janeiro de 2010

aconteceu estar a ler - 1

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(...) "Escolhia A Metamorfose em vez de O Processo, escolhia Bartleby em vez de Moby Dick, escolhia Um Coração Simples em vez de Bouvard e Pécuchet, e um Conto de Natal, em vez de Um Conto de Duas Cidades ou de As Aventuras Extraordinárias do Sr. Pickwick. Que triste paradoxo (...).
(...) Já nem os farmacêuticos ilustrados se atrevem com as grandes obras, imperfeitas, torrenciais, as que abrem caminho no desconhecido. Escolhem exercícios perfeitos dos grandes mestres. Ou, o que é a mesma coisa, querem ver os grandes mestres em sessões de esgrima, mas com combates a sério, nos quais os grandes mestres lutam contra aquilo, esse aquilo que nos atemoriza a todos, esse aquilo que nos acobarda e verga, e há sangue, feridas mortais e fetidez." (...).
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Imagem retirada da net
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No Inimigo Público de 9 de Outubro 2009 pôde-se ler:

“Dois mil seiscentos e sessenta e quantos?”
“Intelectuais pedantes não gostam que o título seja “2666””
“A Bola garante que Jorge Jesus seja Roberto Bolano”
“Código do cartão multibanco da maioria dos portugueses é 2666”
“ TVI ainda não sabe como enfiar à má fila referências a Roberto Bolano nos “Morangos com Açúcar””
“ Figuras públicas pediram reforma antecipada para ler 2666”

A mim bastou-me ser Natal, oferecerem-me o livro e ter muito tempo livre pelo pé partido que me obriga à imobilidade.

Da leitura hei-de ir dando notícias, mas sem saber sempre para onde se vai, ora com tonalidade mais depressiva ora irónica, a leitura é agradavel e prende. O livro é que é um tijolo pesado e pouco prático. Vou na página 271.